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O império de Reisinho na Gávea

José Ferreira dos Reis, jóquei do craque Itajara, conquista o turfe carioca como treinador

Reisinho é um dos primeiros a chegar nos matinais da Gávea: profissional atua há 16 anos como treinador (<i>foto: Sylvio Rondinelli)</i>
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José Ferreira dos Reis ficou muito conhecido no turfe por ter montado o maior craque de todos os tempos, Itajara. A sua história, porém, ele escreve com seu próprio punho: humilde, trabalhador, detalhista e com uma habilidade incrível para conquistar os amigos, Reisinho é um profissional diferenciado no turfe carioca. O jóquei J.F.Reis dos programas, que venceu mais de 1.000 provas, sendo 100 provas clássicas, há 16 anos mostra muita qualidade como treinador. Com os cronômetros nas mãos e de olho na seta da distância, Reisinho, treinador de Ivoire, Derby Winner em tempo recorde, concedeu entrevista ao Lance. Confiram!

O Reisinho jóquei
Sempre fui muito dedicado no trabalho. A profissão exige isso. E o profissional que se manter fazendo o que é certo, trabalhando, cuidando do peso, não bebendo álcool, cuidando da saúde, vai ter sucesso. É isso até os dias de hoje. Sempre falo que para o jóquei é fundamental ter inteligência. O jóquei inteligente se sobressai: o reflexo, o raciocínio rápido. Se o páreo sai com o ritmo lento, além do que imaginava, você vai correr para uma atropelada, mas já sabendo onde o cavalo tem de entrar, onde pretende chegar. Se você faz a decisão errada, perde um páreo. Além disso, a simpatia com as pessoas é fundamental para o jóquei. Todo mundo gosta de ser bem tratado e numa dessas você é lembrado e te dão uma montaria.  

Emoção de montar um cavalo de corridas
Não existe igual. Quando chegava os últimos 200 metros e tirava tudo, pensava: que delícia que é isso aqui. A velocidade final de um cavalo de corrida é extraordinária. Os próprios jóqueis amadores se empolgam, como o Beto Dias (R.M.Dias), que sempre se impressiona. E se você pensar, a velocidade de um PSI você só consegue alcançar num carro, na moto. 

Itajara e a sua projeção
O Itajara foi fundamental na minha vida. Sempre tive sorte como jóquei, peguei boas montarias, ganhei muitas provas de Grupo, e agradeço a Deus. Montar o Itajara era diferente. Antes da estreia a gente sabia que ele era diferenciado. Ele trabalhava de parelha e não dava confiança para os outros, era imponente. Eu o condicionei a um ritmo de trabalho que ele aceitou: imprimia um ritmo inicial que ninguém conseguia me alcançar e nos últimos 1.000 metros eu ‘dava o governo’ e braceava. Itajara gostava de correr assim. Era um cavalo maravilhoso. Vai ser difícil aparecer outro, mas torço para que isso aconteça. Precisamos de um ídolo, um cavalo, não um jóquei, porque o cavalo extraordinário chama a atenção. O Itajara tinha até fã clube e música.

Fim da carreira de jóquei e a passagem a treinador
Parei com pouco mais de mil vitórias, e cerca de 100 provas clássicas, sendo 40 de Grupo. Tirava muito peso e tomava remédio, diurético, e aí eu fiquei doente, com anemia. Minha esposa me pediu para parar. Um dia, meu irmão (Leonardo Reis, treinador), que me incentivava muito, pegou o formulário para dar entrada na matrícula de treinador e assinei. Parei ali de montar, mas já com a cabeça em trabalhar logo como treinador, talvez no campo. Tive a sorte de contar com bons proprietários no início. Alguns deles até hoje estão comigo. Já se passaram 16 anos e estou sempre aprendendo. Treinadores com quem trabalhei me ensinaram bastante: Wilson Lavor, Alberto Nahid, Antônio Pinto da Silva, Adail Oliveira, Eduardo Caramori, e outros. 

Tragédia na serra em 2011 e hoje
Foi um baque na minha vida, porque estava bem, ganhando corridas, e perdi tudo. Além do material, mexeu muito com o meu emocional. Naquele momento apareceu a minha pressão alta. Superei tudo com a ajuda de muita gente, alguns até anônimos. Agradeço aos amigos, proprietários e incentivadores. Brinco sempre que em outra encarnação eles foram meus irmãos. Hoje estou muito feliz na Gávea, terminei a última temporada bem, comecei esta da mesma forma. A profissão de treinador não é fácil, porque requer muita dedicação. Procuro fazer sempre o certo, sendo correto com as pessoas que trabalham comigo, meus proprietários. Fazendo direito não tem como dar errado. 

Promessas na cocheira

Tenho algumas boas promessas. Excalibur é potro bom e que vai longe. Gosto muito do Excedente, um potro de criação do Araras, que estreou em 1.000 metros e ganhou sem apanhar. Seguiu muito bem. Tem ainda um irmão inteiro do Quinhão, Salseiro, que ainda não ganhou, mas está bem e tem um grande futuro em distâncias maiores.