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Incerteza sobre elenco e perdas financeiras: punição da Uefa é um pesadelo em que o City se colocou

Fora das duas próximas edições da Liga dos Campeões, clube de Manchester perde valor esportivo e financeiro, e pode sofrer com debandada de seus maiores símbolos

Pep Guardiola tem futuro incerto no Manchester City (Foto: LINDSEY PARNABY / AFP)
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O Manchester City vive um pesadelo fora das quatro linhas. Na última sexta-feira, a Uefa anunciou o banimento do clube inglês das próximas duas edições da Liga dos Campeões, medida que acarreta em uma série de prejuízos para os Citizens que vão da esfera esportiva à administrativa. 

A primeira luz amarela a se acender é sobre Pep Guardiola. Caso permaneça no City até o fim da punição, em 2022, o treinador, considerado o melhor de sua geração, chegará a 12 anos sem conquistar a Champions League. Assim, a pressão sobre ele pela conquista continental inédita para os Sky Blues, que já era enorme, chegou ao auge. 

Técnico e jogadores precisam assimilar o golpe fora de campo rapidamente para triunfar dentro dele. Isto porque, apesar do gancho para os próximos dois anos, a equipe inglesa está nas oitavas de final da atual edição da Liga dos Campeões, onde enfrenta o Real Madrid, maior detentor do título continental.

O primeiro jogo do mata-mata acontece na próxima quarta-feira (26), às 17h (de Brasília), no Santiago Bernabéu. Qualquer resultado que não seja o título europeu para o City ao fim da competição pode encurtar a passagem de Pep pelo lado azul de Manchester. 

FUTURO NEBULOSO
O jornal catalão 'Mundo Deportivo' prevê que a Juventus voltará à carga para contar com Guardiola. Segundo o veículo, a equipe italiana tem a 'faca e o queijo na mão' para ter o técnico de 49 anos à frente do elenco estrelado por Cristiano Ronaldo, uma vez que Maurizio Sarri, atual comandante da Velha Senhora, não é unanimidade. O 'The Sun', da Inglaterra, já aponta Mauricio Pochettino como o principal candidato a assumir o lugar do espanhol no City. 

Guardiola tem contrato até 2021 (Foto: LINDSEY PARNABY / AFP)

INCERTEZA SOBRE O ELENCO
O segundo tópico na lista de preocupações do Manchester City é a manutenção de seu elenco estrelado. Dez jogadores do grupo atual terão seus contratos encerrados até o fim da punição. Claudio Bravo e David Silva, este um dos símbolos da geração mais vencedora da história do clube, deixam os Citizens já ao fim desta temporada. Fernandinho e Agüero, dois dos líderes do City, e Leroy Sané, atualmente lesionado, mas peça importante no bicampeonato inglês nas últimas duas temporadas, também têm vínculos até a metade 2021. Em 2022, terminam os contratos dos zagueiros Stones, Otamendi e Eric García.

Além disso, o clima de dúvida paira sobre nomes como Kevin De Bruyne e Raheem Sterling. Apesar de ambos terem assinado até 2023, é alarmante para a carreira da dupla de nível mundial o período de duas temporadas sem disputar a competição de clubes mais importante do calendário. O jejum pode prejudicar desde bônus financeiro relacionado à liga europeia, até indicações a prêmios individuais.

Fernandinho é um dos líderes do City (Foto: AFP) 

"PUNIÇÃO É DOLOROSA, MAS JUSTA" 

Procurado pela reportagem do LANCE!, Amir Sommoggi, CEO da Sport Value, empresa de marketing e consultoria esportiva, alertou para a severidade da decisão da Uefa.

- O banimento da Champions é a pior punição possível, mais dolorosa. É a que mais vai impactar a vida do clube. Os jogadores estão lá para jogar na Champions, o treinador para treinar na Champions, o torcedor para ver a Champions, a globalização da marca fica prejudicada - disse o empresário, que enxerga de forma positiva o gancho pesado:

- A Uefa começa a deixar claro que ela tem conhecimento da injeção de recursos de patrocinadores "amigos" dos donos do clube. Então, muito bem feito. O clube merece essa punição.

Amir, porém, alerta que a prática de manipulação de balanço financeiro a partir de patrocínios ligados aos donos dos clubes não é exclusividade do Manchester City.

- O Fair Play financeiro tem várias questões, e uma delas é entender o fluxo de recursos para dentro do clube. O Manchester City, como o PSG, por exemplo, que também faz utiliza esse subterfúgio e não foi punido até agora. Para poder ter lucro, ou pequenos prejuízos, e assim poder seguir a regra do Fair Play financeiro, esses clubes inflam os patrocínios com patrocinadores próximos às famílias dos sheiks, donos dos clubes.

- No caso do Manchester City, a empresa em questão é a Etihad Airways. No caso do PSG, é a Qatar Tourism Autority (Autoridade de turismo do Qatar), que promove o país no exterior, um patrocinador teoricamente ridículo, pequenininho, e o PSG recebe uma fortuna.

Para especialista, PSG também pratica irregularidades (Foto: Valery HACHE / AFP)

ENTENDA A PUNIÇÃO
O City é acusado de descumprir as regras financeiras da UEFA, o chamado “fair play financeiro”. Pela regulação do futebol europeu, um time não pode gastar mais do que arrecada — há exceção se o clube apresentar um prejuízo de no máximo 30 milhões de euros em média das últimas três temporadas.

A UEFA considerou o City culpado por ter inflacionado de forma falsa os valores de seus patrocínios, no período entre 2012 e 2016, apresentados à entidade em um processo aberto depois de documentos vazados pela revista alemã "Der Spiegel", em novembro de 2018.

A decisão foi tomada pelo Organismo de Controle Financeiro (CFCB), que também impôs uma multa de € 30 milhões (R$ 140 milhões na cotação atual) ao clube inglês por cometer sérias violações e também não cooperar com a investigação. O Manchester City declarou que vai recorrer ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS).

Como não bastasse a crise a nível continental, o Manchester City também está na mira da EFL (English Football League), a Liga Inglesa. De acordo com informações do jornal britânico 'The Independent', as práticas condenadas pela Uefa também ferem as regras domésticas do futebol inglês. Caso seja indiciado e culpado também na esfera doméstica, o clube pode perder pontos da Premier League.