Danielzinho embarca para o Quênia com dois títulos no Brasil

Melhor maratonista do continente, brasileiro foi, em sete dias, campeão da Meia Maratona do Rio e dos 10.000m do Troféu Brasil de Atletismo

Danielzinho vibra com a vitória nos 10.000 do Troféu Brasil de Atletismo. (Divulgação/CBAt)
Danielzinho vibra com a vitória nos 10.000 do Troféu Brasil de Atletismo. (Divulgação/CBAt)

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Melhor maratonista do continente, Daniel Ferreira do Nascimento, o Danielzinho, embarca neste domingo (26) para o Quênia, onde mora, com dois importantes títulos na bagagem. Campeão da Meia Maratona da Maratona do Rio, no sábado da semana passada (18), e bicampeão dos 10.000m do XLI Troféu Brasil Interclubes de Atletismo, no Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (24).

Na pista do Engenhão, o atleta da Associação Noroeste Runners (RS) confirmou ótima fase e versatilidade ao fechar os 10.000m co 28m40m17s. Este foi o terceiro título de Danielzinho no principal evento entre clubes da América Latina e recorde pessoal da prova.

“Foi difícil, pois eu não competia em pista desde maio de 2021, quando ganhei o Sul-Americano de Guayaquil. Depois disso, só corri na rua e em estrada”, lembrou Daniel, de 23 anos, recordista sul-americano da maratona, com 2h04m51s, e o número dois do Brasil na meia maratona, com 1h01m03s. “Senti um pouco também de cansaço porque corri e ganhei no sábado da semana passada (18) a Meia Maratona do Rio”, disse o corredor que competiu no Rio como convidado da CBAt porque não tinha o índice de participação exigido pelo regulamento.

Convocado para a maratona do Campeonato Mundial do Oregon, nos Estados Unidos, que será disputado de 15 a 24 de julho, Danielzinho utilizou tanto a meia do Rio como o Troféu Brasil como etapas de preparação para o Mundial.

Danielzinho viaja para o Quênia acompanhado do treinador Jorge Luiz da Silva para dar continuidade aos treinos para o Mundial. “Espero fazer uma boa prova no Oregon, com muita atenção para não ser encaixotado e brigar por um grande resultado”, disse o atleta nascido em Paraguaçu Paulista, usando duas pulseiras: uma em homenagem a Ayrton Senna e outra com as bandeiras do Brasil e do Quênia. “Muita gente da cidade em que eu moro achava que eu era etíope e aí recebi a pulseira para mostrar que era brasileiro”, comentou.

O fundista estava motivado por dar a primeira medalha de ouro para o seu clube de Ijuí (RS) e por competir no Estádio Olímpico Nilton Santos. “Em 2016, na Olimpíada, eu estava na arquibancada”, disse Daniel, que agora integra o Programa de Preparação Olímpica do Comitê Olímpico do Brasil (COB) visando os Jogos de Paris-2024.

Daniel fez uma carreira com bons resultados nas categorias de base, em provas de cross country e em pista. É recordista brasileiro sub-18 dos 3.000m, com 8m6s90, e dos 2.000m com obstáculos, com 5m45s22, e sub-20 dos 10.000m, com 29m13s34.

Nascido em 28 de julho de 1998, Daniel correu sua primeira maratona em maio de 2021, quando venceu em Lima, no Peru, garantindo qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, com 2h09m04s. Em 2021 também venceu os 10.000m do Campeonato Sul-Americano de Guayaquil, no Equador.

Em abril de 2022 correu a quarta prova de 42,195 km da carreira, a Maratona de Seul, na Coreia do Sul, em 2h04m51s, superando a marca de 2h06m05s que era de Ronaldo da Costa para bater os recordes brasileiro e sul-americano. Agora é o primeiro não-africano na lista dos melhores do mundo.

Wendell Jerônimo Souza (ACORR-MT), campeão pan-americano de cross country, ganhou a medalha de prata, com 29m28s88. Já André Luiz Silva Antônio (Praia Grande-SP), ouro nos 5.000m, levou o bronze, com 29m53s95.

Na prova feminina dos 10.000m, a vitória foi de Graziele Zarri (Pinheiros-SP), noiva de Daniel, com 33m49s83. Ela fica com a sua família por dez dias em Cândido Mota, no interior de São Paulo, e depois volta para o Quênia, onde mora na cidade de Kaptagat. “Estou treinando para a meia maratona, mas corri bem os 10.000m. Já havia corrido a Meia de Lisboa e em agosto vou disputar a Meia de Buenos Aires”, contou.

Desde janeiro morando na cidade que fica a 2.800m acima do nível do mar, Graziele, que teve ótimos desempenhos nas categorias de base de cross country, disse que teve muitas dificuldades de adaptação nos dois primeiros meses. “Senti muita saudade de minha família, dos meus amigos, sofri com os efeitos da altitude. Tudo isso mexeu com a minha cabeça”, lembrou Graziele. “O Daniel me ajudou muito, assim como eu o ajudo. Ele é uma atleta de alto nível e ele me dá bronca, cobra meus treinos”, completou a atleta que recebe a planilha do técnico Clodoaldo Lopes do Carmo, que mora em Bragança Paulista.

Jenifer do Nascimento Silva (Pinheiros-SP) terminou em segundo ugar, com 33m51s12, e Maria Lucineida Moreira (Projeto Atletismo Campeão-PE) foi a terceira colocada, com 34m02s61. A cerimônia do pódio foi comandada pelo campeão olímpico Joaquim Cruz, que recebeu de surpresa, na sequência, um troféu de Atleta do Século da Atletismo Sul-Americana. Cruz não compareceu à festa de entrega no ano 2000. Agora, encontrado na CBAt, o prêmio foi entregue ao “dono”. (Iúri Totti)

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