Vôlei Master 2014: Uma verdadeira Diva do voleibol

Thales Leites (FOTO: UFC)
Thales Leites (FOTO: UFC)

Escrito por

O voleibol integra os Jogos Olímpicos de Verão desde 1964. Um ano antes, o Brasil conquistaria um dos seus primeiros títulos internacionais, a então Olimpíada Universitária, hoje Universíade, com a equipe feminina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Naquela equipe de 50 anos atrás, Diva Santiago era um dos nomes mais fortes. Ela fazia parte da seleção brasileira campeã sul-americana no Chile em 1962 e em 1963 cursava o último ano do curso de educação física na UFRGS.

A conquista em Porto Alegre ainda está viva na memória de Diva, que em Saquarema (RJ) onde está sendo realizado o Vôlei Master, visitou o pequeno memorial de fotos que a CBV mantém no Centro de Desenvolvimento do Voleibol. Em meio a tantos troféus e medalhas, a senhora de 76 anos se emociona ao ver equipes da sua época com os mesmos uniformes que ela usava na década de 1960.

Gaúcha de Porto Alegre, colorada, adepta do chimarrão, Diva Santiago se transformou em uma figura emblemática no voleibol gaúcho. Depois de formada, ela abandonou o uniforme de atleta para se tornar treinadora. Em seus clubes, o Grêmio Náutico União (GNU) e o Sogipa, diversos títulos estaduais credenciaram Diva a ser uma das precursoras no treinamento de seleções estaduais, tendo comandado as seleções do Rio Grande do Sul em dezenas de Campeonatos Brasileiros de Seleções na década de 1970 e 1980.

O amor pelo voleibol nasceu aos 09 anos. Ela fazia natação e chegou a competir com 12 anos pelo GNU. Mas logo se interessou por esportes coletivos, e começou a treinar voleibol e basquete. Ela conta que foi convocada para disputar mundiais pelas duas modalidades, mas o conselho materno foi pelo voleibol.

- Quando fui convocada minha mãe falou `no basquete você não vai`, escolhi o vôlei e virou minha paixão.

Há 44 anos a gaúcha construiu em Tramandaí, litoral norte do Rio Grande do Sul, um pequeno centro de treinamento para vôlei de praia.

- Imagina isso há 40 anos atrás, lá no sul. Parecia maluquice, mas recebi grandes nomes e cheguei a lançar uma escolinha quando recebi Renan (Dal Zotto) e Bernardinho que apareceram lá para se divertir - disse.

Ela cita os dois medalhistas olímpicos de 1984, e diz que o centro continua formado apenas para realizar competições e difundir a modalidade.

A grande sacada de Diva no voleibol aconteceu há 31 anos. Em 1993 ela em conjunto com adeptas do vôlei veterano criaram o 1º Campeonato Brasileiro Master. Naquela oportunidade uma equipe gaúcha e duas equipes do Paraná participaram da competição. Segundo ela, aquela competição foi embrionária para que hoje existam competição master em todo Brasil.

- Nós mantemos uma comissão permanente desde aquela época. Antes o campeonato era 55+, hoje é 75+. Criamos novas categorias e aqui em Saquarema é a união de todos esses clubes, equipes, amigas que se reúnem para fazer o que adoramos.

Diva participa do Vôlei Master desde 2010. Em anos anteriores com o Sogipa de Porto Alegre, mas agora, apenas como convidada do Clube Militar do Rio de Janeiro, única equipe inscrita na categoria 70+. Apesar de não ter concorrentes na categoria, a equipe vai jogar com equipes mais novas na categoria 63+.

Para quem se surpreende com a história de Diva na natação, depois no vôlei e no basquete, formando-se em Educação Física e sendo referência como treinadora, ela descobriu depois dos 65 anos outra modalidade, o tênis. E com o tênis ela foi em busca de sonhos ainda maiores, voltar a disputar competições internacionais. No Canadá em 2005, na Austrália em 2009 e na Itália em 2013, a anciã jogou vôlei e tênis defendendo as cores do Brasil. Na última edição, em Torino, ela foi campeã do vôlei no 65+, conquistou a prata no tênis de duplas e o bronze na simples 75+.

Esposa de brigadiano (Militar no Rio Grande do Sul), ela conta que sempre contou com o apoio da família para continuar jogando.

- O vôlei para mim é tudo. Se não fosse o esporte não saberia o que estaria fazendo, talvez sentado esperando a morte chegar. Meu marido e meu filho me apoiaram sempre. Faço semanalmente 17 horas de atividade física. Danço, faço musculação, jogo tênis, jogo vôlei, vivo a vida.

A personagem ao final da entrevista, ao perceber que seria fotografada se preocupou logo em arrumar os cabelos, colocar brincos e correntes e deu a receita para uma vida feliz.

- Nunca tomei remédio para doença nenhuma. Como de tudo, tudo que tenho vontade, não tenho restrições. Não fico parada, me exercito todos os dias e amo tudo que faço. A vida é muito boa para ficar olhando ela passar.

Diva Santiago é a segunda atleta mais idosa do campeonato. Ela é parceira de equipe de Aída dos Santos Menezes, primeira brasileira a disputar final olímpica no atletismo em 1964 e mãe da jogadora de voleibol Valeska Menezes, a Valeskinha.

News do Lance!

Receba boletins diários no seu e-mail para ficar por dentro do que rola no mundo dos esportes e no seu time do coração!

backgroundNewsletter