Nesta quinta-feira, Rodrigo Caio foi apresentado oficialmente como o primeiro - e até agora, único - reforço do Flamengo para a temporada 2019. O zagueiro, cria das categorias de base do São Paulo, chegou ao clube carioca por 5 milhões de euros (cerca de R$22,5 milhões de reais). Ele já destacou a realização de um sonho em defender o Rubro-Negro.
O novo camisa 3 da Gávea coleciona episódios marcantes na carreira, tanto positivos quanto negativos. A carreira de Rodrigo Caio inclui a titularidade na campanha do ouro olímpico inédito na Rio-2016, fair play com Jô, a polêmica do "jogador de condomínio", transações não concluídas... O LANCE! relembra alguns dos momentos da trajetória do zagueiro abaixo.
- Zagueiro de condomínio?
Um dos principais episódios envolvendo o novo camisa 3 do Flamengo foi a polêmica do "jogador de condomínio". Após derrota tricolor para o The Strongest por 1 a 0, na primeira rodada da fase de grupos da Libertadores de 2016, Rodrigo Caio foi um dos alvos de críticas do então assessor da presidência - e atual diretor administrativo do São Paulo -, Rodrigo Gaspar.
"Rodrigo Caio é jogador de condomínio. Bonzinho, mas fraco... Fraco de futebol e personalidade", disse o diretor por meio de uma rede social. Michel Bastos, Centurión e Milton Cruz (ex-coordenador técnico) também foram repreendidos no post. Meses depois, Gaspar publicou uma mensagem em que garantiu ter se desculpado pessoalmente com Rodrigo Caio.
- Fair-play com Jô
A atitude rodou o mundo do futebol e sempre é lembrada quando se fala de Rodrigo Caio. Na ida da semifinal do Paulista em 2017, o zagueiro admitiu ter sido ele a dar um pisão no goleiro Renan Ribeiro, evitando que o rival Jô recebesse um cartão amarelo equivocadamente. Caso o atacante tivesse sido advertido, ele desfalcaria o Corinthians no jogo de volta, já que estava pendurado - mas ele não só jogou, como também balançou as redes.
A postura honesta foi celebrada por muitos, mas não foi unânime - nem dentro do elenco tricolor! Maicon, companheiro de zaga de Rodrigo no episódio, chegou a dizer que achava melhor ver "a mãe do rival chorando" do que a dele. A torcida do São Paulo, que também não gostou muito do fair play, intensificou as críticas ao camisa 3.
- Volante ou zagueiro?
Um dilema recorrente no início da carreira de Rodrigo Caio era em qual posição ele se encaixaria melhor. Ainda nas categorias de base, o novo camisa 3 do Flamengo atuava mais como volante - e inclusive, jogando na posição, foi eleito o melhor jogador do tradicional Torneio de Toulon com a Seleção Brasileira sub-21, em 2014.
Sob os comandos de Muricy Ramalho, o jogador foi enfático: preferia atuar como zagueiro. Mesmo assim, colocou-se à disposição do então técnico do São Paulo. A torcida teve ressalvas principalmente pelo porte físico franzino do camisa 3, mas a boa saída de bola de Rodrigo Caio mostrou-se útil para a zaga.
- Estreia com o pé esquerdo, mas redenção diante do Corinthians
Vindo da base do São Paulo, o primeiro jogo de Rodrigo Caio entre os profissionais passou longe de um resultado positivo. Na estreia do zagueiro, à época com 17 anos de idade, o Tricolor perdeu por "só" 5 a 0 para o rival Corinthians na sexta rodada do Campeonato Brasileiro de 2011.
A volta por cima do camisa 3 sobre o rival viria três anos depois, em 2014. No Campeonato Paulista, o jogador marcou o último gol da vitória são-paulina por 3 a 2 sobre o Timão, que complicou a situação alvinegra na fase de grupos do torneio estadual. Duas rodadas depois, a equipe do Parque São Jorge seria eliminada da competição, ficando em terceiro lugar do grupo B, sem conseguir garantir o avanço às quartas.
- Titularidade na campanha do ouro olímpico no Rio-2016
Um dos marcos de que Rodrigo Caio pode se orgulhar é a campanha do ouro olímpico, conquistado nos pênaltis na final sobre a Alemanha. Nos Jogos Rio-2016, que marcaram a primeira conquista do Brasil no futebol das Olimpíadas, o zagueiro foi titular absoluto, permanecendo em campo até o fim em quase todos os duelos.
