Na manhã desta terça-feira (2), a Comissão de anistia do Governo Federal concedeu perdão à Reinaldo, ídolo do Atlético, por perseguição política sofrida durante a ditadura militar. Além disso, o órgão do Ministério de Direitos Humanos também aprovou indenização de R$100 mil ao ex-jogador.
Reinaldo sofreu perseguição entre os anos de 1978 e 1986 e foi monitorado pelo Sistema Nacional de Informações (SNI), órgão ligado ao regime militar que espionava, censurava e oprimia cidadãos, sindicatos, estudantes e opositores do sistema.
A anistia concedida a Reinaldo foi aprovada por unanimidade pelos membros da comissão, e segundo a relatora, Rita Maria de Miranda Sipahi, a indenização definida no processo será paga em parcela única.
Manifestação de Reinaldo no futebol
A emblemática comemoração de Reinaldo, com o punho erguido e cerrado, fazia referência direta ao movimento dos Panteras Negras, conhecido por sua luta contra o racismo e pela defesa dos direitos civis da população negra nos Estados Unidos. O gesto, carregado de simbolismo político, tornou-se uma marca do ex-atacante e também um dos motivos que alimentaram a perseguição que ele sofreria ao longo da carreira.
Essa resistência enfrentada fora de campo acabou sendo um dos fatores que dificultaram sua trajetória na seleção brasileira. Mesmo vivendo um de seus melhores momentos, em plena forma técnica e goleadora, Reinaldo acabou preterido e não foi convocado para a Copa do Mundo de 1982, disputada na Espanha, apesar de reunir condições para integrar aquela equipe histórica.
Após a anistia concedida nesta terça-feira (2), Reinaldo que estava presente na sessão fez um discurso emocionado sobre os anos de perseguição, confira:
"A sensação de estar sempre sobre a mira do estado era constante, isso gerou medo e insegurança que tiravam minha liberdade mais profunda, me fazendo sentir preso, mesmo estando solto. "
"A campanha de difamação e a perseguição política me tiraram muitas oportunidades. Talvez, o exemplo mais evidente seja a não convocação para a Copa de 1982, onde, apesar de o treinador falar em questões físicas, todo mundo sabia que o motivo eram as restrições a meu suposto comportamento fora de campo".