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EXCLUSIVO! Um papo com o técnico Tiago Nunes, do time aspirante e invicto do Atlético-PR

Treinador comemora o bom momento da equipe alternativa, mas ressalta o interesse pelo título estadual que não vem há dois anos

Time aspirante do Atlético-PR, comandado pelo técnico Tiago Nunes, está invicto no Estadual (Foto: Miguel Locatelli/ Site oficial)
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Campeão da Taça Caio Júnior, equivalente ao segundo turno do Campeonato Paranaense e detentor da melhor campanha do torneio, o Atlético-PR é a sensação do Estadual. Entre os destaques do time invicto na competição, está o técnico Tiago Nunes, que comemora o sucesso do projeto, mas destaca que o título é sim uma meta. A primeira final acontece neste domingo, às 16 horas, no Couto Pereira, contra o Coritiba.

Na véspera da decisão contra o Coritiba, o treinador do time aspirante do Atlético-PR atendeu por 25 minutos, por telefone, a reportagem do LANCE! e tratou sobre diversos temas: projeto, Fernando Diniz, valores individuais do time e a grande final contra o Coxa. Confira abaixo como foi esse papo:

L!: Após a vitória sobre o Londrina, você disse que o título da Taça Caio Júnior era a coroação do trabalho. Gostaria que você analisasse um pouco toda essa trajetória, já que chegou com pouco alarde, para dirigir uma equipe das categorias de base, e agora é muito bem quisto pelos torcedores.

TIAGO NUNES:
É um momento especial, vim para o clube para trabalhar no Sub-19. Estava trabalhando no Rio Grande do Sul, no Veranópolis, que também, historicamente, revela treinadores e fizemos uma boa campanha no Campeonato Gaúcho. Após o Estadual, o Atlético-PR entrou em contato comigo para assumir o Sub-19 e iniciar o processo de reformulação, não só na categoria, mas pensando em trazer mais maturidade aos atletas mais jovens. Imediatamente tive apoio do Paulo Autuori e do William Tomaz, que não estão mais no clube (NR: o primeiro foi treinador e depois coordenador técnico e o segundo responsável pelo DIF). E, em um curto espaço de tempo, nós conseguimos resultados relevantes, levando aquela equipe à semifinal do Campeonato Brasileiro Sub-20, resultado inédito para o Atlético-PR. Após isso, houve a criação da equipe de aspirante e eu fui guindado a essa equipe e usamos muitos atletas do Sub-19 para complementar o elenco. Então é um trabalho continuado, que se iniciou no ano passado e que chega a uma etapa de colher frutos. Mas, é lógico, falo em um ano da minha parte, o clube trabalha com isso há muito mais tempo. Eu estou tendo a oportunidade de tocar esse projeto neste momento.

L!: E, especificamente, em relação a esse trabalho no Campeonato Paranaense. Como você vê a evolução da equipe, que estreou em janeiro contra o Maringá, e que agora chega à final da competição?

TIAGO NUNES: Se tratando de um campeonato em que não tem muitos jogos (vamos terminar essa participação com 16 partidas), a primeira preocupação foi trazer confiança tática ao sistema defensivo dessa equipe. Essa solidez defensiva foi o primeiro passo. E essa consistência nos levou a semifinal do primeiro turno com apenas um gol sofrido. Mas, mesmo assim, acabamos eliminados, pois não aproveitamos as chances criadas. E aí naquele momento nós, da comissão, pensamos que era o momento de darmos mais ênfase a fase ofensiva. Criarmos meios de sermos mais agressivos. Talvez abrindo mão dessa solidez defensiva, para tentar ter mais ganho. E os números representam bem isso: somos o melhor ataque, a melhor defesa, aumento significativo de gols feitos no segundo turno em relação ao primeiro... então, a principal evolução foi na fase ofensiva do primeiro para o segundo turno. Esse foi o maior ganho.

L!: No segundo turno você ganhou alguns reforços do time principal, casos do meia Matheus Anjos e do atacante Marcinho. Embora a equipe na Taça Caio Júnior não tenha terminado a fase de grupos na primeira colocação, desta vez ficou com o título. Essa equipe do segundo turno é mais próxima daquilo que você considera o ideal?

TIAGO NUNES: Creio que sim. A gente conseguiu esse complemento da fase ofensiva. O time passou a ter um futebol mais vistoso. Esteticamente, mais bonito realmente. Então, quando você consegue juntar eficiência com qualidade de jogo, você naturalmente evolui. As características das peças que entraram complementaram a equipe. Durante a campanha, os atletas vão mostrando indicadores e organização para entendermos quem são os mais prontos para serem titulares. Então a gente chega neste momento com uma formação bem definida, bem entrosada e com uma identidade de jogo muito pronta.

L!: Um dos aspectos de destaque do time é a bola parada, que definiu, por exemplo, a final do turno contra o Londrina e o primeiro clássico contra o Coritiba, em jogadas parecidas. Como são os treinamentos e como você vê essa arma do time?

