O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, morreu na madrugada deste domingo (20) aos 93 anos. O antigo comandante da maior entidade do futebol brasileiro esteve à frente da instituição entre 2012 e 2015. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e o velório será realizado na capital paulista, cidade natal do cartola.
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Marin iniciou sua trajetória no futebol em 1982, quando comandou a Federação Paulista de Futebol (FPF), mas a vida como gestor começou ainda na década de 1960, quando se tornou deputado estadual por São Paulo.
Em 1980, foi eleito como vice-governador do estado de São Paulo na chapa de Paulo Maluf, chegando a assumir a titularidade em 1982, quando o então governador saiu para concorrer às eleições. Na sequência, iniciou seu trabalho como gestor no futebol pela FPF e não saiu mais do meio.
O então presidente da FPF foi o chefe de delegação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1986, disputada no México. Em 2012, foi eleito presidente da CBF, mas permaneceu apenas três anos no cargo, quando foi afastado, preso, por envolvimento em um escândalo de corrupção.
Nos anos de 1950, Marin atuou como jogador de futebol e, apesar de não ter sido um grande destaque no aspecto técnico, chegou a vestir a camisa do São Paulo, mesmo que por pouquíssimos jogos. Além disso, atuou no São Bento de Marília e Jabaquara.
Em comunicado oficial divulgado horas depois da confirmação da morte do ex-dirigente, a CBF se manifestou e lamentou a morte de Marin, citando os feitos do cartola à frente da FPF, da própria CBF e da Seleção Brasileira. Veja o comunicado oficial na íntegra no fim do texto.
Polêmica, prisão e legado na CBF
A prisão de José Maria Marin aconteceu em 2015, quando investigações apontaram o executivo brasileiro envolvido no escândalo de corrupção da Fifa, conhecido mundialmente como Fifagate. Ele foi levado aos Estados Unidos, onde foi julgado e condenado à prisão por corrupção, lavagem de dinheiro, fraude financeira e formação de organização criminosa. Cumpriu pena até 2020, quando foi concedida uma liberdade durante a pandemia de Covid-19 e retornou ao Brasil.
Durante esse período, chegou a ficar uma parte do tempo em regime de prisão-domiciliar em um apartamento de alto padrão na Trump Tower, em Nova Iorque, empreendimento que pertence ao atual presidente norte-americano, Donald Trump. Contava com um esquema reforçado de vigilância particular dentro de casa e aos arredores do prédio. Além disso, pagou US$ 3 milhões (R$ 12 milhões à época) como forma de garantia de que não iria fugir do país, além do uso de tornozeleira eletrônica.
Após a divulgação de sua sentença de quatro anos de prisão, Marin foi transferido para um presídio e cumpriu a pena nos EUA, até sua defesa conseguir a liberação alegando problemas de saúde por conta da pandemia.
Em 2023, aos 91 anos, já no Brasil, o ex-cartola foi internado em São Paulo por conta de um AVC. Desde então, o quadro delicado de saúde exigia cuidados médicos constantes. O nome do ex-cartola ficou sumido da mídia desde então.
A participação no esquema de corrupção marcou a trajetória de um cartola de peso para o futebol brasileiro. Além de ter articulado para trazer a Copa do Mundo para o Brasil em 2014, na sua gestão, construiu nesse mesmo ano a atual sede da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Após ser substituído por Marco Polo Del Nero após a prisão, Marin teve uma homenagem retirada na fachada do prédio. Posteriormente, sob comando de Rogério Caboclo, a placa que dava o nome de batismo do prédio também foi removida.
Veja a nota oficial da CBF na íntegra
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta o falecimento de José Maria Marín, ocorrido na madrugada deste domingo (20), em São Paulo, aos 93 anos. Ele estava internado no hospital Sírio-Libanês e será velado nesta tarde, na capital paulista.
Nascido em 6 de maio de 1932, José Maria Marín foi presidente da CBF entre 12 de março de 2012 e 16 de abril de 2015.
Antes de assumir a presidência da entidade, o paulistano construiu carreira na política paulista, tendo sido vereador e deputado estadual nas décadas de 1960 e 70. Foi vice-governador de São Paulo de 1979 a 1982 e governador entre 1982 e 1983. De 1982 a 1988, foi o mandatário da Federação Paulista de Futebol e chefiou a delegação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1986, no México.