‘O que estão querendo fazer com a nossa Libertadores?’

Mudança para uma final única não traz benefício algum para o torcedor

Atlético Nacional x Del Valle
O Atlético Nacional venceu a LIbertadores 2016 após dois jogos na final (Foto: Luis Acosta / AFP)

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As mudanças para as próximas edições da Copa Libertadores não foram poucas. Entre as principais, o aumento do número de participantes, de 38 para 42, sua extensão, que agora vai de fevereiro a novembro, e talvez a mais polêmica de todas, a mudança da final para partida única, em campo neutro, como ocorre na Liga dos Campeões da Europa.

A única mudança que me agrada é a da ampliação das datas. O aumento de clubes só enfraquece ainda mais a competição, cada vez com times mais desqualificados, e claramente só tem um interesse, o econômico.

A final única beira a bizarrice, assim como a explicação do presidente da Conmebol, o senhor Alejandro Domínguez.

- Analisando estatística das finais da Copa Libertadores, mandante no segundo jogo ganhou 7 de 10. Justiça desportiva exige final única em campo neutro - explicou Domínguez.

Oras, mas se a equipe fez a melhor campanha desde a primeira fase, foi melhor no mata-mata, há de ter alguma vantagem na decisão, não? Os dois jogos, aliás, dão muito mais chances à justiça, onde normalmente, o melhor time leva o caneco. Em apenas um jogo, e ainda em campo neutro, a chance da pior equipe ser beneficiada é bem maior, por um erro do juiz, por um dia infeliz do rival e dezenas de outros fatores.

Tirando isso, há o grande problema do prejuízo ao torcedor. Como já foi dito por muitos colegas jornalistas, a locomoção aqui na América do Sul, um continente que tem quase o dobro do território europeu, é extremamente mais complicada. Por aqui não há trens e as vezes nem mesmo avião que facilitem o transporte de um país para o outro.

A extrema necessidade de se copiar os modelos europeus muitas vezes acaba nos prejudicando. Como vamos copiar um continente que possui moeda, PIB, economia, escolaridade, transporte, saúde e dezenas de outros setores mais avançados que nós? Cada um tem sua cultura e estrutura. Se queremos evoluir, temos que começar por baixo.

Um torcedor do Corinthians poderia, por mais caros que estejam os ingressos atualmente, fazer uma economia e tentar assistir a final de seu time em Itaquera, em uma quarta a noite.

Já com a nova determinação, se o Corinthians chegar em uma eventual decisão, que esteja marcada para Bogotá, na Colômbia, quase na América do Norte, como fica o torcedor? Terá que gastar muito mais com transporte, alimentação, tempo, e inventar para seu chefe um atestado médico de ao menos dois dias, a não ser que mudem as decisões para os finais de semana.

Enfim, retrocedemos mais uma vez. O torcedor é o maior prejudicado, e o futebol sul-americano respira por aparelhos.

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