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Um fenômeno do futebol paulista, um clube do interior e a espera por um telefonema

Água Santa disputa com o Mirassol a última vaga para a Série A1 do Paulista de 2016

Água Santa briga para jogar a A1 do Paulistão (Foto: Divulgação)
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Todos os dias, Paulo Sirqueira e Edson Antônio Ermenegildo esperam o telefone tocar. A ligação aguardada é da Federação Paulista de Futebol (FPF) e vai confirmar o dono da vaga para a primeira divisão do Estado em 2016.

- Estão tentando apagar nosso brilho. Nós conquistamos o lugar na elite - afirma Sirqueira, presidente do Água Santa, de Diadema.

- O regulamento é claro. Esperamos que prevaleça - rebate Ermenegildo, mandatário do Mirassol.

Dentro de campo, o lugar foi obtido pelo Água Santa, quarto colocado na Série A-2 em 2015. O Mirassol terminou em 5º, fora da zona de classificação. Mas o clube da região do ABCD, novo fenômeno do futebol paulista, não apresentou laudo comprovando que seu estádio pode receber pelo menos 10 mil pessoas, como determina o regulamento da competição.

- Antigamente, o regulamento era para 15 mil. Mudou para este ano. No antigo ou no atual, o Mirassol tem estádio para receber jogos da primeira divisão - afirma o presidente do clube do interior.

O Água Santa apresentou um plano para reformar o estádio José Batista Pereira Fernandes para comprovar que o local poderá, no dia da primeira rodada da competição em 2016, abrigar 10.170 pagantes.

- Estão dizendo que a gente deveria ter tudo pronto na hora do conselho arbitral, mas isso não é verdade. Nós temos tudo planejado, tudo aprovado. Tivemos um contratempo, mas as obras estão encaminhadas - devolve Sirqueira.

O “contratempo” foi o desabamento de parte da arquibancada em remodelação, o que atrasou as obras. Por meio de sua página no Facebook, a diretoria convocou torcedores para fazer um mutirão e retirar entulho que sobrou após o acidente.

Os dois clubes devem receber a tal ligação nas próximas horas. A assessoria de imprensa da Federação Paulista informa que a decisão será divulgada até o final desta semana. A entidade precisa divulgar a tabela da Série A-1 de 2016 até o próximo dia 30. Foi contratada a Arena, empresa de consultoria, para apresentar um relatório sobre os planos e as obras feitas no estádio do Água Santa. Este documento será decisivo. Um funcionário da FPF disse ao LANCE! que, se dependesse apenas da regra escrita, o Água Santa estaria fora. Mas a conclusão terá um componente político e também esportivo. A Federação quer dar ao time que conquistou a acesso com a bola rolando a chance de ficar com a vaga.

- Nós já temos a base do elenco montada. Falta um detalhe ou outro e vamos esperar a decisão para resolver isso - afirma o cartola do Mirassol.

O Água Santa não vê a situação com tanta calma. Foram apresentados 14 reforços nesta semana, mas Sirqueira pede uma resolução para fechar o planejamento. Ele desconversa sobre o que pretende fazer se a decisão for desfavorável, mas não descarta entrar com recursos.

- Não quero falar sobre isso. Vamos esperar um pouco. O que conquistamos em campo, está conquistado.

FENÔMENO

O Água Santa tem três acessos consecutivos em três anos como clube profissional. Como equipe varzeana da região do ABCD, ganhou todas as competições possíveis desde o início da década de 80. Profissionalizada em 2013, venceu sucessivamente a quarta, terceira e no ano passado, a segunda divisão. O que, na visão de pessoas ligadas à agremiação ouvidas pelo LANCE!, despertou a inveja dos concorrentes.

- Por isso que surgem essas fofocas, que nós temos mais dinheiro que os outros, que somos o clube do PCC (Primeiro Comando da Capital), que recebemos dinheiro do mundo do crime... Isso nos revolta - reclamou um dos dirigentes do clube, que pede para não ter o nome divulgado.

As “fofocas” incomodam.

- Tentam desmerecer as nossas conquistas com essas coisas. Não lembram que temos planejamento, que trabalhamos como se o Água Santa fosse uma empresa, que temos torcida, não temos histórico de violência e fizemos algo que nenhuma equipe jamais conseguiu no futebol paulista: chegamos à primeira divisão com apenas três anos de profissionalismo - desabafa o presidente.

Sirqueira é proprietário de empresa de ônibus da região e costuma levar caravanas de Diadema para partidas longe de Diadema. A média de público em casa é superior a cinco mil pessoas. É mais do que todos os times que disputaram a A-1 em 2015, menos Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos e Ponte Preta.

- Não passa pela minha cabeça que o Água Santa não esteja na primeira divisão. Nossa história é de vitórias. Sabe qual é o problema no futebol? Os clubes deixam a crise se instaurar muito facilmente. Aqui, não. A crise não chega ao Água Santa - finaliza Sirqueira.