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Análise: força coletiva do River venceu identidade ofensiva do Boca

Repórter brasileira que vive em Buenos Aires traça panorama da decisão da Libertadores em que o conjunto acabou superando o poderio goleador

AFP
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A final correspondeu às expectativas. Teve drama, emoção, controvérsia e momentos de bom jogo com dois estilos diferentes. O Boca Juniors mais direto quando ganhou a zona intermediária o gol de Benedetto foi a prova disso. E o River Plate mais elaborado e com mudança de ritmo, como no lance do  empate, com Pratto, e no lindo gol de pé esquerdo de Quintero, já na prorrogação. A solitária finalização de Martinez fechou a conta, 3 a 1 no Bernabéu.

Se o futebol é ingrato, é ainda mais nessas horas. Na batalha estratégica, o vencedor no primeiro tempo foi o conjunto xeneize, que ganhou a maioria dos duelos individuais, soube diminuir espaços, anulou completamente os jogadores mais criativos dos Millionários e, além de ter as opções mais claras, foi para o intervalo com uma vantagem no marcador depois de uma jogada que reproduziu precisamente o que haviam planejado: recuperar a posse de bola no meio campo, encontrar o rival mal posicionado e acelerar a transição para que, no mano a mano, o homem de referência no ataque pudesse brilhar.

O trio de goleadores do Boca iniciando o jogo (Villa, Benedetto e Pavón) poderia sugerir uma estratégia claramente ofensiva por parte de Guillermo Barros Schelotto. Mas na partida mais importante de sua carreira, o treinador estava ciente de que precisava renunciar algo de seu papel de liderança para fechar espaços e evitar as rápidas transições do River. Então, o teórico 4-3-3 foi, na prática, foi um 4-5-1. A chave para isso foi o papel assumido por Villa e Pavón. Cada vez que o adversário tinha a bola, as duas extremidades recuavam mesmo atrás da própria linha de volantes. Assim, muitas vezes Benedetto permaneceu como uma referência de ataque marcando a saída dos centrais (especialmente Pinola) e Nandez e Pablo Perez pressionado no meio do campo sobre os possíveis receptores. Para evitar que o River atacasse pelas pontas, devido às subidas constantes e simultâneas de Montiel e Casco, os laterais, Villa e Pavón desciam até a linha de fundo do Boca.

Os xeneizes tentaram fazer a diferença antes e o 1 x 0 ficou aquém. Recuaram para cuidar da vantagem e não tinham mais ar, ideias ou jogadores. Seu momento havia passado quando o do River começou. A equipe de Gallardo, dirigida por Biscay, cresceu de repente. Estava inteira, como geralmente é, tecnicamente se desgastou menos que o Boca e recuperou seu maior nível para virar a partida. Na hora decisiva, o River foi mais eficaz em seus momentos de domínio. Saiu com uma linha de cinco defensores, como no duelo de ida. Gallardo preencheu o meio com uma mistura de combate (Ponzio e Enzo) e boa finalização de longa distancia (Nacho Fernández e Palacios), adicionou Pity Martínez para ganhar poder ofensivo e deixou Pratto sozinho na área.

Com o marcador adverso, o River não teve escolha senão variar sua estratégia inicial e arriscar pelo menos um pouco, é por isso que Ponzio deixou o campo para Quintero, um meio-campo claramente ofensivo. A entrada de Quintero, o salvador, deu um ar diferente ao time. O colombiano buscou a bola em cada jogada, transbordou de mudanças de ritmo e conectou o meio com os atacantes. Para terminar, deu brilho à vitória com um gol de autêntica técnica. A aposta correu bem apenas em algumas jogadas ocasionais, porque o jogo seguiu sua linha de extremo equilíbrio até o final. Mas uma dessas ações foi a mais transcendente do complemento, uma vez que essa igualdade veio daí, produto de uma notável combinação de toques do lado direito para a definição de Pratto.

O River foi campeão mostrando solidez defensiva e um coletivo de força indiscutível. Foi com a identidade desenhada por Gallardo que a equipe do Monumental jogou todos os jogos desta Libertadores. O técnico montou uma equipe com força distribuída em todos os setores e uma força psicológica indiscutível. No perfil do ex-jogador, os volantes trabalham com o avanço dos laterais para que a bola chegue ao ataque. Montiel é importante na parte ofensiva da equipe, sobretudo sem a bola, quando dá amplitude ao setor. Na falta dos pontas, tanto ele como Casco são os que devem se projetar dando suporte à frete, como aconteceu no Bernabéu.

O treinador também desempenha seu estilo por meio do toque, é obsessivo no quesito tendo como prioridade que o River monopolize o controle da bola contra qualquer rival. No primeiro tempo contra o Boca, a equipe millonária abriu mão deste quesito e permitiu um maior controle xeneize. Após a virada do jogo, quando Quintero marcou o segundo gol, a posse de bola do River era de 63%, contra 37% do Boca. O River Plate se tornaria o campeão e sua maior chave seria a identidade.