Eleições Botafogo 2020 – Walmer Machado: ‘A S/A deles faliu. Sou a favor de uma gestão compartilhada’

LANCE! publica entrevistas com os candidatos à presidência do Alvinegro; representante da chapa "O Mais Tradicional" explica projetos e dá visão sobre o clube<br>

Walmer Machado
Walmer Machado vai disputar o pleito do dia 24 de novembro(Foto: Divulgação)

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O presidente do Botafogo para o quadriênio 2021-2024 será decidido no próximo 24, em votação realizada na sede de General Severiano. Desta forma, o LANCE! inicia uma série de entrevistas com os candidatos à principal cadeira do Alvinegro visando informar as principais propostas e ideias dos envolvidos.

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O entrevistado deste sábado é Walmer Machado. A Chapa Verde, chamada de "O Mais Tradicional", tem como vice-presidente Carlos Alberto Lancetta. O L! fez as mesmas perguntas para todos os candidatos, visando manter o equilíbrio no momento da entrevista, e publicará as matérias em ordem alfabética.

Qual é a sua relação com o Botafogo?
- Minha relação com o Botafogo começou aos nove anos de idade nas arquibancadas do Maracanã, levado pelo meu pai e junto ao meu irmão, Waldir Luiz. São mais de 50 anos frequentando jogos, fundando torcidas, depois tendo sido advogado de torcidas organizadas. Tudo em prol do Glorioso. Mas sempre fui um torcedor anônimo e vibrei com isso. Já viajei de caravana, conheci o Rio de Janeiro inteiro, a minha relação com o Botafogo é muito antiga, com muita emoção.

Como surgiu o interesse de ser presidente?
- O interesse veio quando fiquei viúvo em 2015, tinha 38 anos de casamento. Em 2017 fui convidado para ser convidado pelo Carlos Eduardo (Pereira) e a diretoria para ser o advogado contra a Odebrecht, a maior causa do Botafogo. A empresa cobrava 45 milhões de reais do Botafogo. Aceitei o desafio e, através da tese que criamos, o Botafogo foi contemplado no tribunal e continua com as portas abertas. Só conseguimos com muito amor ao Botafogo. Não foi uma simples advocacia, teve muita dedicação. A partir disso, meu nome começou a surgir no cenário do Botafogo. Em 2018, meu nome começou a surgir em uma possível candidatura. Em 2019, a coisa ganhou fôlego e aceitei a sugestão de alguns amigos que nunca participaram de nenhum grupo político. Mas surgiu na questão de defender o clube.

O que você acha do possível advento da Botafogo S/A?
- Acho muito importante. Qualquer que seja o investidor vai necessitar de uma empresa para operar os seus interesses comerciais. Agora, o Botafogo já tem uma S/A que é a Companhia Botafogo. Se não sair a S/A que está no atual plano de estudo, nós poderíamos trabalhar com o plano B, a Companhia Botafogo.

Por que se candidatar para uma eleição com "menos valor", visto que, na teoria, o presidente terá menos peso nas decisões do que um CEO?
- Não acho que tenha menos valor. Na verdade, acho que ela tem muito valor. Primeiramente, CEO, isso é nome de fantasia. A S/A deles faliu, foi um fracasso, não aconteceu. Eu fui taxado de ser contra porque lá atrás eu vi que não tinha nada. Eu sou a favor de uma gestão compartilhada. As pessoas falam em S/A mas o pessoal ali não sabe nem o que é uma sociedade anônima. O Botafogo-SP e o Bragantino são sociedades anônimas e estão muito mal das pernas. Não se pode confundir o CEO de empresa privada no futebol. É outro mundo envolvendo paixão e multidão. Temos empresários de ponta que dão de dez a zero em CEO. Não precisamos disso, precisamos de um cara que faz acontecer, que traga resultados financeiros para o Botafogo. Essa eleição é muito importante, porque eles falaram que o CNPJ seria desmembrado, com isso eles queriam entregar o Botafogo na bacia das almas. Onde já viu arrendar o futebol por 30 anos? Isso tudo não saiu do papel. Eles colocaram que o presidente ficaria encarregado de limpar a piscina, mas o Botafogo não vendeu a marca, o Botafogo pretendia fazer um contrato de cessão de uso. Se essas empresas quisessem ir embora a bomba ia estourar no clube. Por isso a gestão é importante. Se eles tivessem dez pessoas cuidando da mesa, nós também temos que ter dez pessoas. Tem que ser equilibrado, a gestão tem que ser compartilhada. O discurso não era nem igual. Falaram que a S/A ia sair em junho, depois agosto e aí em setembro. Quando caíram na mentira tocaram em recuperação judicial. Esses caras são extremamente despreparados e visam ludibriar o torcedor.

