Futebol Internacional

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Jovem perde 38 parentes pelo ebola e cria clube para buscar reintegração

Time já tem mais de 130 integrantes e tem o lema de acabar com o preconceito com os sobreviventes da epidemia que assolou Serra Leoa e matou cerca de 10 mil pessoas

Kelena Ebola Survivors (Foto: Reprodução)
Escrito por

A epidemia do ebola foi, enfim, encerrada de forma oficial na semana passada. Porém, a luta dos sobreviventes ainda será longa. Principalmente contra o preconceito nos países infectados. Em Kenema, sul da Serra Leoa, um jovem de 24 anos, que perdeu 38 parentes por causa da doença, resolveu utilizar o futebol para reaproximar as pessoas da cidade, e transformou a falta de esperança em motivo de orgulho.

O drama de Erison Turay começou em meados de 2014. Um dia chegou em casa e o seu pai disse que muitos estavam infectados. Até então, o jovem ainda não. Mas como não havia ambulâncias, levou todos de moto para o hospital. Acabou contagiado, tratou-se e se recuperou. Ao contrário de muitos famliares.

- Alguns morreram em junho, julho... Aos poucos fiquei sozinho, perdi a esperança - conta Turay, que sonha em ser jornalista de rádio, em entrevista ao "New York Times".

O lema do recém-criado Kenema Ebola Survivors FC é claro: facilitar a reintegração dos jovens sobreviventes na sua comunidade, promovendo a união através de um esporte muito amado no país, reduzir o medo e o estigma social. A ideia surgiu através de uma conversa com a médica francesa Nadia Wauquir, voluntária em Serra Leoa no combate ao vírus.

- Um dia ele me contou que tinha a ideia de fazer algo para ocupar o muito tempo livre que tinha agora. Perguntei o que mais gostava de fazer, e ele respondeu que era jogar futebol - explicou a médica à rede BBC.

'Se o meu pai estivesse vivo, estaria orgulhoso de mim', diz o criador do clube de Kenena

Com a vida voltando aos poucos ao normal, o clube foi enfim criado. A ideia era, além de integrar os sobreviventes do ebola de Kenema, que, traduzindo, é o nome da equipe, dar uma atividade às pessoas. Já são mais de 130 integrantes de diversas idades, entre homens e mulheres.

- Quando estamos jogando futebol podemos esquecer o passado. Eu me sinto feliz ali, como se estivesse no céu - emociona-se Turay, lembrando do preconceito que os sobreviventes sofrem:

- Quando se entra em uma loja, as pessoas falam: "olha, um sobrevivente, não o deixem entrar aqui". Isso me faz sentir com ebola novamente.

Time feminino venceu na estreia (Foto: Reprodução)


Em campo, o time feminino estreou melhor. De forma sugestiva, os jogos foram contra a equipe formada por voluntários. As mulheres venceram por 2 a 0, enquanto os homens perderam por 5 a 0. Para Turay, mero detalhe.

- É verdade que não ganhamos, mas as pessoas aceitaram jogar conosco. Não tiveram problemas em nos tocar. São os nossos irmãos - disse.

O Kenema Ebola Survivors foi inscrito na federação local. Algo fundamental para o desenvolvimento. O campo de uma escola primária é o local de treinos, que ocorrem três vezes por semana. Diversas ajudas já foram recebidas, como doações de bolas, apitos, luvas de goleiros e outros itens.

- Se o meu pai estivesse vivo, estaria orgulhoso de mim. As coisas ficaram difíceis, mas ainda não estamos mortos. Por isso, enquanto conseguir viver, tenho de ter esperança - concluiu.