Brasileiros explicam decisão de não voltar à Ucrânia: ‘Temos medo’

Pesquisa aponta que Neymar foi mais popular no Twitter durante o Mundial 2014 do que todos os outros atletas brasileiros juntos (Foto: Reprodução/ Almawave)
Pesquisa aponta que Neymar foi mais popular no Twitter durante o Mundial 2014 do que todos os outros atletas brasileiros juntos (Foto: Reprodução/ Almawave)

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Alguns dos jogadores estrangeiros com medo de retornar ao futebol ucranianos devido à instabilidade política no país fizeram um comunicado em conjunto explicando suas razões. Os brasileiros Dentinho, Alex Teixeira e Douglas Costa fizeram questão de elogiar o Shakhtar Donetsk, clube onde os três jogam, mas reiteraram o medo que têm de expor suas famílias a um possível cenário de guerra.

Assinado pelos três, mas falado por Dentinho, ex-Corinthians, o comunicado também rejeita as notícias de que eles teriam se recusado a voltar à Ucrânia sob recomendação de procuradores. Eles esclarecem também que não querem arriscar nenhuma vida de seus familiares e admitem que as notícias de fora os assustaram.

Leia o comunicado na íntegra:

"Em primeiro lugar, gostaríamos de esclarecer, com base nas notícias divulgadas na data de hoje (21 de julho), que em nenhum momento a nossa decisão em não nos apresentarmos, partiu de terceiros, procuradores, ou qualquer outra pessoa. Nossa decisão foi tomada em comum acordo exclusivamente com nossos familiares antes da nossa reunião em grupo com os brasileiros do time. Queremos esclarecer que não temos nenhum problema com o clube. Sempre nos apresentamos em outras temporadas, dentro das datas, respeitando rigorosamente o que havia sido combinado com os dirigentes. Porém, desta vez, em virtude dos conflitos no País, estamos com medo e não queremos colocar em risco a vida dos nossos familiares e as nossas também.

É uma decisão individual. Como chefe de família penso em minha esposa e filhos e por dinheiro nenhum do mundo vou arriscar a vida deles. Só quero que o clube entenda que pretendo trabalhar, pretendo jogar, mas não posso permitir que as pessoas que tanto amo corram qualquer risco. Espero que a decisão do clube vá na direção da melhor solução. Temos lido que as Embaixadas dos Estados Unidos, Inglaterra, Suíça e também a do Brasil têm recomendado que as pessoas não viagem para a região. A pergunta que eu faço é: Você mandaria seu filho neste momento para lá?"

ESPECIALISTA FALA

O advogado Eduardo Carlezzo, membro da Academia LANCE! e especialista em direito desportivo, acha que a situação dos jogadores que pensam em se desligar dos clubes ucranianos complicada. Para ele, a Fifa deve julgar caso a caso por se tratar de uma situação especial, não prevista nos regulamentos da entidade. Carlezzo também recomenda muita cautela a clubes que pensam em contratar esses atletas.

"Qualquer jogador pode rescindir unilateralmente um contrato quando tiver uma justa causa. Em regra geral o conceito de justa causa tem origem nas relações de trabalho, em casos como o atraso salarial, abandono de emprego ou comportamento inadequado. No caso do Shakhtar, ao que parece, não haveria uma destas situações clássicas.

Trata-se de um assunto extremamente delicado e para o qual os regulamentos da Fifa não possuem uma resposta objetiva, de forma que a análise será feita caso a caso. Uma guerra civil é algo que foge ao controle e responsabilidade tanto dos atletas quanto do clube. Se houver real risco a vida dos atletas, eles podem abandonar o clube. A vida está acima de qualquer contrato.

Há que se ter cautela em relação a possíveis transações. Por um lado, é possível que a Fifa autorize a desvinculação do Shakhtar e a possibilidade de serem registrados por clubes brasileiros. Porém,  por outro, a justa causa será analisada e decidida caso a caso e nestas circunstâncias há o risco de clubes e atletas pagarem altas indenizações pela rescisão contratual. Cabe lembrar que o Shakhtar investiu forte na contratação deste atletas, paga salários altos e em dia. Tudo isto será levado em conta pela Fifa."


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