Utah Jazz vai se desfazer do elenco, mas não será o único

Eliminado na primeira rodada dos playoffs, time de Salt Lake City dificilmente vai manter a mesma base

Utah Jazz desfazer elenco Fonte: ADAM PANTOZZI/AFP

O Utah Jazz caiu na primeira rodada dos playoffs e vai se desfazer do elenco, de acordo com os últimos rumores. No entanto, a equipe de Salt Lake City não será a única a fazer grandes mudanças para a temporada 2022-23.

O desgaste entre Donovan Mitchell e Rudy Gobert parece ser o ponto de partida, mas seus salários não são fáceis de serem negociados. Já o técnico Quin Snyder, cobiçado por outros times, dificilmente fica em uma transição.

 

Terceira eliminação na primeira rodada em quatro anos

Essencialmente, o Utah Jazz só vai se desfazer do atual elenco porque não está competindo, de fato, nos playoffs. Para se ter uma ideia, nos últimos quatro anos, o time caiu na primeira rodada em três. Do que adianta ir aos playoffs se a equipe não consegue dar o próximo passo, afinal?

Foi mais ou menos o que aconteceu com o Orlando Magic, na conferência Leste. O Magic foi aos playoffs nas temporadas 2018-19 e 2019-20, mas não passou daquilo e caiu na primeira rodada em ambas. Não resolveu nada para Orlando, que teve cinco partidas a mais em cada um dos anos. Não havia evolução, ideia de trabalho a médio ou longo prazo. Quando Jonathan Isaac se machucou, a diretoria finalmente encontrou uma desculpa para remodelar o elenco. Nikola Vucevic e Aaron Gordon foram trocados e o time ganhou escolhas de draft, uma delas, o ala Franz Wagner.

Ou seja, se o Magic fez e já olha para a frente nas próximas campanhas, acumulando talento e peças para negociações, o mesmo pode e deve acontecer com o Jazz.

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As reconstruções de elenco são feitas, em geral, para ter relevância na liga nos próximos anos. Às vezes, a ideia vai por água abaixo porque o time resolve vencer a partir dali mesmo, como ocorreu com o Toronto Raptors. Quando Masai Ujiri assumiu a equipe canadense, em 2013, ele queria reformular aquele grupo. No entanto, o Raptors engrenou.

Assim como o Magic, caiu na primeira rodada em dois anos seguidos. Diferente do que aconteceu com Orlando, ali tinha lastro (mais jogadores talentosos) e Ujiri resolveu apostar. Deu certo e Toronto foi para uma final de conferência e duas semifinais. Por fim, ele realizou uma troca, que foi crucial para o título em 2018-19, recebendo Kawhi Leonard por DeMar DeRozan.

Será que deu certo?

Jazz não é um destino preferido de agentes livres

Algumas franquias na NBA sofrem com o “desprezo” de astros quando são agentes livres. O Utah Jazz é uma delas. Não que seja ruim jogar em Salt Lake City, para uma torcida apaixonada, mas é um lugar frio (mais do que boa parte do país) e não tem muitos atrativos na região. O Memphis Grizzlies, por exemplo, é um time que não consegue atrair jogadores assim. São os chamados mercados pequenos.

Portanto, para que o Jazz consiga grandes nomes, é preciso trocar ou selecionar no draft. Não tem outro jeito.

Pare e pense. Qual foi a última grande contratação do time por agência livre?

Nem vou demorar a responder para você não ficar perdendo muito tempo: Carlos Boozer, em 2004-05. E Boozer nem era um astro ainda. Ele havia feito duas temporadas pelo Cleveland Cavaliers, sendo a segunda com médias de 15 pontos e 11 rebotes.

Bojan Bogdanovic chegou em 2019-20. Ótimo arremessador, um cara que sabe pontuar, mas ele foi somente o quarto jogador mais importante do elenco, atrás de Donovan Mitchell, Rudy Gobert e Mike Conley. Você pode até argumentar sobre Conley, mas não passa daí.

Então, é isso.

Quem sai?

Aí vai depender muito de como a diretoria quer se moldar para os próximos anos. A partir de um momento em que o principal astro, o ala-armador Donovan Mitchell deixa seu futuro em aberto, ninguém parece estar garantido para a próxima temporada. Mitchell, de 25 anos, terminou a sua quinta temporada pelo Utah Jazz e acabou a sua primeira campanha de seu novo contrato, que vai até 2024-25 e, depois, tem opção em seu acordo para o ano seguinte.

E, pelo valor e o que ele entrega, existe um bom custo-benefício. Mitchell receberá US$30.3 milhões em 2022-23, fazendo dele o 36° mais bem pago da liga. Então, não é difícil qualquer tipo de negociação por ele. De acordo com o jornalista Ric Boucher, do site Fox Sports, o New York Knicks é o mais interessado. Claro, o Knicks, que clama por um astro há tempos. Natural que seja assim, mas Mitchell faz sentido em Nova York: é um cestinha, uma estrela, faz seus companheiros melhores (exceto quando é com Rudy Gobert) e é carismático. Tudo o que o Knicks precisa.

