"E aí pessoal, como alguns de vocês sabem, eu estou em Vegas para uma temporada de um mês e meio de muito pôquer. Durante sete anos da minha carreira joguei cash games on-line, a maior parte deles na NL400 e NL600. Mas depois de um tempo migrei para os torneios, principalmente depois que passei a ensinar pôquer no QG Akkari Team.

Esse ano decidi passar esse tempo em Las Vegas para jogar uma reta longa de torneios, a maioria torneios bem baratos. É US$ 300 do Planet Hollywood para cá, US$ 235 DeepStack do Rio pra lá, Sit and Gos de uma mesa que só pagam o primeiro no Rio e alguns eventos especiais da WSOP, como o Millionaire Maker e o Monster Stack.

A escolha de fazer essa reta menor é porque sinto que preciso pegar uma certa experiência de timing, paciência, leitura das pessoas e leitura da minha imagem no jogo ao vivo que ainda não tenho, além de compreender melhor as diferenças técnicas entre o jogo ao vivo e o jogo on-line.

Essa primeira metade da reta não foi das melhores nos resultados. Tirando um ITM em um deepstack e uma acertada em um sit and go de uma mesa, não vieram grandes resultados. Mas foi excelente para o que minha reta se propunha: aprender, me conhecer melhor, enfrentar meus pontos fracos.

Caí de uma série de torneios no fim do dia 1, em flips perdidos, coolers, ou curto em dias que nada dá certo. No começo o pensamento era o óbvio, da maioria dos jogadores: "Meu Deus, como sou zicado", "Não ganho um flip", "Não vem um AA, KK, nada", "Ganho de todas as mãos menos 77 e ele tem 77"...

Mas como me ensinou muito bem meu parceiro André Akkari (Team PokerStars Pro), todo momento, por pior que seja, serve pra te fazer uma pessoa melhor, se você souber como torná-lo produtivo.

E essa foi minha principal mudança nesses últimos dias. Umas porradas como essas ajudam a testar o quanto você aguenta apanhar, quanto isso te afeta no dia a dia e ter a consciência que os grandes jogadores de poker tem entre as principais habilidades enfrentar essas adversidades me deu um novo foco nessa jornada.

A partir de agora nada no jogo vai me afetar, a não ser tomar as melhores decisões. Não importa de quantos torneios eu caia, quantos flips eu perca ou quantas trincas os caras acertarem no turn. Eu não me importo com quanto vou ganhar nas próximas semanas em Vegas, nos próximos meses online ou no BSOP São Paulo. Eu não ligo para o que vão postar no meu Facebook, Twitter ou Instagram quando escrever que fui eliminado de mais um torneio, ou quando falar que perdi fichas fazendo um blefe ou jogando uma mão de maneira diferente.

Daqui pra frente só me importam maneiras de tomar as fichas dos outros e não deixar os caras pegarem as minhas.

O conhecimento de pôquer que adquiri nesses dez anos de carreira agora tem alguns aliados importantes:

* Meus amigos no pôquer que sempre me ajudam a evoluir, e esse é um grupo que não para de crescer

* O tempo

Com tudo isso junto, tenho certeza que coisas vão acontecer. Se é semana que vem, ano que vem, ou daqui cinco anos não sei. E pra mim pouco importa...

Agora "bora" tomar as melhores decisões nas mesas de pôquer que já tomei na vida".


Leonardo Bueno

Siga o Lance! no Google News