Ex-Flu revela: ‘Se salários não fossem pagos, Fred tiraria do próprio bolso’

Alan relata que centroavante auxiliaria alguns jogadores com próprio dinheiro, caso não fossem pagos. Além disso, fala de retorno ao Flu: 'Primeiro clube que vem à minha cabeça'

Alan pelo Fluminense, em 2009, quando atuou com Fred
Divulgação

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O atacante Alan, ex-Fluminense e que atualmente joga no Guangzhou Evergrande, da China, faz bom início de temporada com oito gols em sete jogos pelo clube, no momento. Antes do time chinês, o jogador atuou por quatro anos pelo Salzsburg, da Áustria. Em entrevista ao LANCE!, o atleta falou da passagem pelo Fluminense e bastidores da equipe, em 2009. Além disso, o jogador relatou que Fred, hoje no Cruzeiro, propôs auxílio financeiro aos jovens que não eram pagos pela Unimed, inclusive ele.

- Se os salários não fossem pagos, ele tiraria dinheiro do próprio bolso para pagar a todos - disse o jogador.

Na última sexta-feira, a filha do atacante nasceu. No momento, o Alan estava em campo e na partida marcou dois gols, na goleada sobre o Changchun Yatai por 5 a 0. A comemoração ao balançar a rede foi ao estilo "embala neném", em homenagem. 

Veja abaixo o bate-papo do L! com o jogador, que ainda busca um título relevante na carreira. 

Como foi a adaptação na Áustria?
No início da minha passagem pela Áustria, tive algumas dificuldades, principalmente por conta da língua e do clima, que era muito frio. Mas foi algo que rapidamente foi superado e pude me adaptar muito bem ao país. Além disso, é um lugar de primeiro mundo, onde tudo está em ótimas condições para atender a qualquer pessoa, e isso ajudou muito na adaptação da minha família. Dentro de campo, foi onde eu tive mais sequência de jogos e consegui mostrar o meu futebol, marcando muitos gols, conquistando títulos e me destacando individualmente. Foi uma experiência que agregou muito à minha carreira. 

Como foi a ajuda dos brasileiros na China?
Para falar a verdade, eu tinha a preocupação com a língua e com a comida chinesa, mas confesso que não foi tão difícil para me adaptar. A cidade de Guangzhou é incrível para se viver, mais até do que Salzsburg, na minha opinião, e toda a minha família se acostumou rapidamente à nova vida. Quando cheguei, o time contava com Elkeson, Paulinho, Renê Júnior e isso, sem dúvida, também ajuda muito na adaptação, fazendo com que me sentisse em casa em pouco tempo. 

Principal diferença dos clubes que passou para o futebol brasileiro? 
O futebol brasileiro é muito técnico. Os jogadores possuem qualidades individuais muito grandes, fazendo a diferença nos jogos. Na Áustria, o jogo é mais tático e utiliza muito a força física, e foi onde eu aprendi mais a atuar dentro de campo, para escapar da marcação dos adversários. O futebol chinês, ao contrário do que muitas pessoas pensam, é um jogo muito rápido, com uma dinâmica muito grande. Os clubes, de uns tempos para cá, vêm se reforçando com grandes jogadores internacionais, investindo muito nas categorias de base para, como em qualquer esporte que eles praticam, se tornar uma potência.

Ainda pensa em Seleção Brasileira? 
Eu já tive a oportunidade de vestir a camisa da Seleção Brasileira nas categorias de base e é uma sensação única. Todo jogador sonha em defender seu país. É um dos objetivos de qualquer atleta. Tenho a consciência de que atuando na China as coisas ficam mais difíceis, mas temos exemplos, como Renato Augusto, de que a comissão técnica também olha para cá. Procuro fazer o meu melhor no dia a dia do clube e dar o meu máximo nos jogos. Se um dia a oportunidade aparecer, estarei pronto para agarrar com todas as forças. 

Pensa em retornar ao Fluminense ou qualquer time do Brasil?
É claro que penso em, um dia, voltar ao Brasil, mas esse não é o momento. Estou muito adaptado à China e à cidade onde moro. Minha família gosta muito daqui. Ainda tenho contrato com o Guangzhou por alguns anos e pretendo cumprir. O Fluminense é o primeiro clube que vem à minha cabeça quando penso em retornar ao futebol brasileiro, pois foi o clube que me abriu as portas e me mostrou ao cenário mundial, então se quisessem contar com o meu futebol novamente, escutaria com muito carinho, mas o futebol é muito dinâmico e não posso fechar as portas para outras possibilidades. 

Você chegou a jogar com Fred, em 2009, no Fluminense, ele te ajudou em questões de futebol? Acrescentou algo?
​Fred é um cara que não existem palavras para descrever. Esse cara é um dos que mais respeito no futebol, pois o que eu vi ele fazer dentro do Fluminense, em 2009, nunca presenciei na minha vida. Lembro até hoje de uma situação. O clube estava devendo salários para alguns atletas que não recebiam pela Unimed, e ele disse que se os salários não fossem pagos, ele tiraria dinheiro do próprio bolso para pagar a todos. Naquele momento, quando a molecada estava subindo, como eu, ele abraçou todo mundo e tomou a frente da situação toda. Posso dizer que aprendi muito e tenho muito orgulho de ter jogado ao lado do Fred, e que o tenho como ídolo.

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