TIAGO NUNES: O nosso diferencial em relação a bola parada são os batedores. E aí quando se tem atletas com essa qualidade fica mais fácil acertar as movimentações dentro da grande área. E é lógico, que se tiver um especialista no ataque a bola dentro da área, você consegue formar a bola parada ideal. No próprio jogo contra o Londrina, antes do gol, a gente acertou uma bola na trave nessa jogada com o Léo Pereira. Então é uma jogada forte nossa, sim, com diferentes manobras para a primeira e segunda trave. É muita repetição e muito treino. Mas, acima de tudo, os atletas acreditaram e se conheceram. Cada batedor tem uma peculiaridade: o tempo em que corre para a bola após o apito do árbitro e a característica da batida. Então eles se olhando conseguem se entender, já que precisamos de manobras diferentes para surpreender os adversários.

L!: Os treinadores normalmente não gostam de falar de valores individuais, mas neste time aspirante do Atlético-PR há muitos destaques, casos do lateral Renan Lodi, do volante Bruno Guimarães e do meia João Pedro, por exemplo. Você pode apontar um atleta como o que mais te agrada?

TIAGO NUNES: Todos esses nomes citados fizeram jogos importantes em que foram protagonistas. Quando a gente consegue fazer com que todos eles estejam em um bom momento a gente realiza um jogo muito bonito. Contra o Londrina mesmo foi difícil apontar qual deles se destacou mais. Então não é que eu não queira dar uma resposta, mas se eu tiver que escolher apenas um jogador em todo o campeonato eu posso ser injusto. Por exemplo, no início do campeonato nós tivemos o Santos, que foi fundamental nas rodadas iniciais. Ele defendeu pênalti contra o Paraná, na Vila, quando o jogo estava 0 a 0. Depois ele nos ajudou muito contra o Cascavel, em um jogo que vencemos por 1 a 0. E depois entrou o Caio, que tem um jogo com os pés muito qualificado. Está no primeiro ano como profissional e já tem muita maturidade. Então são vários destaques individuais.

L!: Como é a relação com o Fernando Diniz que, além de técnico do time principal, é o coordenador de futebol do Atlético-PR. Qual é a influência dele neste time aspirante? Você vê semelhanças entre as equipes (aspirante e principal)?

TIAGO NUNES: Nós tentamos nos aproximar ao máximo, mas é lógico que o time principal tem a cara do Fernando Diniz, porque tem interferência direta dele e tem feedback imediato dele. Além do que, são jogadores diferentes. Então a gente não faz comparações, porque nisso sempre alguém sai perdendo. Mas o que é importante ressaltar, é que na primeira conversa que eu tive com o Diniz, quando ele chegou ao clube, ele deu total liberdade para jogar da maneira que a gente achasse mais conveniente. E essa medida, de dar liberdade, acaba gerando naturalmente uma empatia. E acompanhando no dia a dia os trabalhos que ele desenvolve, a gente vai buscando se aproximar das ideias dele. Como conversamos bastante, nós compartilhamos muitas ideias e vamos buscando o mais rápido possível ir aproximando as ideias, alegando isso com o tempo que nós temos de preparação. Acho que a melhora no segundo turno tem muito a ver com as ideias que ele implanta no grupo principal. E a tendência é essa relação ficar mais próxima, mais estreita, porque a nossa razão do grupo aspirante é dar suporte para a equipe principal.

L!: Em relação a você, esses jogos contra o Coritiba, valendo o título do Campeonato Paranaense, é o momento mais importante da sua carreira?

TIAGO NUNES: Todo jogo que eu vou disputar eu trato como o mais importante. Mas é lógico, que esse momento, comandando o Atlético-PR e encarando o Coritiba em uma final, é o momento mais importante e relevante. Estou dirigindo uma equipe de Série A, no maior clássico do estado e valendo título. Sem dúvida é um momento ímpar e quero aproveitar ao máximo esse jogo. Espero estar mentalmente e emocionalmente preparado para ajudar a nossa equipe.

L!: Em relação aos duelos em si, como você imagina essas partidas? São times com propostas de jogo diferentes, enquanto o Atlético-PR busca propor o jogo, o Coritiba aposta em uma linha defensiva sólida e em rápidos contra-ataques...

TIAGO NUNES: Se nós pegarmos a amostragem anterior dos jogos, em teoria se desenha para isso. Mas o Coritiba está há mais de dez dias se preparando para a final. Eles podem mudar a estratégia. Por isso, a gente tem que estar preparado para todas as situações. Nos últimos jogos, a gente enfrentou times que buscaram nos marcar mais alto, buscando pressionar a saída de bola, porque sabem que a gente procura esse jogo curto. Até o momento, a gente tem tido sucesso na saída de bola, mesmo pressionado. Então, a gente está preparado para as duas maneiras, contra uma equipe que marque mais alto ou contra uma equipe que marque em um bloco mais baixo.

L!: É claro que o time quer o título, mas independente disso, já é possível dizer que o Atlético-PR já conquistou o maior objetivo neste Estadual, que é fornecer jogadores para o time principal?

TIAGO NUNES: Eu acho que uma coisa está ligada a outra. A visibilidade de você chegar a uma final, em um clássico, vai aumentar as atenções aos valores individuais. Se o clube está satisfeito com o trabalho realizado, eu acho ótimo. Mas a gente ainda não. A gente quer ser campeão.