Técnico da base da Alemanha detalha investimento na formação de jovens

Edson Barboza (FOTO: Divulgação/UFC)
Edson Barboza (FOTO: Divulgação/UFC)

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Müller, Götze, Özil, Reus, Gündogan... a lista é grande. Eles são os jovens de mais uma renovada geração alemã que irá à Copa do Mundo. Não é apenas "sorte" de ótimos jogadores terem nascido na mesma época, mas sim fruto de um trabalho de base pensado, desenvolvido no tempo em que o futebol alemão deixou de encantar. Essa mudança de mentalidade, valorização dos jovens e inclusão deles na seleção principal da Alemanha é o tema da palestra que Frank Wormouth, técnico da seleção sub-20, fará nesta quarta-feira, no segundo dia de Footecon, no Rio.

Antes, o técnico alemão teve uma conversa com o LANCE!Net e contou como foram os primeiros passos para que essa mudança de mentalidade surgisse na Alemanha e os reflexos que ela teve no futebol do país.

Igor Siqueira: Quando a Federação Alemã percebeu que era preciso um novo jeito de desenvolver o futebol para os mais jovens?
Frank Wormuth: Existiram dois pontos no passado, por volta do ano 2000, quando a Federação Alemã de Futebol mudou sua ideia a respeito do sistema na Alemanha. De um lado, a seleção tinha sido eliminada precocemente da Copa do Mundo (1998) e das Eurocopas (2000 e 2004). A exceção foi em 2002, contra o Brasil. Mas mesmo nessa competição nós não jogamos bem. E do outro lado tinha a situação de a seleção ter só um jogador com menos de 23 anos. Paramos e nos perguntamos: onde estão nossos jogadores jovens e de talento?

IS: O técnico da Seleção Brasileira sub-20, Alexandre Gallo, disse há alguns meses que, em nome da disciplina e do comprometimento, os jogadores para serem convocados não poderiam usar fones grandes, ter cabelo diferente... Isso, na sua visão, é necessário para ter um bom time?
FW: Posso comparar as declarações dele com minha experiência, porque sendo também técnico da sub-20, temos essa mesma mudança de comportamento dos jovens, especialmente entre os jogadores. Mas eu não acho que esse comportamento mencionado seja relevante à disciplina em um grupo de jogadores. A exceção prova a regra. Mas por outro lado, nós técnicos temos que ter cuidado a respeito dos exemplos para os torcedores. Então, a verdade é um equilíbrio entre as duas opiniões.

IS: Qual a participação do técnico da seleção principal nesse processo?
FW: O técnico tem que ter confiança nos jovens jogadores, para que ele inclua eles no time. Jovens cometem erros nos jogos, mas eles podem se recuperar muito rápido e o time joga em alto nível.

IS: Houve desconfiança do torcedor? Qual foi a reação?
FW: Primeiro de tudo que os jovens jogam a Bundesliga. Então, os torcedores já os conhecem. O nosso técnico da seleção, Joachim Löw, vai colocando cada um deles passo a passo. Mas o ponto fundamental disso foi que jogamos melhor e com mais sucesso.

IS: Qual a parcela de responsabilidade dos jovens nesse ressurgimento da Alemanha desde 2006?
FW: Um jovem sozinho não te ajuda na partida. Os jovens precisam ter qualidade, primeiramente. Qualidade técnica, tática, condição física e, acima de tudo, uma vontade de ferro de vencer os jogos. Esse é um lado. O outro é o técnico e o time que proporciona trazer à tona as diferentes habilidades em equilíbrio com a estratégia e esquema tático. Esse é o verdadeiro trabalho de um bom técnico.

IS: E sobre o aspecto tático? Que tipo de mudanças houve nos últimos anos?
FW: Mudamos muito em relação a táticas. Especialmente na nossa escola de técnicos. Ensinamos a eles novas formas de táticas para que todos estejam atualizados no momento. Eles sabem tudo sobre o futebol moderno e têm ferramentas e habilidades para transmitir esse conhecimento aos jogadores também. Nós ignoramos nossos velhos valores, como a marcação homem a homem. Você pode ver os resultados da Bundesliga agora. Temos uma média de gol de 3,24 por jogo. Pensamos mais ofensivamente do que defensivamente. E o mesmo pode ser visto na seleção.

IS: Qual outro país você vê com uma estratégia de sucesso com os jovens?
FW: A Bélgica tem uma geração jovem que tem tido sucesso. Veremos na Copa do Mundo do Brasil no próximo ano. Sobre outros países, não tenho envolvimento exato para dar uma opinião precisa.

IS: E sobre a forma brasileira de revelar jogadores?
FW: Não tenho muito conhecimento, mas jogadores como Romário, Ronaldo, Ronaldinho ou especialmente Neymar são muito conhecidos na Alemanha, por exemplo. Sobretudo Elber, que jogou na Bundesliga por muito tempo.

IS: Qual sua aposta para a Copa-2014?
FW: Não gosto de apostas, mas eu de forma compreensível espero que a Alemanha esteja na final. E espero que o Brasil e o resto do mundo tenha um grande evento, sem problemas ao redor. Estarei lá, aproveitarei as partidas e verei que tipo de novidades os melhores times do mundo trarão.

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