Rio 2016

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Mãe de finalista olímpica: como é ver a filha ganhar medalha na Rio-2016

LANCE! acompanhou semifinal do vôlei de praia feminino ao lado da Dona Zeca, mãe de Ágatha, que disputará medalha de ouro nesta quarta-feira em Copacabana

Dona Zeca abraça a filha Ágatha após a classificação para a final olímpica (Foto: Lorena Montenegro/Moana Filmes)
Escrito por

O dia já está perto de terminar no Rio de Janeiro. São quase meia-noite, e em uma das cadeiras das arquibancadas da arena de vôlei de praia em Copacabana está sentada Maria José, a Dona Zeca, para assistir a segunda semifinal feminina do dia na modalidade entre as brasileiras Ágatha e Bárbara Seixas e as americanas Walsh e Ross, em jogo encerrado nos primeiros minutos desta quarta-feira. Dona Zeca não é uma espectadora qualquer. Ela é a mãe de Ágatha. Em minutos, sua filha jogaria uma das partidas mais importantes da carreira. A vitória garantiria uma inédita medalha olímpica, pelo menos a prata. A derrota colocaria o sonho em risco.

Dona Zeca era apenas mais uma pessoa entre milhares de torcedores na quadra. A arena estava lotada e barulhenta, inclusive com muitos americanos apoiando Walsh e Ross, em número surpreendentemente alto. No entanto, um olhar mais atento para Dona Zeca indicava sua familiaridade com Ágatha. Ela vestia uma camiseta azul claro. Na frente, uma foto de Ágatha e Bárbara Seixas com o troféu de campeãs mundiais, conquistado no ano passado na Holanda. Atrás, as palavras "Paranaguá" (cidade onde Dona Zeca vive, no Paraná) e "mãe de atleta". Outras pessoas próximas também vestiam a camiseta, mas com a inscrição "amigo de atleta". O pai, Alfredo, também estava nas arquibancadas, mas em outra área. 

O LANCE! acompanhou a semifinal entre Brasil e Estados Unidos ao lado de Dona Zeca, que foi à partida a convite da empresa P&G. Minutos antes da partida começar, enquanto os italianos Nicolai e Lupo venciam uma das semifinais masculinas e avançavam para a final olímpica, a mãe de Ágatha contou como é ter uma filha atleta olímpica, e uma das mais importantes dentro do esporte brasileiro atualmente.

- Ser mãe de atleta é terrível. É uma sofrência... - brincou Dona Zeca, dando risada ao mesmo tempo.

Bem humorada e sorridente o tempo inteiro, Dona Zeca escolheu um lugar especial nas arquibancadas. Ela ficou bem perto das grades que separam o público da quadra, e próximo também do local onde os repórteres das televisões fazem as entrevistas com os atletas logo após o jogo.

- Eu sempre escolho esse lugar. A Ágatha me procura de longe, e sempre me acha. É um lugar estratégico - contou ela. O objetivo, segundo Dona Zeca, é poder abraçar a filha sempre que o jogo acaba. 

O carinho após os jogos é algo frequente durante as competições, mas se torna menor em um torneio com a magnitude de uma Olimpíada. O contato de Ágatha com a família durante os Jogos Rio-2016 tem sido pequeno. A jogadora se mantém concentrada, treinando ou competindo a maior parte do tempo. Esses pequenos encontros só acontecem após as partidas no Rio de Janeiro. Uma das exceções foi quando a irmã Pollyana levou sua filha Antonela (sobrinha de Ágatha), de 3 anos de idade, para vê-la em sua concentração no Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx), na Urca. Conversas por telefone são raríssimas.

- Quando a Ágatha joga no Brasil, vamos em quase todos. Quando é lá fora é difícil, não temos grana. É complicado. Tentamos encontrar com ela após as partidas, para abraçá-la. Ela é muito carinhosa e muito família. Respeitamos esse momento dela. Só conversamos por telefone quando ela nos procura - relatou Dona Zeca. 

Bandeira do Brasil nas mãos, e celebração no final

O árbitro colombiano Juan Carlos Caceres apita o início de jogo. Os torcedores brasileiros e americanos disputam ponto a ponto quem mais faz barulho. A cada jogada, a celebração é de um lado. Enquanto isso, Dona Zeca curte todo o momento. Com uma bandeira do Brasil que não saiu de suas mãos o tempo inteiro (com exceção de uma pequena pausa no primeiro set, em que ela deixou seu assento e deixou de ver sete pontos anotados), a mãe de Ágatha parece não estar nervosa com o fato. Não houve unhas roídas, nem gritos de desespero. Pelo contrário. A cada bola no chão que as brasileiras colocavam na quadra americana, Dona Zeca dançava com a música em clima de balada da arena do vôlei de praia em Copacabana. 

- Estou feliz, ela já é a minha campeã. Conseguiu essa vaga olímpica por merecimento. Vamos recebê-la do mesmo jeito, independentemente do resultado do jogo - disse Dona Zeca antes da semifinal começar, o que justifica sua animação na partida, que tinha tudo para deixá-la tensa. O fato de ver a filha disputar uma Olimpíada já era encarado como uma vitória.

A animação de Dona Zeca seguiu até o final da partida. A bela atuação de Ágatha e Bárbara Seixas ajudou, é verdade. As brasileiras passaram por poucos momentos de dificuldade contra as americanas Walsh e Ross, e venceram por 2 sets a 0, com parciais de 22-20 e 21-18. 

Quando Ágatha e Bárbara Seixas ficaram a um ponto da vitória, Dona Zeca e outros familiares correram para a grade que divide a arquibancada da quadra, para ficar no melhor lugar para abraçar sua filha. Já consideravam o triunfo como certo. E foi o que aconteceu. Logo em seguida, as brasileiras sacramentaram a vitória. Ágatha acabava de se tornar medalhista olímpica, ao passar para a final e assegurar pelo menos a prata. 

O delírio foi total. Gritos emocionados por todos os lados, e fãs das jogadoras se aproximando para também tentar um contato ou uma selfie na grade. A poucas cadeiras dali, Casey Jennings, marido da jogadora americana Walsh, deixava o local com amigos. Os dois grupos, tanto o de Ágatha quanto o de Walsh, viram a partida quase colados. 

Depois de Ágatha dar uma "volta olímpica" na quadra com Bárbara Seixas e celebrar efusivamente, veio o tão esperado abraço que Dona Zeca queria. Neste momento, o pai Alfredo também já tinha chegado para a comemoração. Foram beijos, abraços e gritos. Um momento de êxtase para todos. 

- Foi um abraço tão gostoso... Tudo isso é um sonho, é maravilhoso, você não tem ideia. Ter uma filha medalhista olímpica é fantástico. É uma mistura de justiça divina. Ela merecia tudo isso. Deus está sempre as iluminando. Tem que acreditar. E a força dessa torcida ajudou - falou Dona Zeca minutos depois.

Entre os abraços, algumas palavras trocadas. Dona Zeca revelou o que Ágatha lhe disse naqueles rápidos segundos.

- Ela disse "mãe, eu já conquistei a prata, mas vou conquistar o ouro" - contou. 

O ouro pode ser conquistado na madrugada desta quinta-feira, na final contra as alemãs Ludwig e Walkenhorst. Dona Zeca estará na quadra de novo, no mesmo lugar, e com uma chance única na vida. Ver a filha ser campeã olímpica.