Uruguaios tentam buscar explicações para o fenômeno da violência nos estádios do país

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No Uruguai o grande problema da violência está concentrado, principalmente, em torno do que se denomina "cultura da violência". As autoridades do país, que possui cerca de três milhões de habitantes, ao mesmo tempo em que adotam cada vez mais medidas de prevenção, tentam entender os motivos que levam uma pessoa a agredir outra simplesmente por vestir uma camisa diferente.

- Estamos vivendo em uma sociedade onde o comportamento violento pode ser visto em vários âmbitos. A violência ocorre entre vizinhos, dentro da família, em locais de trabalho. Muitas vezes buscamos respostas desde o ponto de vista policial. Isso é válido, porém também temos de encarar a sociedade desde distintos âmbitos. As relações sociais se deterioram - afirma o Ministro do Interior uruguaio, Eduardo Bonomi.

Mesma opinião é compartilhada pela jornalista Adriana Laca, do diário "Última Hora". A cultura da violência, segundo ela, se dissemina de forma assustadora.

- As pessoas, ultimamente, se acostumaram a transmitir os seus próprios problemas para terceiros. É aquela coisa do 'eu estou mal, você tem culpa'. O futebol, por sua vez, é o lugar onde as pessoas vão descarregar sua raiva. As pessoas se sentem donos de terra de ninguém. Se eu te bato, você me bate, se eu te insulto, você me insulta. Olho por olho, dente por dente. Não existe busca pela paz - conta Adriana ao LANCE!Net.

Os casos de violência já saíram das arquibancadas e pararam no campo de jogo. Em janeiro deste ano, os atletas das duas equipes protagonizaram uma briga generalizada em pleno gramado do Estádio Centenário. Nove atletas, cinco do Nacional e quatro do Peñarol, foram punidos com suspensões de dois meses.

Recentemente, o governo uruguaio lançou uma promoção denominada "Não confundas um violento com um torcedor". Porém para Gustavo Martín, do diário "El Observador" há um agravante. Embora os dirigentes digam que não possuem relação com as torcidas organizadas, a pergunta que fica é como, mesmo com controles rígidos, alguns torcedores conseguem entrar nos estádios com objetos proibidos.

- A cada ano, há cada vez mais exigências para se ir aos estádios. Atualmente os torcedores só podem comprar ingressos apresentando suas identidades, e não há venda antes dos dias dos jogos. As revistas nas entradas dos torcedores também estão mais minuciosas. Ainda assim, há violentos que rompem o cerco. Obviamente que os dirigentes não vão reconhecer a ligação de seus clubes, mas isso é algo que as autoridades uruguaias pretendem investigar - reconhece Martín.

Durante duas temporadas, as de 2009/10 e 2010/11, os clubes cujos torcedores se envolveram em episódios violentos eram punidos com perda de pontos no Campeonato Uruguaio. No entanto, esta medida foi derrubada pelos próprios clubes.

- No basquete uruguaio as punições são mais severas. Se uma torcida, ou os jogadores de um clube, se envolvem em confusão, esta equipe é rebaixada para a Terceira Divisão. No futebol não. As coisas são mais frouxas, até mesmo por uma questão de política - continua Gustavo Martín.

Casos recentes de violência no futebol uruguaio:

29/03/13 - Um torcedor do Peñarol foi apunhalado e assaltado no banheiro do Estádio Centenário, durante jogo contra o Central Español. Neste jogo, há imagens até mesmo de torcedores acompanhados de imensos cães em coleiras.

24/11/13 - Torcedores do Nacional estenderam uma faixa roubada da torcida do Peñarol. Na faixa havia o nome do torcedor Rodrigo Aguirre, morto em 2011, durante uma briga entre as duas torcidas. O ato iniciou uma batalha nas arquibancadas do Estádio Centenário entre torcedores dos dois times. Um total de 11 pessoas, sendo nove torcedores do Peñarol e dois do Nacional foram processadas.

01/12/13 - Nove jogadores amadores foram processados por uma briga durante uma partida válida por um torneio amador, na cidade de Canelones.

07/01/14 - Um homem foi apunhalado durante a festa de 100 anos do clube Rampla Juniors. Torcedores da equipe aniversariante foram emboscados por seguidores do Cerro. Na ocasião polícia deteve 17 pessoas, mas apenas seis continuam presas.

21/01/14 - Jogadores de Peñarol e Nacional protagonizam uma briga generalizada no gramado do Centenário. Nove jogadores deles, cinco do Nacional e quatro do Peñarol, foram punidos com suspensão de dois meses.

17/02/14 - Dois jogadores amadores foram processados por lesões corporais após uma briga em um torneio amador em Fray Bentos.

22/02/14 - Torcedores do Danúbio foram encurralados pelos do Nacional nas arquibancadas do Parque Central. Os torcedores visitantes denunciaram que foram atirados contra eles garrafas e pedras.

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