No entanto, entre os que menos terão dificuldade em serem trocados estão Mike Conley e Bojan Bogdanovic. Enquanto Bogdanovic vai entrar em um ano de expirante (US$19.5 milhões), Conley, de 34 anos, tem acordo até 2023-24. Jordan Clarkson é outro que pode sair.

Mas e Rudy Gobert?

O problema mora aqui. O francês Rudy Gobert é um defensor espetacular, mas a diretoria do Utah Jazz pagou demais por sua extensão. Gobert vai receber US$37 milhões na próxima campanha e seu contrato vai até 2025-26, quando receberá quase US$46 milhões. Quando seu acordo acabar, ele terá 34 anos, o que não é um problema. Mas por tal valor, o atleta já vai “comer” 30% de todo o teto salarial da equipe já na próxima temporada. Especula-se que ficaria na casa dos 35% em seu último ano.

Não, não estou criticando Gobert, que tem um impacto enorme de um dos lados da quadra, enquanto é decente do outro. Mas como é que o Jazz vai trocar um contrato desses?

Aprendemos com o tempo que não existe nada impossível na NBA quando se fala de trocas, mas o caso de Gobert é realmente bem difícil.

É óbvio que vários times gostariam de contar com um jogador assim. O próprio Dallas Mavericks, que eliminou o Jazz nos playoffs, teria interesse. Toronto Raptors e Golden State Warriors já manifestaram o mesmo.

Quin Snyder já está no RH

quin snyder lakers

Alex Goodlett/AFP

O técnico Quin Snyder é desejado por diversos times, especialmente Los Angeles Lakers e San Antonio Spurs. Todavia, ele teria ficado irritado como foi o processo da demissão de Frank Vogel pelo Lakers. Já o Spurs depende de uma eventual aposentadoria de Gregg Popovich, mas até o momento, não passa de especulação.

Com o elenco do Utah Jazz cada vez mais próximo de se desfazer, não seria Snyder o condutor de uma reconstrução. Ele atingiu um patamar de “cara que resolve”. Somando as oito temporadas em que ele dirigiu a equipe, são 372 vitórias em 636 partidas (58.5% de aproveitamento, o bastante para classificar um time na atual campanha de forma direta aos playoffs).

Aliás, Snyder levou o Jazz até a fase de mata-matas nos últimos seis anos.

Embora ele tenha sido voto vencido na decisão de utilizar formações baixas, o treinador é um entusiasta de pivôs e jogadores de garrafão. Tanto que, entre 2016 e 2019, o Jazz sempre ficou entre os quatro melhores times em defensive rating. Quando foi convencido de fazer diferente, foi 15° (2020), quarto (2021) e décimo (2022). Mas por que em 2021 voltou a figurar entre os quatro melhores? A resposta é mais simples ainda: o reserva de Rudy Gobert foi Derrick Favors, que retornou ao time após um ano no New Orleans Pelicans e saiu mais uma vez na atual temporada.

Os agentes livres

Do elenco que disputou a temporada 2021-22 no Utah Jazz (e está por se desfazer), quatro jogadores serão agentes livres: Hassan Whiteside, Eric Paschall, Danuel House e Trent Forrest. Destes, Whiteside pode ficar caso Rudy Gobert seja negociado. Paschall e House foram úteis, enquanto Forrest não viu um minuto em quadra nos playoffs.

Vale relembrar que o Jazz não é o destino favorito dos free agents. Com uma folha salarial completamente engessada, aí fica impossível de fazer grandes contratações.

Outros times vão fazer o mesmo?

Brooklyn Nets, Charlotte Hornets, Denver Nuggets, Los Angeles Lakers, New York Knicks, Portland Trail Blazers e Sacramento Kings são aqueles mais próximos de profundas mudanças em seus elencos. Embora o Utah Jazz esteja em uma condição similar a do Nets e Nuggets (com peças no elenco que podem ser trocadas), desfazer um grupo é quase obrigação para o resto.

O Nets pode partir para mais trocas após Ben Simmons não jogar nos playoffs. Enquanto Kevin Durant está garantido, Kyrie Irving deve estender o contrato, mas existe desconfiança da diretoria em relação a ele. Entretanto, um acordo por menor tempo de duração esteja sendo avaliado.

Já o Hornets tem uma situação diferente das demais. A equipe sabe em torno de quem precisa montar o elenco (LaMelo Ball), mas Terry Rozier, PJ Washington e Gordon Hayward podem virar moeda de troca.

No Nuggets, ficou clara a dependência de Nikola Jokic. É possível, no entanto, que a diretoria apenas aguarde os retornos de Jamal Murray e Michael Porter para tentar com o atual grupo mais uma vez.

Blazers e Kings vão aguardar o draft como ponto de partida, mas Damian Lillard (Portland) e De’Aaron Fox (Sacramento) parecem não negociáveis.

Por fim, o Lakers não tem quase ninguém com contrato para a próxima campanha e o Knicks pensa em meios de trocar Julius Randle.

 

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