Sem ajuda do Flamengo, Estácio de Sá homenageia clube: ‘Faremos bom desfile, apesar das dificuldades’

Carnavalescos Mauro Leite e Wagner Gonçalves comentaram processo para a realização do enredo, que já foi feito pela escola há 27 anos<br>

Estácio de Sá 2022 - Flamengo
Os carnavalescos Wagner Gonçalves e Mauro Leite, da Estácio de Sá (Foto: Leonardo Damico)

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Rebaixada em 2020, a Estácio de Sá quer voltar ao Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro e aposta na reedição do enredo de 1995. Há 27 anos, a escola homenageou o Flamengo em samba que até hoje é cantado nas arquibancadas do Maracanã. Naquela oportunidade, a agremiação ficou na 7ª posição com o título 'Uma Vez Flamengo'. Desta vez, o nome do enredo escolhido foi 'Cobra-Coral, Papagaio Vintém, Vestir Rubro-Negro, Não Tem Pra Ninguém', que será desenvolvido pelos carnavalescos Mauro Leite e Wagner Gonçalves.

- A ideia do enredo chegou até nós pela direção da escola, não partiu de nós. Mas aceitamos e resolvemos encarar esse desafio que é fazer uma reedição. Já existiram alguns enredos sobre futebol e eu acho que a nossa missão é fazer algo diferente. A ideia que as pessoas têm é que vai ser um desfile com uniformes, bandeiras, mas não é. A gente criou um personagem, que no primeiro desfile de 1995, estava na barriga da mãe, que era uma baiana da escola. Agora ele tem 27 anos, é um flamenguista fanático, morador do morro de São Carlos e está vendo e vivendo esse desfile - disse Mauro ao L!.

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- Se tem um clube para dar um bom enredo é o Flamengo, que é um time de muitas glórias e de massa. Então, a Estácio já sai na frente neste aspecto. A gente viveu muitas indefinições por conta da pandemia, se teria ou não Carnaval. Então já saber o enredo lá atrás já ajudou. A partir daí fomos estudando os caminhos possíveis e resolvemos fazer uma releitura do enredo. Nós, como artistas, ficamos muito satisfeitos e conseguimos fazer um Carnaval à altura da tradição da escola. Será um Carnaval pelo olhar do torcedor, desse personagem que criamos e como ele vê o clube - corroborou Wagner.

Estácio de Sá 2022 - Flamengo
Parte de uma alegoria da Estácio de Sá (Foto: Leonardo Damico)

A Estácio de Sá entra na Marquês de Sapucaí nesta quinta-feira, e é a terceira escola a se apresentar no segundo dia de desfiles da Série Ouro. Para chegar até aqui, a agremiação teve algumas dificuldades, como por exemplo, a falta de ajuda do Flamengo, que segundo os carnavalescos, não contribuiu financeiramente ou de forma institucional. A Vermelho e Branco contou com apoio das co-irmãs Viradouro, Salgueiro, Vila Isabel, Grande Rio, Imperatriz e Mangueira, que auxiliaram em verba e em materiais para a realização do desfile. No entanto, Wagner afirmou que isso não interferiu no projeto.

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- O Flamengo não ajudou em nada. Tivemos uma conversa inicial e eles declinaram sobre qualquer tipo de parceria, seja institucional ou financeira, sem constrangimento algum. Então seguimos. Fizemos um Carnaval sem orçamento pré-estabelecido, não sabíamos se teria patrocínio. Então tivemos que mexer algumas coisas, tiramos um acoplamento do abre-alas, mas colocamos um tripé. Mas mantivemos o projeto, com alternativas de criação que surgiram no meio do caminho. Então essa ajuda das escolas foi fundamental, sem elas seria bem difícil. O que o Flamengo não fez, as outras agremiações fizeram. Apesar das dificuldades, estamos com um Carnaval volumoso e competitivo. Não é um desfile de grandes investimentos, mesmo assim está imponente. Não é novidade essa dificuldade, principalmente na Série Ouro, mas nosso Carnaval saiu - explicou Wagner.

O desfile da Estácio desta quinta-feira contará com a presença de algumas estrelas que marcaram história no Flamengo, como Andrade, Adílio, Mozer, Nunes, Nélio e Athirson. Alguns flamenguistas ilustres também estarão presentes, como Mc Koringa e DJ Marlboro. Maior ídolo da história do Flamengo, Zico não estará presente por questões médicas, devido à recuperação da cirurgia recente feita no quadril. Campeã em 1992, a Estácio de Sá vai levar para a Avenida três carros alegóricos, 22 alas e um tripé.

Estácio de Sá 2022 - Flamengo
Verso do samba grafitado na alegoria (Foto: Leonardo Damico)

Confira outras aspas dos carnavalescos:

Qual será o diferencial da Estácio na briga pelo título?
- A Estácio vai ser sempre competitiva por toda tradição. Com a gente ou não, a escola é sempre favorita ao título na Série Ouro. Eu acho que a gente sai na frente por já ter um samba conhecido. A gente entendeu também as mudanças que os desfiles sofreram também no julgamento. Tem muitas pessoas achando que será um desfile careta, de futebol, e não é. Nosso Carnaval tem enredo, pesquisa, dedicação e referências. A gente vai surpreender nesse aspecto, com um comportamento visual novo da Estácio. É uma plástica competitiva e, isso independe do dinheiro, é uma estética apurada, sem falsa modéstia - analisou Wagner.

A fase da equipe em campo interfere de alguma forma?
- Nunca achei que o momento do clube pudesse interferir em algo no desfile. O ensaio técnico foi a prova disso. Foi um final de semana de chuva, de derrota do Flamengo para o Fluminense. Muito se falou que seria um desfile frio, mas tenho certeza que não será, porque a comunidade está muito motivada e empolgada com essa proposta. Um sentimento que eu tive a partir do ensaio técnico foi entender que Estácio é Estácio e Flamengo é Flamengo. Não estamos dependendo do clube para nada, nem do dinheiro, nem do momento. A história do Flamengo é muito vitoriosa por si só e uma derrota ou uma vitória não vai interferir para que a gente faça um grande desfile. Tem também a questão que o torcedor do samba não é o mesmo do futebol. Nenhum torcedor de outro clube vai querer a Estácio mal por causa do Flamengo - opinou Wagner

Desfile da Estácio de Sá detalhado
- No primeiro setor vamos falar sobre a paixão pelo vermelho e preto, onde temos o nosso abre-alas e a ala das baianas. Temos ali uma parte mais histórica, da criação do Flamengo, do clube de regatas, depois a chegada do futebol e primeiros uniformes. No segundo setor a gente traz as premiações internacionais do Flamengo, principalmente o Mundial de 1981. Já no terceiro setor a gente junta todas as comemorações de vitórias dos torcedores, temos um baile em vermelho e preto e fechamos o nosso desfile com uma grande festa na favela - contou Mauro.

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