Uma das lideranças mais longevas e referenciais na Fórmula 1 chega a Ímola, neste fim de semana, com mais fissuras do que poderia se imaginar, e o que antes parecia impossível já é tratado por alguns veículos internacionais como possibilidade a curto prazo.
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Mas não faltam razões que explicam como Christian Horner pode ir do céu ao inferno após o GP da Emília-Romanha, o primeiro da aguardada perna europeia da temporada 2025 e é encarado pela cúpula da Red Bull como decisivo para as chances que ainda restam contra a McLaren no Mundial.
O primeiro veículo a noticiar que Horner estava com o cargo de chefe de equipe ameaçado foi a versão impressa da revista italiana "Autosprint", na edição de 6 de maio. A publicação afirmou que o dirigente inglês começava a perder o apoio do lado tailandês do Grupo Red Bull, liderado por Chalerm Yoovidhya, detentor de 51% das ações.
As atualizações para Ímola, portanto, seriam decisivas para a permanência de Horner na chefia do time. A revista ainda apontava Oliver Oakes, agora ex-Alpine, como um possível substituto.
Esta semana, mais uma informação, agora do lado austríaco, trouxe mais pimenta: o site "OE24" afirmou segunda-feira (12) que Christian vai sair, e a Red Bull estuda resgatar Franz Tost, que liderou a equipe B do grupo dos energéticos por tantos anos na F1, para o cargo. Oakes também é citado pelo veículo.
Os problemas na Red Bull
Primeiro, aos fatos: desde o GP de Miami do ano passado, quando a McLaren praticamente levou à pista uma versão B do então MLC38, com asa dianteira, suspensão dianteira, dutos de freios dianteiros, corpo do assoalho, tampa do motor e frisas de resfriamento modificadas — tudo para otimizar o fluxo de ar no carro —, a Red Bull passou a não ter mais o melhor carro do grid. E isso foi determinante para a dolorida derrota no Mundial de Construtores, uma vez que Max Verstappen conseguiu sustentar a boa vantagem no de Pilotos e chegou ao tetracampeonato.
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Mesmo assim, era questão de acertar os últimos ponteiros para essa nova realidade ganhasse corpo e passasse a ditar o ritmo da Fórmula 1. Um ano após a reviravolta, a Red Bull deixou o mesmo GP de Miami tendo de engolir os 39s que Verstappen, quarto colocado, tomou de Oscar Piastri, o vencedor da prova. E por mais que tenha tentado ao menos jogar uma pulga atrás da orelha da FIA ao questionar o sistema inteligente de freios da rival, chega à Emília-Romanha precisando praticamente de um milagre.
Até o momento, passadas seis etapas, a distância para a equipe papaia já está em 141 pontos (246 × 105), enquanto Verstappen, de onde realmente vêm os resultados, está 32 atrás do líder Piastri, em terceiro lugar. A questão é que resta pouco tempo para realmente recuperar o terreno perdido, uma vez que 2025 é o último ano da F1 sob o atual regulamento, e é por essa razão que todas as atenções já começam a se voltar para Ímola, local escolhido pela Red Bull para colocar em jogo um pacotão de atualizações, segundo o "RacingNews365".
O portal neerlandês detalhou que o time austríaco trabalha em alterações no perfil dos sidepods, desviadores de fluxos verticais sob o assoalho e carroceria traseira. O trabalho dos engenheiros taurinos, liderado pelo diretor-técnico, Pierre Waché, focou especificamente em melhorias para a inconsistência do carro, que demonstrou variações radicais de comportamento com mudanças mínimas na configuração.
O sistema inteligente de freios da McLaren também passou a ser alvo de análise. O "RacingNews365" divulgou nesta terça-feira (13) que a Red Bull busca maneiras de copiar a solução engenhosa criada por Rob Marshall — coincidentemente, ex-diretor de engenharia dos taurinos e atual diretor-técnico do time de Zak Brown. É, contudo, um trabalho que o próprio Paul Monaghan, o engenheiro-chefe, já reconheceu que não será feito com um passe de mágica.
Mas um progresso considerável da Red Bull é o que pode sustentar Horner no cargo, segundo a imprensa estrangeira. A questão, entretanto, é que a imagem do inglês já não é mais a mesma desde que ele foi acusado por uma funcionária de “conduta inapropriada”, caso este que veio à tona antes mesmo da pré-temporada de 2024.
Na ocasião, a Red Bull conduziu uma investigação interna que terminou com o chefe inocentado e a funcionária afastada. Horner, aliás, só permaneceu no cargo porque contou com o bloqueio tailandês. Só que o caso expôs as ranhuras na estrutura, e, coincidência ou não, antecedeu um efeito dominó que culminou nas saídas do projetista Adrian Newey e do diretor-esportivo Jonathan Wheatley, figuras longevas e decisivas no sucesso recente com Max Verstappen.
O próprio Verstappen, aliás, tem futuro incerto, ainda que possua nas mãos um contrato até o fim de 2028. Na ocasião do Caso Horner e a exteriorização da guerra de poder entre ele e Helmut Marko — consultor da equipe e amigo pessoal do fundador, Dietrich Mateschitz, já falecido —, Max declarou publicamente lealdade ao austríaco. A performance da Red Bull em pista, no entanto, é o que parece ser decisivo para manter o piloto na equipe, uma vez que, segundo a imprensa internacional, possui cláusulas contratuais condicionadas aos resultados.
E quando tudo parecia solucionado, um novo capítulo do escândalo ganhou as manchetes em março: a funcionária da Red Bull que denunciou o chefe de equipe resolveu levar o assunto ao tribunal trabalhista do Reino Unido, que deve julgá-lo em janeiro do ano que vem. Segundo o "De Telegraaf", a ação movida na justiça britânica só foi revelada tarde porque a imprensa local foi proibida de noticiar o caso por causa da chamada Ordem de Restrição de Reportagem (RRO, sigla em inglês), solicitada pelo grupo ligado a Christian ao tribunal.
Enquanto a fogueira para Horner começa a ser montada, o Daily Mail assegura que “fontes próximas à Red Bull garantem que a posição dele não está ameaçada”. Mesmo assim, o chefe que estará no pit-wall a partir de sexta-feira está longe de ser o mesmo que começou a carreira com a equipe em 2005.