O camisa 3 da Gávea só deixou o gramado antes do apito final na partida contra Honduras, quando foi substituído por Luan Garcia aos 12 do segundo tempo. Diante de um Maracanã lotado, Rodrigo Caio - que completou 23 anos no dia da partida em questão - foi extremamente ovacionado pela torcida.
- Problemas com Diego Aguirre
Na segunda rodada do Campeonato Brasileiro de 2018, Rodrigo Caio sofreu uma lesão no ligamento do pé esquerdo e acabou ficando fora dos gramados. Se antes era titular, o camisa 3 viu Arboleda, Anderson Martins e Bruno Alves suprirem as necessidades da zaga. Todavia, o que poderia ser um retorno tranquilo foi marcado por um desentendimento com Diego Aguirre.
Arboleda estava retornando de compromissos com a seleção do Equador e foi poupado do plantel por desgaste, mas Rodrigo Caio não foi considerado na defesa mesmo assim. O treinador uruguaio optou por colocar Anderson Martins (que estava suspenso para o próximo jogo) para fazer o treinamento tático em vez da cria do Tricolor. Em entrevista ao jornalista André Henning, o camisa 3 do Flamengo garantiu que o episódio o deixou "louco da vida".
- Desabafos em entrevista e mágoas da torcida do São Paulo
Na mesma entrevista em que expôs seu descontentamento com a decisão de Aguirre em não escalá-lo, Rodrigo Caio aproveitou para fazer um desabafo e tanto. Ao programa "No Ar com André Henning", o zagueiro falou sobre suas atuações improvisado com lateral e as críticas recebidas da torcida tricolor.
"A culpa é de quem por que perdeu? Do Rodrigo, como sempre. Esse era meu pensamento quando eles começaram a me colocar de lateral. Vai dar uma coisa errada e a culpa vai ser minha", disse. A perseguição também fez com que Rodrigo Caio - em suas próprias palavras - "perdesse muito da paixão" que tinha pelo São Paulo.
- Histórico de lesões
O alto número de lesões na carreira de Rodrigo Caio pode ser um fator preocupante para a torcida do Flamengo. Em 2018, o zagueiro torceu o pé esquerdo e teve que passar por uma cirurgia para recuperar a estabilidade ligamentar, também do pé esquerdo - procedimento que acabou com suas chances de defender a Seleção na Copa do Mundo.
Um dos piores caso aconteceu em 2014, quando o camisa 3 sofreu uma lesão no joelho comum no futebol, mas grave: Rodrigo Caio rompeu o ligamento cruzado anterior e ficou de fora dos gramados por oito meses. Em 2017, um edema no ligamento colateral medial do joelho esquerdo também foi detectado, mas a lesão não gerou maiores transtornos e teve recuperação de apenas uma semana.
- Frustração na Copa do Mundo
Não foi em 2018 que Rodrigo Caio pôde disputar uma Copa do Mundo. Cotado para estar entre os 23 convocados de Tite para o Mundial da Rússia, o então zagueiro do São Paulo acabou ficando de fora da lista, preterido por Pedro Geromel, do Grêmio.
Além da lesão no início do Brasileiro, que obrigou o jogador a passar por uma cirurgia, o zagueiro teve atuação apagada sob os olhares de Tite; o técnico acompanhou à eliminação do Tricolor na Copa do Brasil, no empate por 2 a 2 com o Atlético-PR. Por fim, o novo camisa 3 do Flamengo ficou somente na lista dos 12 suplentes do comandante da Canarinho para a Copa do Mundo.
- Sai ou não sai? Transferências não concluídas e ida ao Flamengo
As movimentações do mercado da bola sempre chamam a atenção. Rodrigo Caio também já foi protagonista de transações, mas viu muitas delas não darem certo. Recentemente, conforme divulgado pelo LANCE!, o zagueiro quase foi parar no Barcelona.
O jogador de 25 anos também acumula outros "quase": Rodrigo Caio por pouco não foi parar no Zenit, Real Sociedad, Atlético de Madrid e Valencia. Por fim, nenhuma delas deu certo e o jogador permaneceu na equipe são-paulina; a transferência ao Flamengo é a primeira mudança de clube em sua carreira.