Cura da depressão e construção de identidade: a força do breaking, novo esporte olímpico em Paris-2024

Carioca Sabrina Savaz abre o coração ao LANCE!, fala de legado para o esporte, do casamento que encontrou da modalidade com o balé e da admiração por b-girl alemã


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Em um momento especial da vida, a carioca Sabrina Savaz espera usar a sua experiência de mais de dez anos no breaking para inspirar novas garotas a ingressarem no estilo de dança, que será esporte olímpico a partir de 2024, em Paris. Ela é uma autêntica b-girl, ou seja, praticante do gênero feminino, e um dos nomes que marca presença no Breaking de Verão, evento que acontece neste final de semana, no Parque Madureira, no Rio de Janeiro.


Em entrevista ao LANCE!, Savaz revelou que superou uma série de problemas desde o momento que se encantou pelo breaking até agora, quando tenta vaga na França. A tradição começou a ganhar força nos Estados Unidos nos anos 1970, com a ascensão do hip-hop, e se popularizou. A cada dia, se torna uma febre maior entre jovens, levando hoje a cultura de rua a patamares inéditos.

- Como a profissionalização da dança urbana é algo muito difícil, eu busquei uma escola profissionalizante, mas também investi na dança acadêmica, no balé e jazz. Mas depois da minha formação, eu estava lesionada e deprimida. E o breaking ajudou a me salvar, a ter uma cura. Nunca mais parei e hoje tento vaga em 2024 - contou a brasileira, que viu a construção de sua identidade se fortalecer graças ao estilo de dança.

 - Acho que a maior dificuldade que eu enfrentei foi conseguir me sustentar da arte, sem ter muita gente para me inspirar e para me dar o caminho. Outra questão é que a mulher é muito sexualizada, mas o breaking é o oposto disso. Acreditar em você, mesmo com todas essas adversidades, foi outra dificuldade  - comentou Sabrina.

Com tanta história na bagagem e encabeçando projetos sociais, Sabrina mostra humildade, mas não esconde o desejo de inspirar garotas pelo Brasil. 

Savaz - Breaking no Parque Madureira
Savaz é uma das principais b-girls do Brasil (Foto: Fábio Costa / Lance!)<br>

- Me sinto privilegiada, pois, das 16 b-girls selecionadas, eu sou a mais velha (31 anos). Não me considero grande dentro da cena do breaking, mas acho que todo mundo tem seu legado. Lembro sempre que hip-hop e breaking são ações sociais, que transformam vidas. Então, eu, Sabrina Savaz, posso estar inspirando meninas que eu nem conheço - destacou Savaz. 

Execução limpa dos movimento, criatividade e musicalidade são alguns dos principais aspectos levados em consideração pelos jurados na escolha dos vencedores. O Brasil promete dar o que falar, ao lado de países que são considerados grandes potências do breaking, como Estados Unidos, Rússia, japão e Coreia do Sul.

- O breaking pega muitos elementos de diferentes culturas. A capoeira é um deles. Enquanto ele corre o mundo, vai criando uma combinação de cultura e dança - conta o b-boy americano Ronnie, campeão mundial em 2012.

Foi essa combinação o motor para Savaz. Inspirada na b-girl Jilou, alemã medalhista de bronze no último Mundial. Neste domingo, a europeia encara a paulista Toquinha em uma semifinal, enquanto a belga Madmax e a colombiana Lumafarão a outra semi. A grande decisão será logo depois, por volta das 11h30, com transmissão da TV Globo. 

- Como mulher, minha inspiração é a b-girl Jilou, que foi uma das primeiras em que eu pude ver feminilidade nesta dança aparentemente tão masculina - contou a carioca. 

Confira outros tópicos do bate-papo com Sabrina Savaz

Como você conheceu e começou no breaking?

Sempre fui envolvida com esportes. Eu andava de skate, jogava futebol. E aí conheci o hip-hop, mas quando conheci, não era estruturado assim e era visto como uma brincadeira de criança, mas logo vi que aquela brincadeira de criança eu gostaria de levar para o resto da vida e viver disso. 

Você vê o balé como forma de te ajudar no breaking ou é apenas mais um hobbie?
O balé é a minha grande formação, tanto artística quanto de vida. No breaking, existe algo chamado flevo, que é a sua identidade na dança. O balé tem que ser igual, enquanto no breaking você busca algo único. Então, vejo essas danças como complementares.  

O que você acha que mudou no breaking desde o anúncio de que seria esporte olímpico (em 2019) até hoje?

Desde o anúncio de que o breaking se transformou em esporte olímpico, o que vi mudar muito foi a corrida pela profissionalização, pelo crescimento pessoal. Hoje, é uma possibilidade de profissão, de mudar de vida. Vejo as pessoas estudando outras áreas para ficarem mais completas. 

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