O Sport Club Corinthians Paulista nasceu em 1º de setembro de 1910, em um momento em que o futebol paulistano ainda era dominado por clubes da elite. Fundado por cinco operários — Joaquim Ambrósio, Carlos Silva, Rafael Perrone, Antônio Pereira e Anselmo Correia — no bairro do Bom Retiro, o Corinthians surgiu com uma proposta ousada: ser o clube do trabalhador, o time que representaria a gente comum das ruas e das fábricas. O Lance! relembra o primeiro título da história do Corinthians.
➡️ Siga o Lance! no WhatsApp e acompanhe em tempo real as principais notícias do esporte
Inspirados pela passagem do time inglês Corinthian FC, que encantara o público brasileiro em amistosos no Rio e em São Paulo, os fundadores decidiram adotar o mesmo nome, como símbolo de bravura e espírito esportivo. Em pouco tempo, o Corinthians se tornaria sinônimo de garra e superação.
Nos primeiros anos, o clube enfrentou dificuldades para se afirmar. Jogava em terrenos baldios, com bolas improvisadas e uniformes costurados à mão. A adesão à Liga Paulista de Futebol só viria em 1913, depois de muita insistência. Mas o que o Corinthians tinha em falta de estrutura, sobrava em paixão.
Em 1914, apenas um ano após ser aceito na liga, o Corinthians conquistaria o Campeonato Paulista de forma invicta. O primeiro título da história do clube não foi apenas um troféu: foi a afirmação do futebol popular em uma cidade que começava a se transformar sob o ritmo da industrialização e da imigração.
Primeiro título da história do Corinthians
A campanha do título invicto
O Campeonato Paulista de 1914 teve oito clubes participantes, entre eles Paulistano, Germânia, Mackenzie e Ypiranga. O Corinthians era visto como azarão, um recém-chegado que dificilmente resistiria à força dos clubes mais ricos e tradicionais.
Mas o time comandado por Amílcar Barbuy mostrou um futebol vibrante e eficiente. Foram dez vitórias em dez jogos, com 37 gols marcados e apenas 9 sofridos. O atacante Neco, ídolo histórico, foi o grande nome da campanha: driblador, artilheiro e líder técnico do grupo.
Entre as vitórias mais marcantes estão o 5 a 1 sobre o Germânia e o 3 a 0 sobre o Campos Elyseos, resultado que selou o título com antecedência. A imprensa da época descreveu o Corinthians como "um clube de operários que joga com alma e coração".
O troféu foi entregue no campo da Ponte Grande, o primeiro estádio corintiano, em meio a uma multidão que celebrava o feito histórico. Era o início de uma lenda: o Corinthians campeão invicto de 1914, símbolo da ascensão do futebol do povo.
A consagração da identidade popular
Mais do que um triunfo esportivo, o título de 1914 consolidou a imagem do Corinthians como o time do povo. Enquanto os clubes da elite eram frequentados por empresários e aristocratas, o Corinthians era o clube dos operários, imigrantes e comerciantes que erguiam a São Paulo moderna.
O sucesso do time representava mais do que gols e vitórias — era uma conquista social. O povo via no Corinthians uma extensão de si mesmo: a prova de que determinação e união podiam vencer o dinheiro e o privilégio. Essa identificação se tornou a base da gigantesca torcida que acompanharia o clube ao longo de todo o século XX.
Com o título, o Corinthians passou a ser visto com respeito até pelos adversários. Em poucos anos, se tornaria o maior campeão paulista e o clube mais popular do estado. O espírito que nasceu em 1914 — de superação, humildade e orgulho — atravessaria gerações.
O estilo que moldou uma nação
O time campeão de 1914 foi mais do que vencedor: foi fundador de uma filosofia. O Corinthians apresentou um futebol objetivo, direto e corajoso — a antítese do estilo aristocrático da época. Esse modelo, nascido da simplicidade, se tornaria parte da identidade nacional do futebol brasileiro.
Enquanto outros clubes buscavam a estética, o Corinthians jogava por resultado. Essa combinação de entrega e paixão moldou a mística alvinegra que encantaria o país. Cada bola dividida, cada chute de Neco, cada vitória conquistada com suor ajudou a formar o DNA corintiano — o de nunca desistir.
A taça de 1914, portanto, não foi apenas a primeira do Corinthians. Foi a origem de um modo de jogar, torcer e viver o futebol, que transformaria o Timão em uma religião esportiva.
O legado eterno de 1914
Mais de um século depois, o título de 1914 continua sendo uma das conquistas mais simbólicas da história do Corinthians. Ele representa o início da caminhada de um clube que se tornaria sinônimo de fé e resistência.
A taça está preservada no Memorial do Parque São Jorge, como relíquia do nascimento de uma paixão que move milhões. Dela nasceriam décadas de glórias — estaduais, nacionais, continentais e mundiais.
Mas entre tantas conquistas, o torcedor corintiano sabe: o primeiro troféu tem um significado incomparável. Foi ali que o clube aprendeu a lutar, a vencer e a transformar suor em alegria. Foi ali que o Corinthians começou a ser o Timão.
Curiosidades históricas do primeiro título da história do Corinthians
- O uniforme de 1914 era branco com calções pretos, padrão mantido até hoje.
- O apelido “Timão” surgiu apenas na década de 1960, mas o espírito de 1914 já justificava o nome.
- O atacante Neco foi o primeiro ídolo corintiano e o maior artilheiro do clube na era amadora.
- O título de 1914 é o primeiro de uma sequência que tornaria o Corinthians o maior campeão paulista do século XX.
- O campo da Ponte Grande, onde o time treinava, ficava às margens do rio Tietê, no bairro da Ponte Pequena.