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Grande Premio
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 20/07/2025
10:51
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O surpreendente pódio de Nico Hülkenberg no GP da Inglaterra foi o grande sinal de que a disputa entre as equipes do pelotão intermediário da Fórmula 1 em 2025 está mais acirrada e imprevisível do que poderia se esperar. E embora a Sauber tenha surgido como uma estranha no ninho nessa disputa toda, há pontos interessantes a serem tomados de outras partes, como Williams, Racing Bulls e até mesmo da Aston Martin, que aos poucos vai emergindo na tabela do Mundial de Construtores.

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Claro, a grande atração desse espetáculo que reúne os melhores times e pilotos do mundo está na parte de cima do grid, com as histórias contadas pela McLaren, Ferrari, Mercedes e Red Bull, mas é inegável que a chamada ‘F1 B‘ cansou de ser uma mera coadjuvante nessa primeira metade de temporada e criou um cenário em que é até difícil prever quais serão os destinos dos personagens — diferentemente do que pode ser dito sobre a briga pelo título, por exemplo.

Williams: economia nas atualizações

Com Carlos Sainz decepcionando ao dar os primeiros passos em Grove para ajudar no promissor projeto de James Vowles, a Williams contou com o forte desempenho principalmente de Alexander Albon para somar pontos cruciais nas provas iniciais do certame e despontar como a nítida ‘melhor do resto’ até, pelo menos, o GP de Mônaco, quando ambos cruzaram a linha de chegada no top-10. Mas a partir de então a situação começou a mudar.

Há um famoso ditado que diz: “camarão que dorme, a onda leva”. Comprometida com o regulamento de 2026, quando a categoria apresentará mudanças profundas na aerodinâmica dos carros, a escuderia inglesa economizou nas atualizações e alterou pouco o FW47 ao longo dos primeiros meses, com mudanças no flap e endplate da asa dianteira no GP de Japão e algumas outras mais específicas para Miami e Espanha. E o resultado não poderia ser outro: perda de rendimento em comparação com as concorrentes diretas — o que gerou revolta por parte da dupla titular.

Sauber: bom recorte nas últimas provas

Para fins comparativos, a Sauber, atual sexta colocada e somente 18 pontos atrás da rival azul na competição, levou melhorias para o C45 em seis corridas até aqui na temporada — exatamente o dobro. A mais significativa foi em Barcelona, quando os suíços prepararam uma nova asa dianteira, tampa do motor e um assoalho remodelado — o suficiente para fazer da equipe comandada por Jonathan Wheatley uma das mais fortes no recorte das últimas quatro provas.

Sim, não é nenhum exagero afirmar isso. Com 35 tentos acumulados entre o Canadá e a Inglaterra, o time de Hinwil só não foi melhor que McLaren, Ferrari e Mercedes, as integrantes do top-3, e deu um banho em todas as adversárias do pelotão intermediário: a Aston Martin, segunda que mais pontuou, chegou a marca dos 22 nesse mesmo período. E obviamente a dupla de pilotos tem muito mérito, principalmente Nico Hülkenberg, que se tornou responsável por 89% desse total ao aliar muito bem a vasta experiência com um maquinário mais equilibrado e promissor em mãos.

Isso não quer dizer, necessariamente, que Gabriel Bortoleto esteja ajudando pouco ou tenha um papel de menor importância nesse processo de evolução e transição pelo qual a Sauber vem atravessando antes de assumir completamente o visual da Audi no próximo ano. Claro, com a melhora vista no bólido preto e verde, o brasileiro passará a ser mais cobrado e precisará entregar mais fins de semana como o do GP da Áustria. Mas as aventuras e desventuras do #5 foram dignas de uma análise especial.

E já que os esmeraldinos foram citados ali em cima, vale colocar Fernando Alonso e Lance Stroll como os próximos da fila. O canadense, diga-se de passagem, começou a temporada espancando o bicampeão mundial em pontos, ao menos, mas passou a ter dificuldades para lidar com o AMR25 quando as primeiras atualizações substanciais chegaram, no fim de semana do GP da Emília-Romanha — coincidentemente, o momento em que o espanhol cresceu e a base de Silverstone viu o jogo virar no Mundial.

Com o aumento do downforce gerado pelas mudanças extensas no assoalho, difusor, cobertura do motor, beam-wing e até no halo, o asturiano passou a se sentir “mais confortável para levar o carro ao limite” e despontou na disputa interna. Embora nem tudo sejam flores, já que os pilotos questionaram as melhorias levadas para Inglaterra, o top-10 duplo conquistado por lá foi o suficiente para alcançar os 36 pontos no certame e ultrapassar a Haas na briga pelo oitavo lugar.

