Wágner desabafa, critica dirigentes e não garante permanência no Flu


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Sinceridade não faltou na entrevista de Wágner, que falou em coletiva na tarde desta terça-feira nas Laranjeiras. O meia comentou sobre todas as dificuldades que o Fluminense enfrentou nesta temporada. Também reclamou dos problemas de atraso de salários, que agora estão em dia, premiação e deixou claro que o elenco fez muito, apesar de ter chances apenas remotas de classificação para a Libertadores do ano que vem.

- Futebol se define nos detalhes. Em 2012 (ano de título brasileiro), o extracampo corria tudo bem, bicho e salário. Tinha jogos em que nem era relacionado tamanha a nossa qualidade. Muitos jogadores ficavam fora. Esses detalhes influenciaram nas nossas conquistas, as duas taças (Carioca também foi ganho). E eles influenciam quando você não consegue chegar. Não deixamos a desejar para ninguém, mas um detalhe pesa. Quando se atrasa salário, quando não paga bicho... Quando, infelizmente, uma coisa leva a outra. Tem briga de um lado, briga do outro. Você abre o jornal e está estampado que um briga com o outro. Que um jogador recebe e outro não. Então, a gente fica triste com isso. Sabemos do posso potencial e poderíamos chegar mais longe se tudo estive encaixado - disse o camisa 10 ainda salientando que a montagem do time do ano que vem está longe de ser definida:

- Nem quem tem contrato daqui de dois, três anos, está garantido. Tem jogadores em fim de contrato. O que cabe a gente é nessas duas partidas lutar pelo pouco que nos resta de chances de ir à Libertadores. Depois a diretoria vai nos chamar e ver o que é melhor. Nem quem tem contrato está garantido, o treinador não está garantido… Nosso futuro vai depender do que fizermos nesse fim de campeonato.

O apoiador ainda comentou diversos outros temas sempre com veemência. Confira abaixo na íntegra: 

Ambiente:

- Estamos na reta final, faltam duas partidas e nossas chances estão bem menores do que antes, mas ainda há esperança e sabemos que tudo pode acontecer no futebol. Não desistimos de correr e lutar. No momento em que escutamos que íamos cair para a Segunda Divisão no ano passado, fomos atrás contra o Bahia. Se deixássemos de correr atrás estaríamos rebaixados. Cabe a nós estar lutando e procurar fazer o melhor. Vamos nos preparar bem para chegar e fazer um bom jogo em um confronto direto contra o Corinthians.

Chance de Libertadores:

- Sabíamos que seria um ano muito conturbado e esse mesmo grupo que caiu é o mesmo que está na sétima colocação, já esteve na segunda, na terceira... Batemos de frente contra grandes elencos, empatamos com o atual campeão, empatamos com o Corinthians, ganhamos do São Paulo lá e aqui. Realmente carregamos uma cruz muito grande e provamos que não estamos atrás de ninguém. Apesar das dificuldades que passamos, procuramos deixá-las de lado, focar no nosso trabalho, passamos muitas dificuldades extracampo, aqui no clube também e procuramos deixar o nosso máximo dentro de campo. Ainda temos uma pequena chance de estar terminando o ano entre os cinco ou até entre os quatro, vai ser difícil, mas ainda há chance e vamos até o final.

Dificuldades na temporada:

- O grupo se uniu mais. As dificuldades extracampo foram praticamente as mesmas que tivemos no ano passado, mas os resultados de campo foram completamente diferentes. Foi um ano sem dinheiro, sem grandes contratações, elenco um pouco reduzido, mas sempre com qualidade e se tivéssemos um elenco pouco maior como foi em 2012 o final seria outro, mas devido a todos esses problemas acho que ainda dá para salvar uma coisa boa. Sabemos que é difícil jogar em um clube que não tem o mesmo suporte como teve em 2012 e diante de todas as dificuldades acho que poderia ter uma classificação para coroar o esforço que tivemos.

Cristovão:

- Relação boa, profissional, nos respeitamos bastante, temos muita coisa em comum e isso facilita no dia a dia, sabe puxar o jogador para o seu lado, então fico feliz de ter encaixado no perifl de trabalho dele e ter correspondido. Nesse momento em que podemos ter coisa boa a almejar temos que nos unir. Na hora que ele precisar, temos que dar força. Na hora que precisar, outros jogadores têm que dar também, porque sabemos que no final quem vai estar ganhando não é só ele, mas todo o grupo.

