Beescats representa o Brasil no futebol no World Gay Games em Paris, na França (foto: Divulgação)
Na próxima sexta-feira, o Beescats Soccer Boys, time de Fut-7, embarca para Paris, na França, para representar o Brasil na 10ª edição do World Gay Games, que é realizado desde 1982. Será a primeira vez que o país terá uma equipe de futebol no evento que acontece entre os dias 4 e 12 de agosto.
O time brasileiro é primeiro time homossexual reconhecidamente do Rio de Janeiro. Os mesmos organizaram, em novembro de 2017, o primeiro Brasileirão da categoria voltado para homossexuais. O campeonato foi vencido pelo time dos Bharbixas. Em abril deste ano, os Bulls venceram em Porto Alegre o segundo nacional. Com dois reforços da equipe campeã, os "cats" se juntarão aos 15 mil atletas de 36 modalidades e de 70 países durante o torneio - são mais de 500 provas esportivas. A delegação brasileira contará com 58 pessoas aptas a competir e seis voluntários. Os brasileiros participarão de modalidades como vôlei, vôlei de praia, natação, esgrima, atletismo, ciclismo VTT, semi-maratona e maratonas de corrida (5 e 10 km). Os representantes estão divididos pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Não há qualificatória para a competição - a inscrição das equipes é feita de forma gratuita com a organização. A equipe brasileira de futebol foi a única que conseguiu viabilizar um patrocínio e, por isso, estará na França.
- Esse é o momento mais representativo e simbólico de nossa história. Levaremos o futebol gay do Brasil para o mundo nessa grande celebração da representatividade, que simboliza a nossa luta por igualdade dentro e fora de campo. Só temos a agradecer aos parceiros, 269 Chilli Pepper e Hornet, que nos proporcionaram a honra de defender nosso país nesse evento - afirmou André Machado, fundador da equipe e um dos líderes deste projeto de futebol inclusivo.
As duas primeiras edições do Gay Games, realizado de quatro em quatro anos e voltado para o público LGBT+, foi em São Francisco, nos Estados Unidos. As demais aconteceram em Vancouver (Canadá), Nova Iorque (EUA), Amsterdã (Holanda), Sidney (Austrália), Chicago (EUA), Colônia (Alemanha) e Cleveland (EUA). Depois de Paris em 2018, Hong Kong está programada para 2022.
Disputa
No campeonato de soçaite, serão 16 equipes. Quatro representantes americanos, três ingleses e franceses e dois irlandeses. Além do time brasileiro, único da América do Sul, há outros mexicano, argelino e tcheco.
De acordo com o regulamento, as partidas terão dois tempos de 30 minutos. Dois jogos por dia. Os brasileiros estreiam na segunda. Posteriormente, jogam nos dias 7 e 9 de agosto. A final será no dia 11 (a disputa de 3º lugar será no dia 10).
Outro lado
André Machado, atleta do Beescats, afirmou que os problemas financeiros para a locomoção até a Europa foram supridos de vários modos.
- Todo mundo está se bancando pois não conseguimos apoio. O nosso time conseguiu patrocínio (269 Chilli Peppers Single Hotel). Por conta disso, estou levando alguns jogadores com bolsa de até 50% da viagem. Outros ganharam (familiares ou amigos) passagem ou estadia. Eu uni todos os atletas para quem pudesse se bancar pagasse a viagem e quem não podia seria ajudado pelo dinheiro do patrocinador - afirmou.
Curiosidade
O goleiro do Beescats, Victor Jorge Dubugras de Amaral, começou a jogar em 2016 com outras duas amigas do trabalho no "Rio de Prêmios", uma espécie de jogo de azar ou sorte, no caso deles, no Estado do Rio Janeiro.
- Sempre batia na trave, mas justo num domingo que não estava acompanhando, o produtor do programa me ligou confirmando se eu era o Victor... De repente eu estava no ar falando como ganhador - disse, aos risos.
O prêmio sorteado foi de R$ 400 mil. O valor foi dividido com mais dois vencedores. Ou seja, cada um ficou com R$ 133 mil. Dubugras manteve a sociedade com as duas amigas, ficando então com R$ 44 mil. Parte do dinheiro será investido na viagem para a França.
- É a oportunidade de levantar a bandeira da representatividade LGBT, mostrar que o esporte é para todos e que quem entra em campo são seres humanos e não entra a orientação sexual - afirmou.
De acordo com o arqueiro do time, sem o valor recebido, ele provavelmente não estaria indo para Paris na sexta-feira.
- Não teria condições de viajar... Confesso que tenho medo de avião, viu!