– Formamos uma grande família apaixonada pelo mar.
É com essa frase que Martine, a caçula de 24 anos, define o porquê de a família Grael ser tão brilhante na vela mundial. Com sua classificação e a do irmão, Marco, de 26 anos, à Olimpíada do Rio de Janeiro, o clã soma 14 participações nos Jogos, além de sete medalhas.
O LANCE! conversou com os quatro principais velejadores da família, Torben, o pai dos dois acima, e Lars, tio deles. Entre explicações e números, todos eles “desaguaram” na mesma frase: amor pelo mar.
– A maneira como a família colocava isso facilitou. Sempre curtimos essa cultura náutica, desde pequenos. O clube, o passeio de barco... Todos começaram por gostar do esporte. Não enxergamos a vela como uma exigência, mas uma diversão que amamos – disse Marco.
'Torcer causa mais
sofrimento do que
competir. Vejo meus
sobrinhos e meu filho e dá angústia estar fora. Mas é gratificante ver que isso aconteceu e que passamos o amor adiante' - Lars Grael
Tudo começou com os tios de Torben e Lars, Axel e Eric Schmidt. Os dois disputaram os Jogos da Cidade do México (MEX), em 1968, e de Munique (ALE), em 1972. A tradição seguiu na família e, hoje, culmina em Martine e Marco.
– É bacana, porque é uma quarta geração de velejadores e a terceira de olímpicos. Agora, 21 anos depois da primeira medalha, Martine e Marco chegam lá. Isso é muito simbólico – comentou Lars.
E o próximo Grael não deve demorar muito a surgir. Nicholas, filho de Lars e com 18 anos, já disputa competições na classe 49er, e pode aparecer como concorrente a uma vaga em Tóquio (JAP), em 2020.
Mas a dúvida fica: quem será o próximo membro da família a subir ao ponto mais alto do pódio? Lars afirma que será a caçula. Marco e Martine dizem que o sonho já está realizado em apenas competir. E Torben? Bom, o pai prefere assistir e torcer para os dois a quem define como seus maiores orgulhos.
– É um sonho. Participei de vários jogos com meu irmão, assisti aos meus tios, e, agora, verei os meus filhos. São várias situações diferentes, mas todas elas com muita emoção – disse o pai.
Seja como for, o Brasil pode se orgulhar por ter em seu rol de campeões não apenas um, mas quatro Grael. E o mar? Ele agradece...
'O melhor conselho que eles nos deram foi o de competir pelo prazer e alegria. Isso não tem preço' - Marco Grael
FAMÍLIA OLÍMPICA
Torben Grael
Disputou as Olimpíadas de 1984, 1988, 1992, 1996, 2000 e 2004. Foi prata na primeira disputa, em Los Angeles (EUA), levou o bronze na sequência, em Seul (COR). Em Barcelona, não conseguiu medalha, mas ficou com o ouro em Atlanta (EUA). Em Sydney (AUS), em 2000, foi bronze, e repetiu o ouro em Atenas (GRE), em 2004.
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Lars Grael
Disputou quatro Jogos Olímpicos, entre 1984 e 1996, conquistando duas medalhas de bronze, em Seul e em Atlanta.
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Martine Grael
Uma das favoritas ao título, veleja ao lado de Kahena Kunze na classe 49erFX. Garantiu o título mundial em 2014 e os vices em 2013 e 2015.
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Marco Grael
Vai pela primeira vez à Olimpíada, na classe 49er, ao lado de Gabriel Borges.
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Axel e Eric Schmidt
Apesar de não carregarem o nome Grael, são tios de Torben e Lars. Foram aos Jogos da Cidade do México (MEX), 1968, e Munique (ALE), em 1972.