Como salvar o clube com uma dívida que chega perto do passivo de 1 bilhão de reais?
- Buscando dinheiro novo. Eu apresentei um banco inglês, chamado Allantra, e exatamente com essa finalidade de fazer o investimento e sanar dívidas imediatas. A carta foi endereçada do CEO do banco ao presidente atual do Botafogo, o presidente assinou o recebimento da mensagem e depois disse que o Botafogo não tinha interesse. É um banco que administra 4,5 bilhões de euros, é duas vezes maior que Itaú e Bradesco juntos, e se interessou pelo clube. O Botafogo é uma grife e tem pessoas muito influentes no nosso grupo. A dívida de balanço beira a 700 milhões, mas a cada dia eles aumentam um pouco para jogarem essa necessidade de fazerem algo. Além disso, eles aumentam a dívida com todos esses jogadores que eles contratam e também com essa nova comissão técnica até dezembro 2021. Só aumentaram o passivo. Um ano de blábláblá.

Walmer Machado
(Foto: Arquivo Pessoal)

Quais são os projetos para aprimorar a sede de General Severiano, que atualmente é alvo de críticas dos torcedores pela falta de reparos?
- Quero fazer uma gestão com os sócios opinando. Há um abandono naquele ponto nobre. Segundo, o dinheiro das mensalidades que, eu como sócio-proprietário e outros pagam, ficará na sede. Não sairá para futebol ou qualquer coisa, será uma rubrica própria destinada para reparos, consertos e para ajeitar tudo na sede.

A torcida reclama da falta de profissionalismo do clube em vários setores. Você concorda?
- Eu concordo. Acho que é um clube de patota. Parece um clube social, as pessoas não agregam nada. Os grupos que estão no poder só ficam de amizade comendo pizza e fazendo churrasco. Não servem para nada, não arrumaram um patrocínio na camisa do Botafogo, não arrumaram um investidor. Só fizeram guerrinha contra os outros e dizem que trabalham por amor. Eu sou contra. Tem que ter todo mundo ser remunerado. Se você não paga você não pode cobrar. Na minha gestão a remuneração vai ser o artigo primeiro. Não existe favor onde movimenta muito dinheiro. Temos que tirar os amadores e dar um foco profissional. Buscar no mercado, principalmente botafoguenses, pessoas na área de prospecção de recursos.

Caso eleito, qual será a prioridade da gestão?
- Nesse momento a prioridade, com o Campeonato Brasileiro em andamento, vai ser uma situação de dedicação ao campeonato. Não podemos cair. Se isso cair o futuro do clube vai ficar comprometido. Essa seria minha medida emergencial: cuidar do futebol. Dar um freio de arrumação, começar a ver a parte administrativa e, o mais importante, a captação de recursos para poder manter a folha em dia, fazer rubricas diferenciadas. Não misturar dinheiro. Temos que fazer diferentes alas para cada setor do clube.

Como vai funcionar a política envolvendo jogadores de base?
- Vender, às vezes, não dá para criticar. Eu acho que a base está produzindo muito pouco. Tem outros clubes, co-irmãos, que a base é muito crescente, o Botafogo não produz muitos ativos. Apenas um ou outro surgem aqui. O ideal é manter as joias para buscar um título. Não adianta ficar vendendo toda hora e não manter um time. A torcida quer um título, urgente. Teremos que fazer um sacrifício para segurar o máximo que puder para ganhar títulos. A base vai ter uma atenção especial. A base vai ser tocada por ex-profissionais, não por professores que nunca tocaram uma bola. Será feita por ex-atletas que foram campeões, não por pessoas apenas com teoria.

