Ketlen: ‘Aquele menina de Rio Fortuna hoje está na história do Santos’

Maior artilheira das Sereias da Vila, a atacante Ketlen fez um depoimento sobre a importância do clube, que completa 110 anos nesta quinta, para a sua carreira

Ketlen
Ketlen é a maior artilheira da história das Sereias da Vila (Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo)

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Toda vez que eu passo em frente ao CT Rei Pelé e vejo meu rosto no muro, passa um filme na minha cabeça. Aquela menininha da cidade Rio Fortuna, interior de Santa Catarina, hoje está na história do Santos.

O futebol veio de sangue. Minha família sempre gostou e jogou futebol, tanto meus pais como meus irmãos. Sempre foi muito tradicional na minha cidade, principalmente o feminino. Então, desde criança eu jogava e gostava. Com 8 anos eu entrei em uma escolinha, fui convidada pelo professor, e comecei disputar campeonatos pela escola.

Quando cheguei aos meus 14 anos, eu descobri que teria uma peneira no Santos. Eu sempre quis estar em um grande clube. Eu fiz a peneira e passei de primeira. E foi quando começou engrenar minha vida profissional e a realização de um sonho, que era jogar futebol.

O filme, na verdade, é bem longo. Eu vim sozinha para Santos. Não consegui trazer todos para cá. Logo que cheguei, minha mãe me acompanhou na peneira e principalmente no primeiro ano. Eu tive um acompanhamento familiar, sempre me ajudaram nessa parte. Só que foi muito difícil para mim. Eu vim de uma cidadezinha muito pequeninha. Foi a primeira vez que eu saí e vim uma cidade grande como Santos. Foi bem difícil o começo, principalmente pela saudade de casa, ainda mais porque estava na adolescência, e estar com meus amigos e família sempre foi minha alegria. Então, foi um processo bem difícil.

Passou pela minha cabeça várias vezes desistir e voltar para casa. Eu sempre falava para minha mãe que iria voltar. Todos os dias ela me falava para aguentar mais uma semana, mais um mês, e o tempo foi passando. Passaram dois meses, três meses, um ano e aí eu consegui me adaptar.

Eu morava na casa do meu treinador, Kleiton Lima. Morava com ele e a família dele. Eles me ajudaram muito na adaptação ao clube e à cidade. Tudo era novo para mim. Eles acabaram se tornando uma família. Eu agradeço muito a eles.

A oportunidade que o Santos me deu mudou completamente minha vida. Eu era uma menina que só tinha sonhos. Queria jogar em um time grande, sonhava em jogar pela Seleção. E quando virou a chave da minha vida e pude estar no Santos, tudo mudou totalmente. Mudou minha rotina e fui percebendo que o meu sonho de me tornar jogadora de futebol profissional estava sendo realizado.

Nos dias de hoje, como sempre fiz, tenho aproveitado ao máximo cada momento. Converso com as pessoas, com torcedores... É muito importante, porque tenho vivido isso ao extremo. Vejo tudo vivi lá atrás e chegar aqui sendo a maior artilheira é uma alegria.

Acho que realmente conquistei muita coisa aqui, até mais do que imaginava. Mas, hoje, colocar o futebol feminino para muitas meninas que querem realizar esse mesmo sonho, talvez seja meu próximo passo. Quero sim ser uma referência nisso, como pessoa e atleta.

O Santos sempre abriu portas para meninas da base e ajuda muito no processo de subir ao profissional. Muitas meninas passaram por isso e estão com a gente hoje. O Santos também abre portas para ex-atletas trabalharem no clube. Esse é o meu objetivo: quando pendurar as chuteiras, estar no clube, ajudar as meninas e colocar o futebol feminina lá em cima.Nos dias de hoje, como sempre fiz, tenho aproveitado ao máximo cada momento. Converso com as pessoas, com torcedores... É muito importante, porque tenho vivido isso ao extremo. Vejo tudo vivi lá atrás e chegar aqui sendo a maior artilheira é uma alegria.

É sempre um processo. Eu já recebi muito menos do que recebo agora. Hoje, recebo um salário que dá para pensar no meu futuro. Claro que a gente quer trabalhar cada vez mais para ajudar nossa família, então, com certeza torcemos para o futebol feminino cresça cada vez mais, seja reconhecido no cenário e possa financeiramente ajudar bastante. O Santos tem uma parceria com a Faculdade Santa Cecília e é, inclusive, um dos únicos clubes que dão faculdade. Foi assim que eu consegui minha formação em Educação Física.

Hoje, eu não sou nada sem o Santos. Todos os lugares que eu vou me conhecem como a Ketlen, jogadora do Santos. Eu pretendo me aposentar aqui. Foi onde começou o meu sonho e é onde eu pretendo concluir.

Ketlen Wiggers, em depoimento ao LANCE!/DIÁRIO DO PEIXE.

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