Análise: mesmo com a vitória, Botafogo apresenta dificuldades e não passa confiança para a final

Com gol feito em lance raro de lucidez no ataque, equipe de Chamusca segue com problemas na armação e vê Matheus Nascimento cada vez mais isolado em campo

Comemoração Botafogo
Com um golaço, Pedro Castro garantiu Botafogo na final da Taça Rio Foto: Vítor Silva/Botafogo

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Após a vitória no sufoco por 1 a 0 contra o Nova Iguaçu, o Botafogo conseguiu avançar à final da Taça Rio, e agora se prepara para decidir o simbólico título da competição com o Vasco. É claro que o Glorioso foi prejudicado por ficar cerca de 15 minutos com um a menos, após a expulsão de Marcinho, porém, tal fato não justifica mais uma atuação ruim da equipe de Chamusca. Portanto, a ida para a final representa um adiamento do fim da melancólica participação Alvinegra no Estadual, que mesmo se terminar com a conquista da Taça Rio, seguirá ligando alertas para erros constantes e poucas mudanças em um elenco ainda em reformulação. 

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É fato que o time venceu e está em uma decisão, seja ela qual for. Logo, isso pode aumentar a confiança da equipe? Talvez. No entanto, o que não vai mudar é a preocupação do torcedor botafoguense com mais um desempenho ruim do Glorioso.

Toda a problemática começa a partir do momento em que a equipe que tem a vantagem do empate é o Nova Iguaçu. Não desmerecendo o clube, que em relação a suas expectativas, até fez um campeonato razoável. Porém, o principal espanto é ver o Botafogo, com toda a sua história, ficar atrás do Nova na Taça Guanabara e ter imensas dificuldades para superar uma equipe de Série D - igualmente foi contra o ABC, quando caiu na segunda fase da Copa do Brasil.

Assim, a indagação que o torcedor faz é de como esse time se sairá na Série B, Já que contra rivais da divisão de elite foi derrotado - perdeu para Flamengo e Fluminense -, empatou contra equipe da sua divisão - 1 a 1 contra o Vasco, na quarta rodada -, e não conseguiu imprimir um amplo domínio contra o Nova Iguaçu. 

NOVA IGUAÇU 0 x 1 BOTAFOGO

Ao começar a análise da partida, temos que falar sobre as alterações que Chamusca fez no time, em relação ao primeiro duelo da semifinal. Na lateral direita, o treinador deu um descanso para Jonathan, que vinha sendo titular a tempos. Com isso, Warley foi promovido para a posição e até participou bem, principalmente ao lançar a bola que originou o gol. Embora tenha começado mal, o garoto se empenhou taticamente e apresentou mais segurança do que jogando avançado.

No meio campo, Romildo ganhou o lugar de Rickson e, mais a frente, Ronald substituiu Felipe Ferreira. De mais do mesmo, nenhum dos dois 'novos' titulares desempenharam um futebol vistoso. No caso do volante, sua maior participação eram nos lançamentos - que pouco surtiam efeito contra o Nova Iguaçu completamente fechado -, já Ronald, buscou o um contra um e, mesmo que sem nenhum brilhantismo, foi melhor do que em outras oportunidades. 

Eis que o tempo passava e, até os 20 minutos, o Alvinegro só havia finalizado duas vezes - um chute travado de Frizzo, e a bola no travessão de Pedro Castro. Isso já mostra toda a dificuldade que o Glorioso teve em propor o jogo contra um adversário mais fraco tecnicamente e, em consequência, alcançar o objetivo da classificação, que só viria com a vitória.

Porém, por mais fechado que estivesse o Nova, a dificuldade do Botafogo estava em si mesmo. Apesar de realmente o time adversário ter atuado com 10 atrás da linha da bola, como frisou Chamusca em coletiva, o Alvinegro se auto sabotava com troca de passes horizontais, muita passividade para definir as jogadas e poucos lampejos de uma melhor leitura de jogo. 

- A dificuldade que o Botafogo teve na construção das jogadas, acontece porque nosso adversário jogou praticamente os 90 minutos com 10 jogadores atrás da linha da bola, e sendo muito fiel ao esquema tático. Eles jogaram por uma bola, ficaram o tempo inteiro marcando em bloco baixo, e tentaram fazer a transição rápida, que acabou não acontecendo - explicou Chamusca.

O treinador, inclusive, avançou Pedro Castro, o colocando mais perto de Matheus Nascimento, para atuar praticamente como um segundo atacante, consequentemente o deslocando de sua posição original. Para o comandante Alvinegro, o atleta 'rende nas duas posições', mas a falta de Pedro no meio campo, beneficiou apenas uma marcação mais forte na frente, que fazia o Nova ter que despejar mais rápido a bola - por não ter qualidade para sair jogando.

Assim, de fato a equipe recuperou algumas jogadas por conta disso, porém de pouco adiantava quando tendo para si a posse de bola, não conseguia articular um lance sequer para Matheus Nascimento. Aliás, em boa parte dos jogos a joia do clube fica nitidamente perdida no sistema montado: sem ninguém para passar com eficiência, o atacante pouco aparece nos jogos e, novamente, não conseguiu finalizar nenhuma jogada para o gol.

Matheus Nascimento - Botafogo x Grêmio
Com pouca eficácia na criação, Matheus Nascimento ainda não se achou no esquema de Chamusca (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

Portanto, o resumo do primeiro tempo é explicado por um time que abdicou completamente do ataque, no caso da Laranja da Baixada, e outro que precisava do placar, mas não conseguia sair da mesmice apresentada ao longo desta temporada. 

Na etapa final, o Botafogo, em raras oportunidades, conseguiu ter mais lucidez em campo. Romildo, em um rebote de escanteio, e Matheus Nascimento, após cruzamento na área, tentaram as primeiras finalizações do segundo tempo. Então, observando as conjunturas da partida, Chamusca botou y Navarro no lugar do jovem volante que havia finalizado e, assim, Pedro Castro desceu para o meio campo.

Com o jogador retornado a sua posição original, o Botafogo até melhorou e quase fez com Ronald, depois de boa jogada individual de Marco Antônio. Porém, era pouco. A equipe seguia com muitas dificuldades e a lentidão era o principal problema.

Aos 28, contudo, Pedro Castro mais uma vez mostrou que talvez seja 'o cara' do Botafogo em 2021. Depois de lançamento de Warley, Marcinho desviou e o volante/meia/atacante finalizou com perfeição para fazer um golaço. Com isso, novamente o jogador provou ter sido o melhor reforço do time para a temporada. 

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Do gol em diante, o Botafogo viu seu alívio - que quase ficou maior após duas chances perdidas por Navarro e Rickson - ir por água abaixo. Marcinho, que ficou apenas 12 minutos em campo e havia dado assistência para Pedro, foi expulso por dois cartões amarelos bobos e completamente desnecessários. 

O Nova então cresceu e quase empatou com Mazenga em cochilada clássica da zaga Alvinegra, que embora tenha conseguido ficar três jogos seguidos seguidos sem sofrer gols, não precisou trabalhar em literalmente nenhum momento anterior aos 38 do segundo tempo - quando o time ficou com um a menos. 

Logo, o final só não foi definitivamente melancólico por que a equipe adversária contava com empate e não se preparou para atacar em uma situação favorável. 

PRÓXIMO DESAFIO

A decisão contra o Vasco já tem data marcada. A primeira partida acontecerá no Nilton Santos, às 11h05, no próximo domingo. A decisão, por sua vez, fica para o outro sábado, dia 22, em São Januário, às 15h.

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