Prestigiado pelo professor:

- Era um jogo em que queria muito estar presente, ainda mais que tomei um terceiro cartão por levar um empurrão de um jogador no jogo contra o Botafogo. Isso me deixou muito triste de não poder estar com os companheiros. Queria estar com os companheiros, mas infelizmente não deu. Não só eu, mas todos são importantes no grupo. Aquele dia tudo deu certo para a Chapecoense. Eles foram muito eficazes na marcação e conseguiram sair com velocidade. Sabiamos disso, mas eles foram muito felizes nas conclusões das jogadas, então ficou um gosto amargo e procuramos dar a volta por cima. Conseguimos empatar e quase viramos contra o Sport. Se alguma coisa acontecer, não foi só por causa desse jogo contra a Chapecoense. Mas também dos jogos em casa contra as equipes da parte de baixo.

Pressão contra rebaixamento ou por Libertadores:

- Posso falar por mim e por aqueles que estavam no ano passado. Nada se compara ao que enfrentamos no ano passado. Se hoje entramos por uma Libertadores é mil vezes melhor que por ser rebaixado. É uma pressão boa, faz a gente se concentrar mais, a nossa adrenalina aumenta. Ainda mais diante do nosso torcedor na nossa casa. É uma pressão gostosa, ainda mais quando termina a partida esgotado e pode fechar ali com o grupo. Essa emoção que faz com que o jogador, depois de pendurar as chuteiras, queira ficar perto do campo, ser treinador... É realmente uma pressão, mas a gente sente falta quando para de jogar.

Problemas fora de campo:

- Futebol se define nos detalhes. Em 2012 tínhamos extracampo, tudo correndo muito bem: bicho, salário... Para ter noção, quando começamos a jogar naquele ano, tinham partidas que nem ia para o jogo. Ficava fora, porque o elenco era muito bom, então foram esses pequenos detalhes que influenciaram nossa vitória em 2012. Levantamos duas taças. E são esses pequenos detalhes que influenciam quando você não consegue chegar. Pode ver que não deixamos a desejar para ninguém, seja para São Paulo, Corinthians, Cruzeiro ou seja lá quem for. Só que sabemos que um detalhe ou outro pesa. Quando falta o salário, não paga o bicho, existe briga de um lado, briga do outro. Isso são coisas que vão puxando a gente para baixo. Às vezes abrimos o jornal e vemos que um jogador recebe e o outro não. Então a gente fica triste por isso, porque sabemos do nosso potencial e que poderíamos chegar bem mais longe se as coisas estivessem no seu encaixe.


Indefinição:

- Desde 2012 que a gente prega que nosso grupo é sempre cabeça boa e até hoje permanece. Sobis nunca brigou com ninguém, Cícero nunca fez isso. Realmente quando fica fora foi opção do treinador e cabe ao jogador estar acatando a isso, são funcionários de uma equipe e quem define é o treinador. Se tiver briga, vaidade, é coisa que vamos resolver entre nós, mas garanto que desde 2012 isso nunca influenciou. Como falei, 2012 estava tudo certinho e as coisas aconteciam. Este ano as coisas estão acontecendo, só que faltam os detalhes para que a gente consiga mais.

Desmanche?

- Sobre futuro, nem quem tem contrato daqui para dois ou três anos está garantido porque não sabemos como será em 2015. Tem sete jogadores que estão acabando o contrato, tem muita coisa a ser resolvida no clube e cabe a nós fazermos essas duas partidas e lutarmos pelo pouco que nos resta de porcentagem de ir para a Libertadores. Depois a diretoria vai procurar cada jogador e ver o que acontece. Nem mesmo quem tem contrato está garantido. Temos que deixar o nosso máximo: treinador não está garantido, jogador não está garantido, sabemos que o que vai definir 2015 vai depender muito do que a gente vai apresentar em campo.

Por que só agora o desabafo?

