Quem vê o momento que vive a seleção do Paraguai não acredita que uma equipe do país possa estar nas quartas de final da Copa Libertadores e com chances de chegar às semifinais eliminando ninguém menos que o atual campeão brasileiro: o Fluminense. Pois é, este é o perfil que contrasta o Olimpia, rival do Tricolor na quarta-feira, no Defensores del Chaco, para o lanterna das Eliminatórias Sul-americanas para a Copa do Mundo no Brasil em 2014.
Enquanto o selecionado paraguaio vive uma fase de reformulação total, o Rei das Copas, como é conhecido, está em franca ascensão e caminhando a passos largos de fazer história no futebol da América do Sul. Afinal, se avançar pelo Fluminense e chegar à final da competição, o Olimpia terá a chance de conquistar seu quarto título continental, tendo mais que todos os clubes brasileiros, já que os maiores campeões oriundos do Brasil são o São Paulo e o Santos, com três conquistas cada.
Por outro lado, o Paraguai é o último colocado das Eliminatórias, com apenas oito pontos conquistados em 11 jogos e só um milagre coloca a equipe comandada por Gerardo Pelusso em sua quinta participação consecutiva em Copas do Mundo. De 1998 para cá, o Paraguai fez história chegando a participar de quatro copas consecutivas, fazendo frente em 1998 com a França, anfitriã e campeã daquela edição. E há apenas três anos, na Copa de 2010, na África do Sul, atingiu à fase de quartas de final, sua melhor campanha em toda história. Porém, ninguém podia imaginar que o cenário mudaria em tão pouco tempo.
O Paraguai até atingiu o feito de chegar à final da última Copa América, disputada em 2011, na Argentina. Contudo, não empolgou. A equipe não venceu nenhuma partida das seis que fez. Foram incríveis cinco empates, sendo dois contra o Brasil, e uma vexatória derrota na final para o Uruguai por 3 a 0. Nas Eliminatórias, coleciona derrotas para Venezuela, Argentina, Colômbia e Bolívia, além de ter sido goleado no último jogo pelo Equador por 4 a 1.
O Olimpia, por sua vez, tem sido o grande destaque do futebol paraguaio. A última grande campanha na Copa Libertadores aconteceu em 2002, quando a equipe surpreendemente chegou à final e venceu o São Caetano, nos pênaltis. No Mundial, acabou sendo derrotado pelo Real Madrid. Mesmo assim, a terceira conquista continental credenciou o clube a ser um dos gigantes da América do Sul, mesmo sendo de um país que não tem tanta tradição no futebol, apesar do fanatismo de sua torcida.
E não é só a seleção local que vive maus momentos. O clubes paraguaios também estão com pouca representatividade no futebol sul-americano. Na Libertadores deste ano, o grande rival do Olimpia, o Cerro Porteño, fez uma campanha pífia. Foram cinco derrotas e um empate em seis jogos, sendo goleado por 5 a 1 para o modesto Real Garcilaso, surpresa desta edição, no Peru. Além disso, o Libertad, que vinha chegando forte nos últimos anos, perdeu a classificação de forma vergonhosa. Após ser ser líder do Grupo 2, que tinha o Palmeiras, o clube do ex-presidente da Conmebol, Nicolás Leóz, foi derrotado pelo próprio Alviverde e ainda tomou de 5 a 3, em Assunção, para o Tigre (ARG), sendo eliminado e decepcionando.
No Campeonato Paraguaio, o Olimpia não tem tido bom desempenho. Focado na Copa Libertadores após ter a terceira melhor campanha de toda a fase de grupos, com 14 pontos conquistados em uma chave que tinha Newell's Old Boys (ARG), Universidad de Chile (CHI) e Deportivo Lara (VEN), e o melhor ataque do torneio - com 16 gols marcados ao lado do Atlético-MG -, a equipe comandada por Ever Almeida é apenas a sétima colocada com 19 pontos em 15 jogos e vem de uma derrota para o líder Nacional, em casa, por 3 a 2. Porém, não tem utilizado sua força máxima. O Nacional, inclusive, soma 43 pontos e está disparado na ponta. Na próxima rodada, o Olimpia deve utilizar força máxima já que tem o clássico contra o Cerro, no domingo.
O Olimpia mostrou sua força nesta Libertadores na última quarta-feira, em São Januário, ao empatar sem gols com o Fluminense. De favoritos, como alguns jogadores se declararam, o Rei das Copas talvez não tenha nada contra o atual campeão brasileiro. Mas se o Tricolor não abrir o olho, pode cair diante da equipe paraguaia que mais se destaca no futebol sul-americano. Até mais do que sua própria seleção nacional.
PARAGUAIOS: UMA PEDRA NO CAMINHO BRASILEIRO
Quando o assunto é o futebol paraguaio, os brasileiros podem ter até um pouco de calafrios. O próprio Olimpia, em Copa Libertadores, consagrou-se por ser carrasco dos clubes do Brasil. Em sua primeira conquista continental, a equipe encarou o Guarani, atual campeão brasileiro, no triangular final e eliminou o Bugre, vencendo por 2 a 1 em Assunção e empatando em Campinas. Já na sua segunda conquista, em 1990, caiu no grupo com Vasco, Grêmio e Cerro Porteño. Não deu chance aos rivais e acabou na liderança, tendo vencido ambos os brasileiros em casa, empatado com o Tricolor gaúcho em Porto Alegre e perdido para o Cruz-maltino no Rio de de Janeiro. Os cariocas até avançaram para a fase final, mas os gaúchos seguraram a lanterninha do grupo.
Em 2002, foi quando o Olimpia mostrou que era realmente o carrasco do brasileiros. Primeiro, ainda na fase de grupos, complicou a vida do Flamengo. No Paraguai, vitória por 2 a 0 e, no Rio de Janeiro, empate sem gols. Pior para o Rubro-Negro, que viu o Olimpia ser o líder do grupo e ficou com a lanterna. Na fase final, que veio o ápice do Rei das Copas. O Olimpia surpreendeu e eliminou o forte time do Grêmio nas semifinais chegando à final contra a surpresa do Brasil: o São Caetano. Na grande decisão, perdeu em Assunção por 1 a 0, mas deu o troco vencedo por 2 a 1 em São Paulo e faturando seu terceiro título continental, em pleno Pacaembu, nos pênaltis.
Depois a fama de carrasco continuou. No ano passado, foi o lanterna do Grupo 2, mas quis complicar o Flamengo outra vez. Primeiro, estava perdendo por 3 a 0 no Engenhão e buscou o empate. Em seguida, venceu por 3 a 2 em Assunção. Custou caro ao Rubro-Negro que acabou não avançando à fase de oitavas de final.
E não é só de Olimpia que vive o problema dos brasileiros. Recentemente, o Libertad eliminou o Fluminense da Copa Libertadores de 2011, após perder por 3 a 1 no Rio de Janeiro e vencer por 3 a 0, no Nicolás Leóz. O mesmo Libertad não deu chances para o São Paulo na Copa Sul-americana do mesmo ano: derrota por 1 a 0 no Morumbi e vitória por 2 a 0 em Assunção.
Para completar, mesmo em baixa, a seleção paraguaia sempre é algoz da Seleção Brasileira. Na última Copa América, mesmo sem vencer nenhum jogo, empatou com o Brasil por 2 a 2 na fase de grupos e o eliminou nas quartas de final, após um 0 a 0 no tempo normal e vitória nos pênaltis. Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, 2 a 0 no Paraguai e show de Salvador Cabañas.
A escrita não é favorável. Mas o Fluminense tem a chance de mudar este panorama. É só querer e se esforçar. Não é impossível.