Rio 2016

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Relojoeira ‘mais feliz do mundo’ é a primeira última colocada da Rio-2016

Andorrana Esther Alvina Barrugues é a pior classificada da prova do tiro rifle 10m feminino, mas comemora sonho realizado e mantém sorriso no rosto

(Foto: Reprodução/Instagram)
Escrito por

Da pequena Andorra para o Rio de Janeiro. A jornada, que começou há 12 anos, teve seu ápice neste sábado. Justamente no primeiro dia de competições dos Jogos. Na prova do rifle de 10m feminino, a que abriu o calendário. Mesmo que o resultado esteja longe do recorde olímpico batido ainda nas eliminatórias, Esther Alvina Barrugues saiu do stand do Centro olímpico de Deodoro com um sorriso de orelha a orelha. E isso sendo a última colocada da prova. A primeira última do Rio.

Barrugues nasceu em Barcelona. Uma de suas lembranças favoritas é a Olimpíada da cidade.Ela tinha 12 anos na época. Dois anos depois, começou a praticar o tiro. O sonho - e objetivo - era participar de uma edição dos Jogos. Há 13 anos, se mudou para Andorra para trabalhar com o ofício que mantém até hoje: é relojoeira.

Por isso, acorda 5h todos os dias para treinar. Tem uma rotina pesada, com prática de tiro, mas muitos exercícios aeróbicos. Segundo ela, seus passatempos favoritos são correr e nadar, o que faz parte do trabalho como esportiva. À tarde, se foca nos relógios.

- Ainda morava em Barcelona quando teve a Olimpíada de lá. Vi como a cidade mudou. Eu mudei com isso. Meu treinador competiu em Barcelona (Enric Claverol Martinez) e sempre me fala sobre os Jogos. Isso me deixa ainda mais orgulhosa de estar aqui hoje. O Rio é uma cidade fantástica e é uma honra estar aqui - afirmou Barrugues logo depois da competição.

Esther ficou até surpresa ao ser abordada pela reportagem do LANCE!. Ao ser questionada sobre a sensação de ser a primeira última colocada desta edição dos Jogos, ela manteve o sorriso aberto e não disfarçou a emoção ao falar:

- Fui a última? É, possivelmente, devo ter sido. Mas isso não importa. Foi uma longa jornada, dei meu melhor em cada tiro que dei. Cada segundo que tive lá me deixou orgulhosa. Lutei muito e estou orgulhosa disso e de mim.

Ano passado, em Baku, capital do Azerbaijão, Barrugues foi a porta bandeira de Andorra nos Jogos Europeus. Desfilou, como não pôde fazer na última sexta-feira no Rio. Mas ela garante que não trocaria a emoção de entrar no quieto Centro de Tiro nem para repetir o feito do ano passado, quando foi a penúltima colocada do torneio, com 396,1 pontos. Em Deodoro, marcou 396,9, mesma pontuação da brasileira Rosane Budag. As duas estiveram "disputando" a lanterna durante quase toda a prova.

E Esther tem mesmo curtido a Olimpíada. Em seu Instagram, a andorrana nunca escondeu sua empolgação. Fez contagem regressiva, pintou as unhas com motivações olímpicas, mostrou treinos e tem publicado várias fotos com bastidores da Vila Olímpica, muito elogiada por ela. E em quase todas as postagens, a "realização do sonho" está lá. Nas palavras ou hashtags.

Isso porque não foi fácil chegar até o Rio. E isso ficou claro quando ela se posicionou para atirar. Canhota, ela várias vezes sofreu para achar a melhor posição, crucial para um esporte como o tiro, em que é necessário contrrolar os batimentos cardíacos e relaxar. Mesmo garantindo que conseguiu se concentrar, Esther admitiu que as lembranças de todo o ciclo olímpico acabaram passando por sua mente.

Nos últimos dois anos e meio, Barrugues teve de lidar, além dos treinos, com outras importantes decisões. Trocou de arma e prova duas vezes, sofreu com a falta de resultados e desempenho, passou por um divórcio e, tudo isso, sem largar a profissão de relojoeira.

- Esses cinco anéis olímpicos mudam tudo. Valeu! - disse, mais uma vez, emocionada.

Depois, desejou sorte ao repórter e saiu. Sempre com o sorriso no rosto e o orgulho de ter realizado um sonho.