- Porque a gente não pode, no momento em que temos grandes chances e batendo de frente contra a nossa concorrência, ficar dando arma para eles. Se ficarmos alimentando nossa concorrência e explorando nossa fraqueza que convivemos no dia-a-dia, vamos nos expor muito, mostrar para o adversário que estamos fracos e eles vão pegar isso de frágil e usar contra nós. Infelizmente passamos por isso hoje porque é uma realidade que aconteceu durante o ano, mas que em momento algum jogador nenhum deixou de correr, batalhar e lutar. O que venho dizer é que a gente tem problemas como qualquer outro clube, mas aqui tem homens e responsáveis que durante todo esse ano de dificuldades honraram e muito essa camisa do Fluminense.

Panorama para 2015

- É o que falei há pouco: nem contrato mais longo está em segurança. Ninguém está garantido, nem diretor. O único que está garantido é o presidente, que ganhou a eleição. Não tem como a gente falar nada. Quem quer que seja o treinador, vamos torcer para que seja o Cristovão, vai ter uma conversa, vai ver quem vai continuar, quem vai chegar, então como eu falei: ainda temos uma vida longa que são esses dois jogos contra Corinthians e Cruzeiro e deixamos o nosso máximo em campo, aquilo que virá em 2015 pode ser um pouco melhor ou mais complicado.

Conversas com Celso Barros

- Não, já tem muito tempo que tivemos conversa com ele e quando é para se definir sobre contrato ou de cada jogador acontecem as conversas com o Celso, empresário... Todo o grupo, já faz um tempo que temos reunião. No final de dezembro acredito que vai ter comunicação dele com a presidência, com alguns jogadores e aí sim vai ser definido. Mas ainda restam dois jogos que temos que dar o nosso máximo e o resto de esperanças que temos, precisamos lutar até o final.

Cristovão deixou a desejar?

- Deixar a desejar não, porque você trabalha com um grupo de jogadores que estava há um tempo sem receber e manter a harmonia e respeito desse grupo é quase impossível. Somente um cara que tem muito jogo de cintura que pode lidar com um grupo de 30 jogadores que têm cabeça diferente, sem que aconteça briga, sem que deixem de correr. Ao meu modo de ver, ele conseguiu driblar muito bem as adversidades e tirar coisas boas desses jogadores. É muito complicado. E aí você pensa: se tudo tivesse em ordem fora de campo, o que ele poderia fazer? Vejo dessa maneira. Porque qualidade diante dessa situação, conseguiu tirar desse jogadores. Se tivesse tudo correndo certo fora de campo, garanto que, sem dúvida alguma, estaríamos brigando para ser campeão.

O que falar da direção do Fluminense?

- Direção fica um pouco complicado de falar porque mudou. Ela não permaneceu durante todo o ano. A primeira direção queria que eu saísse e a segunda queria que permanecesse, então não dá para dizer o que poderiam ter feito, porque mudou durante cinco ou seis meses, e tiveram meio ano para trabalhar e tirando coelho da cartola para receber receita para pagar aos jogadores. Fizeram de tudo um pouco para estar pagando os salários e acertar com alguns jogadores para trabalhar tranquilo.

Temporada nos EUA

- Minha opinião própria é que não sei nem se vou estar aqui em 2015, porque muita coisa ainda vai acontecer. Mas permanecendo vai ser complicado porque pegar uma equipe de qualidade treinando apenas cinco dias depois de 30 de férias vai ser muito difícil de estar conseguindo competir no mesmo nível e lá já vai estar na metade da temporada. Vamos ver o que acontece. Posso dizer que em duas semanas vou descansar bastante, mas depois disso vou ter que começar a correr e me preparar bastante, porque se chegar lá depois de um mês só descansando e brincando com os filhos não vou conseguir correr não.

Dificuldades no ano que vem?

- Acho que pode se tornar difícil se a gente não evoluir em certos aspectos. Quando a gente erra tem que aprender com o erro e não fazer mais. 2013 foi assim, erramos bastante dentro do campo, 2014 tivemos erros fora do campo, mas dentro erramos bem menos e conseguimos durante todo o campeonato brigar na parte de cima da tabela. Então se tem um grupo que tem qualidade e jogadores experientes, e vai trazer suporte, aí sim pode brigar pelo título.

