Fora de Campo

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Em forte depoimento, Casagrande fala de ‘ferida na alma’ e relação com os haters na internet

Ex-jogador de futebol participou de programa do GNT onde falou sobre o processo que enfrentou para ficar sóbrio 

"Meu pensamento era de morrer naquele momento", relembrou o ex-jogador, emocionado  (Foto: Reprodução/Youtube GNT)
Escrito por

Ex-jogador da Seleção Brasileira e do Corinthians, Walter Casagrande falou sobre vício em drogas, internação, luta pela sobriedade e relacionamento com os haters da internet durante o programa "Bem Juntinho", do canal 'GNT'. 

Casão relembrou de um momento de desespero em que pensou em contratar alguém para matá-lo. O ex-jogador destacou que aquela situação fez parte de sua virada de chave para a sobriedade.

-  Teve um momento ali na Vila Madalena onde eu parava para me aplicar (drogas). (O caso aconteceu em) um dia que eu estava muito drogado à noite. Eu precisava ir para casa e eu não conseguia parar de usar. E eu pensei o seguinte: vou pagar um cara para matar uma pessoa que vai ficar na outra rua. E essa pessoa era eu - iniciou Casão, surpreendendo os demais participantes da atração.

- Mas o meu pensamento era de morrer naquele momento, mas no outro dia eu queria acordar. Era uma morte meio que salvação, por que eu gosto de viver - concluiu.

+ Casagrande detona postura de Jorge Jesus: 'Caráter duvidoso'

Casagrande é comentarista esportivo da Globo (Reprodução / TV Globo)

ATAQUES NA INTERNET
Casagrande falou sobre os ataques de internautas a sua condição de dependente químico em recuperação. Segundo ele, muitas das vezes elas acontecem por causa de divergências políticas. O ex-jogador é abertamente crítico do governo de Jair Bolsonaro. Por esse motivo, Casão entende que as pessoas o atacam por entender que os termos "viciado" e "drogado" atingem a alma.

- Sobre os termos: eu sou uma pessoa, por causa do meu posicionamento político, atacado demais. Eu posto nas redes sociais e os ataques são: "viciado, drogado, financiador do tráfico". O preconceito ele não ataca fisicamente, ataca na alma. A maior dificuldade é cicatrizar a ferida na alma. Hoje em dia eu aprendia lidar com isso. As pessoas mentem, elas dizem: "drogado". Mentira, eu não uso drogas. E eu falo paras pessoas que não perdi minha loucura, mas minha droga é minha sobriedade.

"FUI SÓBRIO E VOLTEI SÓBRIO"
Casagrande relembrou a vitória conquistada na Copa de 2018: ir para a Rússia e voltar sem usar drogas, frase que repercutiu nas redes sociais durante a competição.

- Quando eu estava embarcando para a Copa, a repórter do Fantástico me perguntou: Casão, qual é o seu objetivo na Copa? Ai eu disse: Meu objetivo é chegar sóbrio, ficar sóbrio e voltar sóbrio para minha casa. Então eu me dei o troféu da Copa do Mundo, pois eu consegui. Até a Copa de 2018 eu não me achava salvo. Eu achava que corria riscos. Eu precisava de uma prova concreta - analisou.

Casão cobriu a Copa de 2018 na Rússia (Reprodução/Globo)

O comentarista esportivo falou ainda sobre o sentimento causado pela droga e os picos de prazer que se assemelham, segundo ele, a marcar um gol com estádio cheio.

- Quando eu fui internado eu comecei a fazer um tratamento pra sair, porque o único prazer que conhecia era a droga. Então eu fui para o teatro, cinema, fui caminhar no Ibirapuera. Eu tive que me habituar com o prazer mediano que a vida dá. E para quem está acostumado com prazer lá em cima, pico de prazer, o mediano é sem graça - disse.

- Eu não tinha medo de nada, eu usava qualquer tipo de droga e usava para cacete! Eu fui me conhecendo através da minha internação. Eu não sabia como eu era. Eu só sabia um jeito do Walter: muito louco. Com o passar do tempo de uso de drogas as coisas foram modificando para pior. Comecei a ser escravo da droga. O pico de prazer de um gol em uma final se iguala ao uso de drogas. Porque quando você faz o gol você explode, mas no mesmo momento abaixa pra você jogar de novo e ao mesmo tempo você quer de novo. Então isso vicia - explicou.

Casagrande fala sobre a luta contra o vício em palestras (Divulgação/ CDN Comunicação)

Para finalizar, Casagrande destacou os motivos de falar abertamente da sua dependência. Ele entende que isso pode ajudar outras pessoas a acharem seu caminho para a cura.

- Eu estava internado, ninguém sabia onde eu estava por 9 meses. Um dia, uma repórter da (revista) Época foi na clínica, ela descobriu que eu estava lá e eu dei uma entrevista para a Época. E eu pensei: não posso esconder das pessoas que são como eu que eu estou encontrando meu caminho, tenho que incentivar as pessoas a tentar encontrar o caminho delas. E eu comecei a fazer palestras. Eu falo a verdade da minha vida, eu falo direto. Eu não falo que droga é ruim para ninguém. A droga é gostosa. O perigo da droga é que ela é gostosa. Ela te entrega algo que não existe. Que é o prazer enorme sem estar acontecendo nada. Então sou muito direto.