Visita em véspera de jogo, folgas, discurso dirigido… A tática antiestresse de Felipão

O técnico Felipão recebeu as psicólogas da Seleção Brasileira, Gisele Silva, Regina Brandão e Aline Magnani, nesta quarta-feira, na Granja Comary (Foto: Divulgação)
O técnico Felipão recebeu as psicólogas da Seleção Brasileira, Gisele Silva, Regina Brandão e Aline Magnani, nesta quarta-feira, na Granja Comary (Foto: Divulgação)

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A pressão que os jogadores estão sentido poderia ter consequências maiores, talvez, não fosse a tática antiestresse da comissão técnica da Seleção e da CBF. Na programação e no discurso ensaiado, o objetivo é fazer o grupo pelo menos tentar diminuir a carga da obrigação de vencer o segundo Mundial.

Um exemplo foi liberar a visita de parentes e amigos aos atletas no hotel onde a delegação estava hospedada em Belo Horizonte, na véspera da partida contra o Chile. Algo inimaginável em outros Mundiais. Mas Felipão sentiu o grupo tenso demais.

As folgas dadas depois de jogos da Seleção também fazem parte da tática. As únicas preocupações nesses dias são com relação à exposição dos jogadores na mídia, o que pode gerar críticas e mais estresse, e ao consumo de álcool, que pode retardar a recuperação para a próxima partida.

Tudo foi planejado com acompanhamento de especialistas. Das três psicólogas, cuja líder é Regina Brandão, que trabalha com Felipão desde 1993, Felipão recebeu um relatório de mais de cem páginas antes da Copa, com detalhes, por exemplo, sobre quem precisa de mais atenção.

– Fizemos reuniões, olhamos todos os dados passados e trabalhamos um pouco diferente com A , B ou C, de acordo com os relatórios da Regina. O que podemos fazer para tirar proveito disso, nós fazemos – disse Felipão, antes da estreia.


Felipão com Regina Brandão (no centro) e a equipe de psicólogas na Granja Comary (Foto: Divulgação)

Experiência que Parreira acumulou ao comandar a Seleção de 1994, que carregava o peso do jejum de 24 anos sem título em Copas. Nos Estados Unidos, o técnico também liberava os jogadores depois dos jogos. Dunga, Jorginho e Ricardo Rocha, que acompanhava o grupo apesar de ter sido cortado, eram os responsáveis por fazer os atletas voltarem no horário combinado.

A CARTILHA DE FELIPÃO E PARREIRA

1) Inspire confiança
O discurso depende do momento. Antes da estreia, era importante dar confiança à torcida. Por isso, pregaram que o Brasil ganharia a Copa. Parreira falou que estava com uma mão na taça porque esta Seleção sabia lidar com os fatores extracampo.

2) Valorize o rival
Na véspera do jogo contra o Chile, Felipão mudou o discurso. Percebendo que os jogadores estão sentindo o peso, disse que uma possível derrota não seria motivo para ninguém se jogar do barranco. E passou a valorizar a seleção chilena.

3) Libere a galera
Na primeira semana de preparação, Parreira lembrou que as folgas dos jogadores na Copa de 94, nos EUA, foram fundamentais para o grupo suportar a pressão dos 24 anos de jejum de título em Copas. O grupo atual folgou sempre depois de jogar, como ontem.

4) Traga os amigos
Liberar a visita de parentes, amigos e até do agente (caso de Wagner Ribeiro, amigo da família de Neymar), como aconteceu em Belo Horizonte, na véspera do jogo contra o Chile, também ampara os atletas e diminui a pressão.

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