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Um objetivo desejado, quatro obtidos: como o Bangu está fazendo história

 Em entrevista exclusiva ao L!, Jorge Varela, presidente do conselho diretor do Alvirrubro, revela orçamento reduzido em relação a 2018 e tiros certeiros até o sucesso atual do time

(FOTO: JOÃO CARLOS GOMES / BANGUAC)
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Terceiro colocado na classificação geral, garantido nas semifinais da Taça Rio, do Estadual, na Copa do Brasil e no primeiro objetivo que tinha: a Série D do Campeonato Brasileiro. Esse é o Bangu, que entra em campo esta noite, contra o Vasco, com a vantagem do empate para ir à final do segundo turno do Campeonato Carioca. Mas como o Alvirrubro chegou à esta campanha, que já é histórica? O LANCE! conversou com o presidente do conselho diretor do clube, Jorge Varela, para entender.

As vacas gordas dos anos 1980, em que o Bangu teve times estrelados, ficaram para trás, e o orçamento não é destacado nem entre os outros menores. Em relação aos R$ 3 milhões a R$ 4 milhões entre os quais giram as folhas salariais de Botafogo, Fluminense e Vasco, a do Bangu, que superou dois destes três na pontuação geral, não chega a 10%. Os vencimentos do departamento de futebol não chegam a R$ 200 mil. E diminuíram em relação a 2018.

- Os tempos são outros. Naquela época (anos 1980), a facilidade de recursos era de uma forma. Hoje, os mecanismos de arrecadação são diferentes. A receita é bem menor - explica Varela.

Assim como os demais times pequenos, o Bangu sobrevive anualmente com as cotas de televisão e patrocinadores. O clube tem o departamento de futebol com um organograma próprio - Jorge Varela na presidência - separado dos demais setores, cujo presidente é Ângelo Marques. Os dirigentes estão equiparados na hierarquia.

- Estou feliz. Conseguimos atingir metas acima do esperado. Não esperávamos a semifinal da Taça Rio, do Estadual, a Série D e a Copa do Brasil. Objetivo era o Brasileiro. O time encaixou, deu liga e, devagar, conseguimos - celebra Varela.

O sucesso quádruplo do Bangu foi conquistado no último sábado, com a vitória sobre o mesmo Vasco que é rival novamente nesta quarta-feira. Mas o planejamento que sempre teve o objetivo central de recolocar o time de Moça Bonita no cenário nacional começou há mais tempo.

- O planejamento começou no fim de 2017, com o intuito de retornarmos a um campeonato nacional. Tínhamos saído cedo da Série D, em 2018 batemos na trave e seguimos com planejamento idêntico para este ano: mesma comissão técnica, discutimos como contratar, fizemos parcerias e trouxemos os jogadores que aí estão - explicou.

'O Bangu não é lugar para ganhar dinheiro. É lugar para abrir portas'





Na verdade, tais planos não consistem em nada sobrenatural, mas os tiros foram certeiros: empréstimos de jogadores junto a clubes maiores, contratação de uma média de 15 atletas (como em outros anos), aproveitamento de valores da base e continuidade de alguns que haviam disputado a Copa Rio do ano passado pela equipe.

- Costumo dizer para os jogadores que o Bangu não é lugar para ganhar dinheiro. É lugar para abrir portas para eles seguirem a vida em clubes maiores. Temos uma marca forte - valoriza o presidente.

À frente do time, e com aproveitamento de quatro vitórias nas quatro partidas até aqui, está Ado Souza, figura histórica do clube. Ado era auxiliar da comissão técnica e assumiu o posto quando Alfredo Sampaio pediu desligamento do clube (a equipe havia sido a terceira do Grupo C, na Taça Guanabara, e perdido para o Fluminense, mas vencido o Madureira, na Taça Rio).

- O Ado vem fazendo um trabalho muito legal. Ele disse que aceitava, falei para o Marcão (ex-volante, que também já estava no clube) nos ajudar e o Ado sempre fala: "somos uma dupla", "somos um grupo". Mas me surpreendi bastante com ele como treinador. O que ele aprendeu está conseguindo colocar em prática. Ele é de casa, é um patrimônio nosso. Eu não sei em qual função, mas ele fica com a gente. Eu não vou mandar ele embora - analisou, com bom humor, projetando o futuro do treinador e do Bangu.

'Assim que terminar o Estadual eu vou me reunir e começar a planejar o ano que vem'








Após o Campeonato Carioca, o Bangu jogará a Copa Rio ainda este ano. Alguns jogadores já têm sondagens para se transferirem, outros voltarão a seus respectivos clubes e a ideia é fazer o Bangu subir de divisão nacional a partir do ano que vem.

- Qualquer coisa que eu fale hoje (sobre o futuro) é prematuro, pela nossa realidade. Mas assim que terminar o Estadual eu vou me reunir e começar a planejar o ano que vem, para buscarmos recursos, montarmos um elenco forte e a nossa intenção é subir de série. Fazer também uma boa Copa do Brasil, tentar fazer frente aos grandes. Sei que é difícil, que cada ano é um ano, mas vamos discutir. Acho que estamos conseguindo manter o caminho certo. Estou muito feliz, ultrapassamos as expectativas e só temos que agradecer a todos do processo - concluiu Varela.

História:
Dos mais tradicionais clubes do Rio, o Bangu foi fundado em 1904, e tem uma história de pioneirismo. Dentre os capítulos mais importantes está ter sido o primeiro clube do estado a escalar um jogador negro: Francisco Carregal, em 1905. Entre altos e baixos na centenária história, o clube chegou à final do Campeonato Brasileiro de 1985. Com mais de 90 mil torcedores no Maracanã naquele jogo único, a equipe empatou em 1 a 1, no tempo regulamentar, com o Coritiba. O ponta-esquerda Ado - o mesmo que, hoje, é treinador da equipe - perdeu o último pênalti da equipe, que ficou com o vice-campeonato.