Mentor de alta performance dá dicas para lutadores lidarem com a derrota: ‘Faz parte do processo’

Psicoterapeuta especializado em Hipnose Clínica Rafael Barreiros analisou o fato de atletas desistirem da carreira após resultados negativos<br>

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Derrota não deve ser interpretada somente como perda, sugere especialista (Divulgação)

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Não são poucos os atletas que iniciam a carreira com derrota. Muitos, sequer se dão uma segunda chance e abandonam o sonho de ser um grande campeão. Outros, menos, fazem do primeiro revés um combustível para nem tão cedo sentirem aquele gosto amargo novamente.

Psicoterapeuta especializado em Hipnose Clínica, pós-graduado em Neurociência e Comportamento e mentor de alta performance, Rafael Barreiros abordou o assunto, destacou a importância de saber lidar com os tropeços e deu dicas para manter se manter blindado aos inevitáveis obstáculos que fazem parte não só da carreira de atleta, como, também, da vida.

"As derrotas fazem parte do processo, e isso não precisamos ver apenas dentro de um octógono. As derrotas estão aí, fazem parte da vida. A ideia é compreender que na derrota não quer dizer que eu perdi. A derrota quer dizer que eu ainda preciso me desenvolver", explica o especialista.

"Ou seja, nunca perdemos, temos chance de ou ganhar ou aprender com o erro, e isso é uma mentalidade resiliente. Quando bebês caímos, caímos, até aprender a andar. Compreender o processo natural da vida traz liberdade e paz para continuar", complementa Rafael Barreiros.

O hipnólogo sugere que o resultado negativo seja visto como um pagamento de um aprendizado, que muitas vezes não vem no triunfo.

"Na vitória não temos muitos motivos para olhar para dentro de nós e nos analisar. Dentro da luta poucos atletas aposentaram de forma invicta, ou seja, em algum momento até os melhores atletas conhecerão a derrota. Quando a derrota acontece, quem terá mais suporte para aguentar? Aquele que aprendeu sendo forjado em momentos desafiadores, de derrotas e vitórias; ou aquele que apenas venceu? A dor nos deixa fortes, e em uma vida só de vitórias não existe dor", destaca.

Rafael Barreiros cita o icônico personagem dos cinemas Rocky Balboa, interpretado por Sylvester Stallone, como exemplo. No filme, o pugilista só chega à glória após suportar e superar uma série de obstáculos dentro e fora do ringue. Esse enredo não é diferente do de muitos lutadores que se tornaram lendas da vida real.

"Sempre que olhamos para uma pessoa de sucesso, estamos olhando para o passado dela. O que determina o sucesso não é apenas o número de vitórias, mas sim quanto aquela pessoa foi resiliente. Aqui cabe até a frase do Rocky Balboa: 'Não importa quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha'. O resultado que temos hoje, é fruto do que fizemos no nosso passado", salienta Barreiros.

"Se eu perder hoje, posso me jogar no abismo e me sentir incapaz; ou posso ver essa derrota como aprendizado, como uma oportunidade de crescimento. A minha sugestão para todos atletas no início de suas carreiras é: não deixe afiado apenas seus golpes e porte físico, mas também a sua mentalidade. A forma que você enxerga e interpreta as coisas determina a forma que seu corpo reage ao mundo. Uma mentalidade forte aliado a um corpo forte traz autodomínio sobre si mesmo", completa.

Ainda segundo o fundador do Instituto Rafael Barreiros, há maneiras de treinar a própria mentalidade para se tornar psicologicamente mais forte. Cada vez fica mais evidente que estar com o preparo físico e técnico em dia não é o suficiente para atingir o apogeu.

"Você precisa dar motivos para seu cérebro fazer o que faz. Se você permitir que o medo vença todas as vezes, ele ficará cada vez mais forte, até te engolir. Todas as vezes que o medo aparece e você foge, você alimenta ele, você dá uma recompensa para o seu cérebro por ter fugido. Se você enfrentar isso, com motivos para o fazer, seu cérebro irá começar a dessensibilizar esse medo dentro de você. Até que se torne apenas passado e nada mais", sugere.

"Seu corpo vai se mover ao seu favor, se tiver motivos para se mover. Então, responda para si mesmo. Por que eu luto? Por que eu quero isso pra minha vida? Por quem eu luto? O que isso trará de benefícios sociais? Psicológicos? Como vou me sentir realizando esse sonho? Responda essas perguntas e leia as respostas todos os dias antes das lutas. Isso irá te fortalecer", finaliza.

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