#LancePelaPaz: ‘Líderes de torcidas organizadas deveriam apontar brigões’, afirma comandante do Bepe

Tenente Coronel Hilmar Faulhaber afirma que a PM busca aproximação com lideranças das organizadas no Rio, mas critica falta de medidas internas para punir quem pratica delitos


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Para o Tenente Coronel Hilmar Faulhaber, comandante do Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios (Bepe) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, há uma lacuna na atuação dos líderes de torcida organizada que prejudica a segurança das partidas de futebol: a falta de apontamento das pessoas responsáveis por confusões e brigas generalizadas.

Diante do aumento de casos de violência no futebol brasileiro e no mundo, o LANCE! começou na semana passada a publicar uma série de reportagens e ações nas redes sociais discutindo, denunciando e apontando soluções para o problema. É o #LancePelaPaz.

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Faulhaber defende o papel das organizadas e diz que a PM busca aproximação e diálogo na tentativa de assegurar a segurança de todos que vão aos estádios. Mas critica a falta de medidas internas desses grupos para penalizar os praticantes de delitos.

- Uma das coisas que precisa ser adotada é que as lideranças de torcida assumam um papel que realmente lhes cabe como líderes de uma instituição - afirmou o comandante do Bepe, em entrevista ao LANCE! no Quartel General da Polícia Militar do Rio.

Tenente Coronel Hilmar Faulhaber é o comandante do Bepe
Tenente Coronel Hilmar Faulhaber comanda o Bepe (Foto: Bruno Vaz)

- Eles pedem muito ao poder público para que sejam punidos os torcedores brigões por CPF, mas nós que somos especializados sabemos que são muitas pessoas envolvidas. Há grupos com mais de 10 ou 20 pessoas. Hoje, as brigas nem estão ao redor dos estádios e sim em regiões distantes. Porém, essas lideranças ainda não assumiram o papel de identificar o torcedor brigão. Eles sabem quem são os líderes de cada região e têm condições de apontar isso para o poder público - afirmou Faulhaber.

Episódios como a morte de um torcedor do Cruzeiro antes do clássico contra o Atlético-MG, em março, e o atentado a um ônibus do Bahia, em fevereiro, expõem a necessidade de ações de todos os lados para enfrentar o problema.

A preocupação das autoridades no Rio de Janeiro levou a PM a aconselhar o torcedor "comum" do Fluminense a evitar usar o trem para se dirigir ao Nilton Santos no clássico contra o Flamengo, em fevereiro, pelo Campeonato Carioca. O conselho, que se estendeu às partidas no Maracanã, gerou desconforto nas redes sociais. Faulhaber explicou a recomendação.

- Em dias de clássico no Rio de Janeiro, a maior parte das torcidas organizadas está bem intencionada. Nos trens, a maior parte é do Flamengo. Então, isso foi mais um alerta para o torcedor do Fluminense não usar o trem naquele momento para evitar confusões. Mesmo assim, reforçamos a segurança com mais 70 homens na malha ferroviária. E não tivemos nenhum problema, mesmo com o trem sendo usado por torcedores das duas torcidas - disse o comandante.

Ele afirma que esse tipo de mensagem não significa a ausência de ações da PM para mobilizar esforços em busca da segurança. Em razão da suspensão em vigor de cinco torcidas organizadas no Rio atualmente, o Bepe diz redobrar os cuidados com alguns indivíduos "marcados" na cidade.

- Temos mapeado os líderes das torcidas banidas. Muitos já são figuras marcadas e fazemos uma inserção no nosso banco de dados de grupos que estão se deslocando para estádios ou outros lugares na região metropolitana - explica Faulhaber, satisfeito com o trabalho de inteligência que é realizado.

- As lideranças das torcidas suspensas nos procuram para marcar reuniões e tentar retornar aos estádios, porém alguns componentes insistem em cometer delitos, como brigas em bairros afastados, muitas vezes sem a vestimenta da torcida e utilizando-se do anonimato para não serem identificados. Mas ainda assim, temos um trabalho de inteligência que detecta esses torcedores.

* Imagens: Bruno Vaz

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