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Luiz Gomes: Futebol do bem

Ações de alguns clubes inspiram e dão esperança para que as boas causas prevaleçam

Bahia jogou com sua camisa manchada simbolizando o óleo vazado nas praias do estado (Foto: Felipe Oliveira/Bahia)
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A partida de domingo em que o São Paulo venceu o Avaí por 1 a 0 no Morumbi foi modorrenta dentro de campo, mas teve um golaço marcado ali, bem junto das quatro linhas. Pela primeira vez no Brasil - provavelmente no mundo – portadores de necessidades especiais, cadeirantes e usuários de próteses ortopédicas, atuaram junto aos gandulas no trabalho de repor a bola em jogo, uma iniciativa do marketing são-paulino, em parceira com um patrocinador do clube, em defesa da inclusão.

No jogo desta segunda-feira, contra o Ceará, no estádio de Pituaçu, o Bahia usou a tradicional camisa tricolor azul, vermelha e branca manchada de preto, simbolizando o óleo vazado nas praias do estado e de todo o Nordeste. Foi o grito de protesto dos baianos exigindo providências para que a situação seja realmente atacada de frente e os responsáveis punidos muito além do discurso das autoridades de meio-ambiente do governo federal e do jogo de empurra-empurra com os governos estaduais.

É uma ótima notícia ver que ações desse tipo se espalham pelo planeta bola. O futebol, por tudo o que representa na história de humanidade - de provocar e acabar com guerras, de sustentar ditaduras e se engajar na luta pela liberdade - e pela influência que tem, com a paixão que desperta, nos hábitos e nos costumes de uma sociedade, pode e deve, sempre, estar acima do jogo, encampando as boas causas.

Há clubes que tradicionalmente assumem esse papel. O Bahia, no Brasil, certamente é o maior exemplo. As campanhas sociais desenvolvidas pelo clube já trataram de assuntos tão complexos quanto polêmicos como a intolerância religiosa, o machismo, a violência contra a mulher, o racismo, a homofobia, a causa indígena e a defesa dos refugiados. No Dia dos Pais, este ano, a ação do clube em favor do reconhecimento paterno levou uma centena de homens a submeter-se a testes de DNA, um recorde de acordo com os números da defensoria pública do estado, idealizadora do movimento junto com o Núcleo de Ações Afirmativas, criado pelo Bahia para promover a aproximação entre clube e torcida através de campanhas sociais.

Vale lembrar que neste momento, aqui e lá fora, não são poucas as equipes que entram em campo usando uniformes em tons de rosa, uma referência ao outubro da luta contra o câncer de mama. Certamente muitos farão o mesmo com o novembro azul quando o alvo passa a ser – o que é ainda mais relevante pelo público que o futebol atinge - a prevenção ao câncer de próstata.

Na Europa, estimulados pela Uefa, clubes e ligas nacionais se mobilizam para enfrentar a questão do racismo que tem sido crítica em alguns países e com algumas torcidas mais radicais. Na Premier League, onde os casos de discriminação racial aumentaram em 43% na última temporada, jogadores, treinadores e dirigentes estão unidos para enfrentar o problema. Essa semana, craques de vários times gravaram vídeo instigando o torcedor a denunciar manifestações racistas. Técnicos como Pep Guardiola, do Manchester City, Jurgen Klopp, do Liverpool, e Maurizio Sarri, do Chelsea, já defendem a paralisação dos jogos em caso de atitudes como essa.

É uma boa medida, mas ir além de discursos, faixas nos estádios e vídeos na TV é preciso. A CBF, reconheça-se, tem desenvolvido ações interessantes contra o preconceito racial e a homofobia. A decisão de multar os clubes cujos torcedores adotarem esse tipo de conduta é acertada. Mas, a exemplo dos brigões das arquibancadas, é indispensável a identificação dessa gente e seu definitivo banimento dos estádios – além da aplicação das medidas judiciais previstas em lei.

Diz-se que o futebol e tudo o que gira em torno dele é o reflexo da sociedade em que está inserido. O que é uma realidade. No entanto, o que emana dos gramados, das grandes arenas aos acanhados campinhos do interior pode, sim, também refletir-se na sociedade, gerando inspiração e influenciando para que as boas causas prevaleçam.