Derrota para equipes da parte inferior da tabela

- Nem te digo que dentro de campo... Tivemos várias partidas que pegamos equipes da parte de baixo da tabela que estavam brigando para não cair para a Série B e esses jogos são bem mais complicados que aqueles lá de cima pelo G4. Posso dizer que o Coritiba lá ganhou da gente na p..., o Criciúma também foi 3 a 2. Na hora que estava 3 a 0, percebemos que tínhamos que dar p... também, mas no bom sentido, de jogar duro. Fizemos dois gols (3 a 2), se tem mais cinco minutos empatamos. Você pega o Vitória lá, saímos na frente e deixamos virar... Vitória aqui, a gente perde por causa de coisas pequenas, foram detalhes, mais uma vez isso se define no futebol. Perdemos 15 pontos para as equipes de baixo, imagina esses 15 pontos agora... Realmente 15 pontos para essas equipes não pode acontecer para quem quer ser campeão. É uma coisa que vamos ter que levar para o ano que vem, para quem quer ser campeão isso não pode acontecer.

Foco nos garotos?

- Se as coisas se concretizarem da maneira como estão se desenhando, com o Flu sem fazer tantas contratações e ficarem todos os jogadores com mais idade, acho que cabe a eles trazer garotos para o lado deles, assumir a responsabilidade. Mas tudo isso vai ser definido ainda. Seria um pouco ousado dizer isso sem que começasse o ano, mas tudo seria conversado com comissão, porque em momento difícil sabemos a hora de ter cobrança. E no momento certo colocar os mais novos para correr. Blindando eles também para não sofrerem com essas pressões para até não estragar a carreira dos meninos. Mas isso tudo vai ser definido depois, um pouco precipitado falar agora, posso até estar falando errado aqui porque não sabemos o que vai acontecer no próximo ano.

O time não é o mesmo do ano passado. Teve Cícero, Conca...

- Ajudou e muito. Pode ver que quando o Cícero chegou fez sete gols, o Conca fortaleceu ainda mais o nosso meio de campo e até mesmo o Henrique quando chegou se entrosou muito bem com o Gum e fizemos uma zaga muito sólida. Mas em termos de grupo foi pouco, porque na hora que perdemos o Gum, demorou dois, três meses e chegou o Guilherme, que deu certo com o Marlon, que era jogador novo e está jogando muita bola. Depois o Cícero machucou. Vieram, sim, jogadores muito importantes, mas não para se formar um grupo muito forte. Temos um time forte com dois, três ou até quatro jogadores importantes no banco, só que quando perde uma peça, não temos duas ou três, como tínhamos há dois ou três anos, como o Abel tinha. Quando machucava o Conca, tinha eu, Lanzini, Valencia, Diguinho no banco. Esse detalhe que é uma das coisas que temos que melhorar para 2015.

Chance de Libertadores aumenta se Cruzeiro for campeão:

- Infelizmente jogador queria estar dentro de campo defendendo as cores do Fluminense, né. Infelizmente, não estamos. Por ser mineiro e ter a família torcedora do Cruzeiro vou estar acompanhando, torcendo para eles para que possam reverter o placar. É um placar muito difícil, tomara que eles façam, mas também já ganharam tudo neste ano. Se planejaram muito bem, estão com um time muito forte e vai ser um jogo em que, para ser sincero, 2 a 0 ainda é pouco. Porque terão a torcida a favor, terão o Mineirão lotado e acho que tudo pode acontecer. Eles também tem uma chance pequena, mas podem ser campeões. E o Fluminense também tem chance pequena e não vai entregar de mão beijada a chance de ir para a Libertadores.

Salários em dia?

- Está tudo em dia, na hora que paga sai na mesma hora que está em dia, na hora que atrasa ninguém fala. Há alguns meses atrás, os jogadores estavam com dois meses de salários atrasados e em momento algum reclamamos e deixamos de correr. Mantivemos a postura, o trabalho, seriedade e continuamos até hoje. Acho que o fator de salário, para o contratante é obrigação. Se contratou tem que pagar, porque não faltamos treino, não deixamos de chegar no horário e não deixamos de cumprir com os nossos compromissos. Mas sabemos que no futebol essas coisas às vezes acontecem, às vezes têm um atraso, suportamos, mas na hora que chega a conta vem aqueles juros a mais e o clube não pode estar pagando com juros.

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