Inspirada em Gabi, jogadora ‘cientista’ é atração da Seleção feminina de vôlei na Liga das Nações

Ponteira de 21 anos é apaixonada por ciências e ganha espaço na equipe de José Roberto Guimarães, que estreia nesta terça-feira na Liga das Nações, contra a Alemanha, nos EUA


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Um mundo de possibilidades se abre para Julia Bergmann, uma das novatas da Seleção Brasileira de vôlei, que estreia na Liga das Nações (VNL) nesta terça-feira, às 19h (de Brasília), contra a Alemanha, em Shreverport-Bossier City, nos Estados Unidos. 

Aos 21 anos, a brasileira nascida em Munique, na Alemanha, é o nome mais simbólico da renovação pela qual passa a equipe comandada por José Roberto Guimarães. Sustentar as expectativas criadas não é simples. Afinal, a paixão pela ciência é parte integrante de sua vida, tanto quanto o vôlei, e exige uma dedicação intensa.

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Filha de pai alemão e mãe brasileira, Bergmann está no último ano do curso de Física no Instituto de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech), em Atlanta, um dos mais conceituados do mundo. Seu sonho é trabalhar na área futuramente. Mas a oportunidade de defender a Seleção no ciclo rumo aos Jogos Olímpicos de Paris-2024 é o que ela mais deseja aproveitar neste momento.

- Estou treinando todos os dias para ajudar a tirar a equipe de situações difíceis. Busco minha evolução dentro da Seleção, e quero conseguir jogar no nível delas e me adaptar. Estou bem animada para jogar essa Liga das Nações - disse Julia, que na reta final da faculdade não fará outra coisa nos tempos livres senão estudar.

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- Sempre gostei muito de ciências. Meu pai me mostrava muitos vídeos de cientistas e eu me interessava pela parte da física. Já matemática sempre fui boa, mas gostar é um termo forte. A física tem muitos ramos que você pode seguir, e eu gostaria de trabalhar com a área de aquecimento global. É onde eu pretendo focar mais. Por isso que escolhi esse caminho - contou a jogadora, ao LANCE!.

Julia Bergmann
Julia Bergmann em treino da Seleção (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Julia, que veio ao Brasil na infância e iniciou no esporte em Toledo (PR), foi convocada pela primeira vez em 2019, quando entrou em quadra em partidas da VNL e dos Jogos Pan-Americanos, ainda pouco à vontade em um time adulto de currículo tão extenso.

Agora, tem a seu favor a maior rodagem em quadra na liga americana dos Estados Unidos, com o suporte de tutores de seu país: o técnico Cláudio Pinheiro, ex-assistente de Zé Roberto, e Michelle Collier.

No ano passado, Julia foi eleita a melhor jogadora da ACC (Conferência da Costa do Atlântico), em uma das principais premiações da Liga Universitária dos Estados Unidos, a NCAA. Por lá, aprendeu a ser líder de um grupo de meninas mais novas.

É na principal referência da Seleção e uma das mais melhores jogadoras do vôlei mundial na atualidade que a atacante se apega para alcançar o crescimento. Sorrir, falar em quadra e espantar a pressão são alguns dos objetivos. 

- Gabi é hoje uma das maiores ponteiras do mundo e me inspiro muito nela, no jeito solto como ela joga. Parece que está sempre feliz jogando vôlei. Quero também ser uma atleta assim, uma líder e constante dentro da quadra. Tenho tanta coisa para aprender com essas meninas treinando aqui - disse a ponteira.

A companheira de equipe ainda não se integrou à Seleção, já que ganhou descanso após a temporada desgastante no vôlei turco. Aos 28 anos, a vice-campeã olímpica em Tóquio conquistou em maio os títulos da Champions League e do Campeonato Turco. Em ambos os torneios, foi eleita a MVP, jogadora mais valiosa.

Com 1,91m, Julia chega à Seleção para acompanhar a tendência das grandes forças da modalidade, caracterizadas não só pela técnica, mas também pela altura, força e velocidade. Ela é uma das mais promissoras das novas gerações, ao lado de Ana Cristina, de 1,94m e apenas 18 anos, que estava no grupo vice-campeão olímpico no Japão.

Julia Bergmann
Julia Bergmann em treino da Seleção (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Em grande fase no ataque, Julia conta que tem se dedicado nos fundamentos de fundo de quadra para se tornar uma jogadora cada vez mais completa. 

- Eu sempre gostei de passar e defender. Controle de bola sempre foi algo mais fácil para mim do que para outras jogadoras do meu tamanho. Mas gosto de sempre treinar a recepção e a defesa. São fundamentos que tenho confiança, mas que quero seguir treinando.

Além da Alemanha, a Seleção terá pela frente na primeira etapa da Liga das Nações a Polônia (quinta-feira, às 16h), República Dominicana (sexta-feira, às 19h) e Estados Unidos (sábado, às 22h). A segunda etapa acontecerá em Brasília, entre 15 e 19 de junho, contra Turquia, Holanda, Itália e Sérvia.

Foram inscritas na equipe verde e amarela para a etapa inicial as levantadoras Macris e Roberta; as opostas Lorenne e Kisy; as ponteiras Ana Cristina, Julia Bergmann, Karina e Pri Daroit; as centrais Carol, Diana, Lorena e Mayany; e as líberos Natinha e Nyeme.

OUTROS TÓPICOS DA ENTREVISTA DE JULIA BERGMANN AO L!

Aprendizados com a Seleção

É uma grande oportunidade estar aqui, com meninas que participaram das Olimpíadas, como Ana Cristina e Carol. Tenho muito o que aprender com elas. Estou muito grata ao Zé por poder aprender e poder participar da Liga das Nações, que terá grandes jogadoras e seleções. Será importante na preparação para Paris-2024. Estamos montando um novo grupo e temos de começar desde já a nos conhecer. 

Desejo de jogar a Superliga

Eu me formo no ano que vem e depois, com certeza quero continuar jogando. Não sei para onde vou, mas quero jogar no Brasil, pois aqui é minha casa e espero seguir na Seleção. É uma questão para o ano que vem, mas quero sim vir para cá.

Conciliação entre vôlei e estudos

No começo, foi um pouco difícil me adaptar. Precisei aprender quando e como estudar. Mas já me acostumei, e agora tenho de usar todo o tempo livre que tenho para estudar. O curso fica mais difícil no final. Nos Estados Unidos, o foco nos estudos é muito grande. Acaba sendo fácil de conciliar, pois tem várias ajudas, tutores. É um pouco mais tranquilo do que aqui no Brasil. Acabo aprendendo muito em quadra, mas tenho grandes vantagens fora dela também.

Experiência na liga universitária americana

Fui para lá em 2019, logo após jogar a primeira Liga das Nações. Meus técnicos são brasileiros, então não mudou tanto o estilo de jogo, mas aprendi muito a ser mais líder em quadra, pois sou mais velha do que as meninas da equipe. Como jogamos muito, aprendi a sair de situações difíceis de partidas. E falar mais em quadra. A comunicação é um aspecto muito importante no vôlei.

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