Botafogo sofre para conseguir patrocínios há muito tempo. Onde o clube falha e você tem alguma conversa com alguma empresa, caso eleito?
- O clube não faz porque não tem pessoas para captar. É puro amadorismo. O vice-presidente de futebol é o mesmo de marketing, mas não faz nem um nem outro. Não tem profissionais. O mercado não atende esse tipo de coisa, o mercado quer alguém de peso. Por esse amadorismo que o Botafogo vem vivendo que o clube não tem patrocínio. Do nosso lado, nós já temos uma grande empresa, eles estão cautelosos, não têm uma posição ainda, mas existe a expectativa de imediatamente a gente conseguir um patrocínio master, de master, para dignificar o torcedor botafoguense. O Botafogo é uma grife muito forte. O problema é que as pessoas não vão atrás de quem pode resolver. Se você não tem dinheiro, é preciso buscar dinheiro. É muito difícil alguém bater na porta oferecendo alguma coisa.

Você tem pretensão de retornar com os times de basquete e vôlei? Quais os projetos para os esportes olímpicos?
- São os melhores possíveis. Quando nós começamos a fazer a chapa, o professor Lancetta seria o CEO dos esportes olímpicos, até porque nós vamos trabalhar com verbas incentivadas que o governo federal dispõe. Em relação ao vôlei, temos um departamento já praticamente montado, assim como o basquete. No vôlei, teremos a Ana Richa como gerente, no basquete será o Arnaldinho. Vamos também voltar com o atletismo, o Botafogo tem uma pista de atletismo que não é utilizada. O remo também merece uma atenção especial, um esporte institucional da história do Botafogo.

Você acha que o futuro CT é necessário?
- Não tenho muitas informações, apenas pela mídia. No entanto, eu fiz contato com a assistente do João Moreira Salles e ela passou o meu contato para ele, que me encaminhou uma mensagem por intermédio dela. Uma mensagem simpática e muito atenciosa. Se ganharmos a eleição, serei recebido por ele para saber qual é a situação exata do CT e contaremos com a ajuda deles. Procurei o João por intermédio de ninguém, eu mesmo busquei a secretária dele. Não sei de nada, mas, ganhando a eleição, imediatamente vou buscar uma reunião com ele.

Caso eleito, como você espera se relacionar com os irmãos Moreira Salles?
- A minha posição vai ser de total homenagem pelo o que eles fizeram ao Botafogo. Ganhando a eleição, solicitarei uma reunião para saber se vão querer entrar no projeto e como fica a situação no CT. As informações são todas desvirtuadas e isso não me remete segurança para me pronunciar. Mas os irmãos já foram procurados.

Recado para a torcida
- A Chapa Verde foi feita genuinamente por pessoas que nunca tiveram acesso a qualquer cargo administrativo do Botafogo. Eu mesmo nunca tive nada no Botafogo. O Walmer foi aquele que defendeu a maior ação do clube tem contra si, a cobrança da Odebrecht. O Tribunal acolheu a nossa tese. O Walmer foi aquele que, na condição de candidato, mostrou um banco europeu e teve o desejo de colaborar com o Botafogo, mas o clube não quis. Gostaria que o torcedor atentasse ao fato que nós já fizemos um fato muito relevante ao clube, e gostaríamos de fazer mais ainda. As possibilidades de investimento aumentam a cada dia. Por fim, que no dia 24, que aqueles sócios em dúvida vejam na Chapa Verde a única opção verdadeira. Os outros dois grupos políticos estão no poder desde 1995, são os grupos que criaram a Ferrari do Pântano, conforme diz o Montenegro, são os mesmos pilotos da Ferrari. O Botafogo precisa da mudança, e a mudança é a Chapa Verde, é o novo.

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