Secretário rechaça elefante branco e quer times grandes na Arena Pantanal

Neymar e Ganso - Santos 2012 (Foto: Paulo Whitaker/ REUTERS) Fluminense
Neymar e Ganso - Santos 2012 (Foto: Paulo Whitaker/ REUTERS)

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A falta de tradição futebolística no Mato Grosso faz com que muitos coloquem o futuro da Arena Pantanal em risco e prevejam que o estádio, cuja obra custou mais de R$ 500 milhões aos cofres públicos, se torne um elefante branco. O palco que será inaugurado nesta quarta-feira, no duelo entre Santos e Mixto-MT, pela Copa do Brasil, abrigará quatro partidas da Copa do Mundo e depois deve ser repassado à iniciativa privada.

No entanto, em entrevista ao LANCE!Net, o secretário extraordinário da Copa do Mundo FIFA (Secopa) do Estado, Maurício Guimarães, afirmou ter certeza de que o espaço renderá lucros a seus administradores com outros eventos além do futebol e disse que a "visita" de clubes grandes a Cuiabá pode ser uma das melhores fontes de renda para o local.

Guimarães também comentou das diversas obras - muitas delas atrasadas - na capital mato-grossense e falou sobre o legado da Copa do Mundo para a região. Confira a entrevista abaixo:

Qual é sua maior preocupação para a inauguração da Arena, nesta quarta?
Primeiro, uma correção: não tratamos como inauguração, porque ela não está pronta. Faltam cadeiras, detalhes de tecnologia... Ela não está concluída, será inaugurada no dia 26 de abril, no jogo entre Vasco e Luverdense. Esse jogo do Santos é tratado como uma partida teste.

Certo, e o que preocupa?
O ponto que mais nos preocupa hoje é a limpeza. Esta é uma obra grande, está em fase final, e temos de dar condições de jogo. Fora isso, todo o resto para essa partida está sob controle. Cadeiras, camarotes, gramado... Agora nos resta testar a operação. Não temos tradição de realizar grandes eventos, será um desafio para todo o Estado. Trânsito, transporte, saúde... Estamos fazendo um auto-teste nesse evento para, a partir daí, fazer correções. Erros surgirão. Depois, faremos mais testes e mais correções, para quando chegar no momento de entregar para a Fifa, estar com tudo certo.

Dentre os principais problemas da Arena para este jogo contra o Santos, a limpeza é o principal deles...
Estamos fazendo uma varredura interna e externa para que todos tenham condição de ver o jogo em segurança.

Vai dar tempo de o estádio ficar pronto?
Em condições de jogo, sim. Ela não está 100% para a Copa, mas para este jogo estará em condições. E aquilo que não estiver, vamos dar o devido tratamento para que não influencie nas condições ideais.

Como vê a Arena depois da Copa?
Isso foi discutido lá atrás, na concepção da Arena. Ela está adequada aos padrões mundiais. Qualquer estádio hoje em dia, se não estiver numa grande praça de futebol, tem que ir além das quatro linhas. O uso tem que ser mais abrangente do que só um campo de futebol. Vai além das quatro linhas e arquibancadas. Como palco de futebol, será indutor da melhoria do futebol local, mas é claro que hoje não se sustenta só assim. Depois da Copa vamos fazer a concessão pública, passar para a administração privada. Ele pode ser shopping, centro de eventos, hotel, hospital... Qualquer finalidade que o concessionário quiser usar. O setor norte, por exemplo, pode virar um hotel com 129 leitos 30 dias depois da Copa.

Então discorda de quem diz que o estádio pode virar um elefante branco?
Eu faço um convite para que essas pessoas voltem aqui daqui a seis meses, um ano, para ver que a Arena continuará verde, rendendo riqueza para seu concessionário e não se transformará num elefante branco. Ela não foi feita pra sobreviver do futebol, mas de seu multiuso. Além disso, a inteiorização do futebol brasileiro está mostrando que esse é o caminho. Os grandes resultados em termos de público está no interior do Brasil. Me refiro a trazer grandes clubes para cá.

Mas há clubes dispostos a jogar aqui?
Vários clubes já manifestaram interesse, só não fechamos dez partidas porque ainda estamos cuidando da Copa do Mundo. O Corinthians é um que manifestou interesse, antes da inauguração da arena deles, o Flamengo é outro.

Cuiabá virou um grande canteiro de obras e muita gente reclama disso, além do atraso das obras. Por quê isso?
Cuiabá foi a cidade que melhor aproveitou a Copa do Mundo para mudar sua infraestrutura. Daqui a seis anos, Cuiabá fará 600 anos. Há 35 anos a cidade não tinha uma grande obra e, em um período concentrado, passou a ter 56. Isso mexe na zona de conforto das pessoas, cria momentaneamente uma percepção de que isso mexeu na sua vida. Mas, quando as obras vão sendo entregues, as pessoas percebem também que ganharam uma nova cidade, uma nova forma de viver, uma cidade melhor.

Mas por que tanta demora?
Tivemos vários problemas nesse período. Foram mais de 800 desapropriações, são obras de impacto, trincheiras e viadutos que não são normais aqui. Além disso, o sistema de concessão pública aqui era muito antigo, não havia cadastro de empresas de adutoras, fornecedores de fibra ótica... Quando vai fazendo as obras, esses problemas vão surgindo. E sentimos falta de mão de obra, tivemos de importar muitos trabalhadores, o que impactou também no cronograma. Mais do que obras atrasadas, temos obras. Mas, para a Copa do Mundo, o que é essencial, será feito. Por exemplo, aeroporto, trincheira em torno da Arena, grandes avenidas... Obras fundamentais.

O VLT não é fundamental? Pois ele não ficará pronto até o Mundial.
O VLT não foi feito para a Copa do Mundo, mas para a melhoria da mobilidade da cidade.

Quantas obras ficarão prontas até a Copa?
Já entregamos nove das 56, entregamos mais quatro sem estarem completas e vamos entregar mais oito fundamentais para o evento. As outras continuarão depois da Copa.

Qual o maior legado que a Copa deixará para a cidade e o estado?
O maior legado para Cuiabá é escrever o nome da cidade e do estado no mapa do mundo. As pessoas saberem que aqui há um povo hospitaleiro, de cultura riquíssima, uma culinária sem igual, natureza exuberante. Esse é o verdadeiro legado. Usar 400 horas de mídia espontânea para todo o mundo. Essas pessoas nos olharem e verem que aqui pode ser um destino no futuro. O que estamos fazendo em três anos, não se faria em 50, essa é a leitura que temos.

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