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Amir Somoggi analisa a gestão esportiva brasileira: ‘Nossos clubes não precisam de donos’

Japão x Iraque (Foto: Toshifumi Kitamura/AFP)
imagem cameraJapão x Iraque (Foto: Toshifumi Kitamura/AFP)
Dia 28/10/2015
04:50

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Quando o assunto é gestão esportiva, o Brasil pode se considerar estacionado nos anos 70. Quem acredita nisso é Amir Somoggi, um dos maiores especialistas em estudos de administração e auditoria esportiva do país. Para ele, conceitos de gestão aplicados no futebol europeu deveriam ser mais analisados pelos clubes brasileiros, o que não quer dizer que o modelo adotado lá deva ser imitado aqui.

A Europa vive um momento conturbado em termos de gestão, com alguns clubes nas mãos de xeques árabes ou magnatas russos. Apesar disso, boa parte dos clubes luta para valorizar a marca, contratando executivos que precisam mostrar resultados, o que ainda falta para o Brasil.

Os europeus têm diferentes modelos de gestão. Dos 20 clubes com maior faturamento em 2010/2011 apenas dois adotam o modelo associativo, que predomina no Brasil. Deveríamos mudar nosso modelo de gestão?
Real Madrid e Barcelona, que têm o modelo associativo, não são administrados como agremiações de bairro. Têm um trabalho de gestão por trás, um plano de negócios e entendem que o futebol é globalizado. Não acho que precisemos de um clube com dono para vê-lo gerido estrategicamente, mas se os dirigentes forem responsabilizados por seus atos a gestão tende a ser melhor.

Mas muitos apontam o sucesso financeiro de Real Madrid e Barcelona à forma como é feita a negociação dos direitos de TV na Espanha.
Há outros motivos. O Barça tem um terço do faturamento vindo do estádio e um terço vindo do marketing, que não se limita ao mercado espanhol, é muito forte nos mercados emergentes.

Na Alemanha vemos uma mistura de empresas na administração dos clubes e o modelo parece estar dando certo...
A Bundesliga não tem tanto apelo comercial, mas é a segunda em faturamento da Europa. Os clubes vão muito bem. Seja com ações na Bolsa, com o modelo clube-empresa ou com um mix de empresas com participação acionária e influência na administração.

Já na Inglaterra vemos muitos clubes com ações em Bolsa ou nas mãos de magnatas suspeitos de lavagem de dinheiro...
O Relatório Taylor (feito para combater o hooliganismo dos anos 80) foi muito elogiado pelos ingleses. Depois, o governo preparou mudança na lei para forçar os clubes a se profissionalizarem, virando empresas. Mas uma falha é que possibilitou a entrada de capital sem perguntar de onde era proveniente.

Algum clube está dando exemplo de gestão no Brasil?
No Sul, há algumas ações interessantes. O Internacional recebe de royalties mais do que o Flamengo, o que mostra como o clube carioca é mal administrado.

Como melhorar a administração no Brasil?
Aqui, ainda tem muita política nos clubes, diversas vice-presidências, quando poderíamos adotar a estrutura mais enxuta, como a europeia.


DÍVIDA/RECEITAS DOS CLUBES

2004 - 0,72%

2005 - 0,58%

2006 - 0,61%

2007 - 0,51%

2008 - 0,53%

2009 - 0,55%

2010 - 0,54%

(Fonte: Amir Somoggi)

OBS.: Situação de endividamentos dos clubes que disputam a Bundesliga (de 2004 para 2010). Quanto mais perto de 1,0%, maior o endividamento. Portanto, a situação vem melhorando de 2004 (quando era de 0,72%) para 2010 (quando caiu: 0,54%). A parcela da dívida em relação à receita vem diminuindo.

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