Rio 2016

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Improvisação, projeto social e brigas de rua levaram Robson até o boxe

Baiano se recorda de dificuldades até ingressar na nobre arte e se encontrar no esporte

(Foto: Ari Ferreira/Lancepress!)
Escrito por

Quem viu Robson Conceição elevando o boxe brasileiro ao posto mais alto do esporte com o ouro olímpico na Rio-2016 talvez não faça ideia de que antes de se tornar lutador o baiano era um legítimo "brigão de rua". Nascido em Salvador, ele cresceu no bairro Boa Vista de São Caetano, Salvador (BA), e só conheceu o boxe aos 13 anos.

O primeiro ídolo de Robson foi seu tio, mas não pelos motivos corretos. O lutador tinha o parente como referência devido ao estilo "brigão" que ele desempenhava nas ruas de Boa Vista de São Caetano.  

- Tenho um tio Roberto que brigava muito no carnaval, lá no nosso bairro. Ele era famoso por brigas de rua, e eu queria seguir o exemplo dele. Eu brigava muito na rua, todo dia, procurava briga na rua e por tudo eu brigava - lembra o pugilista brasileiro.

 
Imerso na rotina de "brigador de rua", o lutador começou a se interessar por luta, mas faltava dinheiro para pagar aulas de boxe. Robson então teve a ajuda do amigo Luiz Alberto, que treinava em uma academia e depois passava os ensinamentos nos fundos de sua casa. A improvisação para as sessões de treino não foram capazes de fazer com que o baiano desistisse de seu sonho.

- Ele treinava na academia e o que ele aprendia na aula ele me ensinava na casa dele, usando sandália havaiana para simular a manopla. Para a  bandagem, eu fingia que estava com o braço machucado, passava no posto médico, pedia para imobilizar o braço e ia treinar. Graças a isso sou campeão olímpico - reflete o medalha de ouro na categoria até 60kg.

A dificuldade foi amenizada quando o lutador completou 13 anos. Um projeto social em seu bairro oferecia aulas de boxe grátis a jovens de 13 a 16 anos. Mesmo diante da resistência da avó, Dona Neuza, o baiano insistiu e abandonou de vez as brigas na rua.

- Implorei para a minha vó Ana Neuza pata entrar. De início ela não quis, achava violento, mas a partir do momento que ela me inscreveu no projeto nunca mais briguei na rua - explica. 

Com o crescimento no esporte, Robson Conceição passou a ter nas ruas o apoio dos amigos e da vizinhança.

- Boa Vista de São caetano é o bairro do meu coração. Povo guerreiro, perdendo ou ganhando era sempre festa na rua, com trio, tambor, bomba... Agradeço muito a comunidade e graças ao incentivo deles hoje ganhamos uma medalha - recordou.

Se na juventude a mudança de postura foi necessária para que Robson seguisse alcançando seus objetivos o mesmo aconteceu em sua carreira olímpica. Depois de participar de duas edições do maior evento esportivo do mundo, em Pequim-2008 e Londres-2012, onde acabou eliminado na primeira fase nas duas ocasiões, Robson entendeu que precisava se focar. E ele conseguiu fazer isso logo na chance mais difícil, quando lutou no Brasil, em casa e diante de tantas distrações. 

- Sempre tive o sonho de chegar na Olimpíada. Cheguei novo, esperançoso com tudo e ficava feliz. Participei de duas. Mas só agora foi diferente, me desliguei de redes sociais, tudo. Nem os "pins" (broches temáticos famosos em olimpíadas) recebi para trocar na Vila Olímpica e até hoje não peguei um "pin". A medalha foi o resultado do meu foco e da minha vontade - concluiu.