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Haas: queda mais do que esperada

A queda dos norte-americanos, por outro lado, já era algo mais do que esperado. O time de Ayao Komatsu surpreendeu no início ao se colocar na quinta colocação após o GP do Bahrein, a quarta etapa do ano, mas muito por causa dos 14 pontos somados por Esteban Ocon e Oliver Bearman na China, quando contaram com as desclassificações de Lewis Hamilton, Charles Leclerc e Pierre Gasly para terminarem na quinta e oitava posição, respectivamente.

É bom deixar claro que não há nenhum demérito nisso, pois a equipe obviamente só tirou proveito da situação porque executou um ótimo trabalho ao colocar os dois carros no lugar certo, na hora certa. A questão é que o infortúnio das rivais maximizou o que inicialmente seriam 7 tentos acumulados — ou seja, metade do que se tornou realidade e muito mais próximo da média que a Haas vem conquistando desde o início de 2025.

De lá para cá, foram feitas atualizações no assoalho, difusor, suspensão traseira, dutos dos freios e asa dianteira — tudo com o objetivo de criar uma plataforma mais estável com o VF-25, embora pouco eficiente. Na verdade, Ocon acumulou bons resultados e bateu a marca de 23 pontos até aqui, mas a temporada típica de novato de Bearman não tem gerado frutos há oito corridas — ou há mais de três meses, para deixar mais dramático.

Racing Bull: consistência

Depois da Williams, a Racing Bulls se apresentou como a equipe mais consistente da ‘F1 B’. Sétimo colocados e com 36 pontos, os taurinos nunca engataram uma sequência de sequer duas corridas sem terminar dentro da zona de pontuação. E isso se deve principalmente a Isack Hadjar, que foi o grande destaque dentre os jovens talentos nessa primeira metade de temporada, mas também a Liam Lawson, que finalmente parece estar se encontrando após ter sido despachado da Red Bull com apenas duas etapas.

A decisão de sair das antigas instalações em Bicester e se mudar para a moderna base em Milton Keynes, ao lado do campus da equipe principal, provou ser a escolha certa. O fato de competir de igual para igual contra as principais rivais do pelotão intermediário mesmo sem apresentar grandes atualizações é sinal claro de que a VCARB 02 nasceu bem e, por isso, consegue ser mais equilibrada do que até mesmo o RB21 guiado por Max Verstappen e Yuki Tsunoda. Com a promoção de Laurent Mekies para a posição que era de Christian Horner e a chegada de Alan Permane no cargo de chefe, será interessante ver como a nova direção vai funcionar.

Argentino Franco Colapinto, da Alpine, roda e sai da pista no treino classificatório para o GP da Inglaterra (foto: Andrej ISAKOVIC / AFP)

Alpine: dor e sofrimento

Por fim, a Alpine, a equipe mais bagunçada do grid. Embora o polêmico Flavio Briatore venha tomando decisões internas importantes para tentar arrumar a casa para 2026, quando os franceses passam a contar com as unidades de potência da Mercedes, o momento atual não representa nada além de dor e sofrimento. E de muita agonia para Pierre Gasly, que tem extraído o que é possível da A525 e somou todos os 19 tentos acumulados pela esquadra até aqui no Mundial.

Algumas atualizações no assoalho e na asa dianteira foram feitas recentemente em uma tentativa de melhorar o equilíbrio aerodinâmico, mas domar o carro mostrou ser uma tarefa difícil demais para Jack Doohan e Franco Colapinto. O argentino chegou há algumas etapas para tomar o lugar do australiano, mas já está com uma pressão imensa sobre os ombros e pode ser substituído em breve por algum nome mais experiente — tudo indica Valtteri Bottas como principal candidato.

Enquanto a Williams começa a se movimentar para defender com unhas e dentes a quinta posição contra uma Sauber cada vez mais motivada e preparada para dar o golpe, a Alpine não tem outro destino a não ser a lanterninha da classificação. A Haas, por sua vez, deve se consolar com o nono lugar, enquanto a Aston Martin está com a faca e o queijo na mão para seguir tirando proveito das últimas atualizações e desempatar o duelo contra a Racing Bulls na briga pelo sétimo posto.

Com metade do caminho ficando para trás em 2025, as equipes agora precisam lidar com as ferramentas que possuem, já que a chave começa a virar completamente para a próxima temporada e a mudança brusca no regulamento que as competidoras terão de entender. As cartas estão na mesa, e a busca pelo ‘título’ do segundo escalão da F1 promete seguir acirrada e com histórias interessantes até o fim.

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F1 volta de 25 a 27 de julho em Spa-Francorchamps, que recebe o GP da Bélgica.

Carlos Sainz em teste com a Williams (Foto: reprodução/F1)
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