Rildo, sobre pressão argentina: ‘Eu não tenho medo de nada. Jogava na várzea’


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Encaradas, cotoveladas e chegadas mais fortes. Os sinais de intimidação usados historicamente pelos jogadores argentinos não terão efeito contra Rildo. Ao menos é o que ele diz. Uma das peças mais importantes no esquema da Ponte Preta para a grande decisão, já que será o responsável por puxar os contra-ataques do time, o atacante explica de onde vem a sua coragem.

– Não temos medo algum de argentino, não tememos nada, até porque já joguei na várzea e lá sabemos que, às vezes, tem traficante lá fora, ou que alguns caras vão armados para jogar, então acho que lá é até pior de jogar, porque não tem segurança. A Sul-Americana é segura. Claro que também tem a rivalidade de Brasil e Argentina, mas tratamos bem eles no Pacaembu e tenho certeza que vão nos tratar bem lá também – disse o jogador, ao LANCE!Net.

Antes de virar profissional, Rildo atuou na tradicional Copa Kaiser, que reúne times amadores em São Paulo. Depois, ele iniciou carreira no Fernandópolis, no interior do estado, e era nos campos de terra batida que o camisa 7 tirava do sério os marcadores, em atividade paralela ao trabalho que exercia, de office-boy.

– Eu jogava no Noroeste da Vila Formosa, o time do bairro onde nasci. É um dos mais times respeitados da Zona Leste, então ninguém arrumava briga, porque sabia que o pessoal lá era barra pesada – explica.

Pesado como seu temperamento, que mudou nos últimos meses. Suspenso há dois anos por agredir um árbitro, só foi perceber que andava por linhas tortas após um atrito com o técnico Jorginho (veja abaixo).

– Acho que melhorei bastante, aprendi muito. É claro que nos jogos às vezes fico nervoso, mas me controlo bem, graças a Deus – conta ele.

Vice-campeão da Série A3 em 2010 pela Ferroviária de Araraquara e duas vezes "quase campeão" baiano pelo Vitória, o ainda garoto de 24 anos de idade não vê a hora de desentalar o grito pela primeira vez na carreira. Sentimento que divide com os torcedores da Macaca, que contam as horas pelo apito final de quarta-feira.

– Não vai adiantar nada se a gente não for campeão. Temos que fechar a campanha com chave de ouro e colocar o nosso nome para sempre na Ponte Preta. Nós precisamos vencer esse título – projeta.

Mesmo assim, o garoto, fã de pagode, funk e rap e que é alegre por sobrenome – chama-se Rildo de Andrade Felicissimo –, diz conhecer muito bem o que é a felicidade:

– É poder fazer o que mais gosta: jogar bola e ficar com a família.

Os pais, esperançosos na Vila Formosa, o esperam para a festa.

VEJA UM BATE-BOLA EXCLUSIVO COM RILDO

L!Net: Jorginho disse que o Lanús te anulou no jogo de ida. Como fugir?
Acho que em São Paulo eles estavam mesmo só para marcar, mas na Argentina, diante da torcida deles, vão vir para cima, e teremos mais espaço para jogar. Vamos ver o que o Jorginho tem para propor.

L!Net: Por falar nele, o episódio em que você bateu de frente com ele nesse ano podia ter tornado tudo diferente. É grato pela segunda chance?
Acho que bater de frente não é o termo correto. Eu queria jogar, mas estava voltando de contusão e por isso ele queria me preservar para não agravar. E eu, na vontade de jogar, me excedi, mas conversamos e hoje em dia ele é um amigo particular meu, sempre fora do treino conversamos. Agradeço pela oportunidade que ele me deu de novo e por estar fazendo esse trabalho na Ponte.

L!Net: O que vai sentir se for campeão?
Vai ser um sentimento de felicidade mesmo para mim, que vou sentir isso pela primeira vez. E ainda maior pela Ponte, já que em 113 anos de história viu passar grandes jogadores que não conseguiram vencer. Então vai ser gratificante para a gente.

L!Net: E o que é mais difícil, um jogo de várzea ou uma final sul-americana?
(Risos) Lógico que é final de Sul-Americana, porque na várzea é completamente diferente. Não tem tanta responsabilidade. É claro que tem muita torcida, o Noroeste é grande no bairro e leva até cinco mil pessoas no jogo, mas é outra vida. Eu saía do trabalho na sexta, descansava e no outro dia cedinho tomava um café básico e jogava.

L!Net: Então não tinha essa cobrança por um título como existe hoje?
Lá são rigorosos, cobram, mas pegavam leve comigo porque me conheciam. Aqui, a torcida da Ponte tem um carinho grande por mim. Farei tudo para alegrá-los.

CONFUSÕES E DISCUSSÕES DE RILDO

Chute no árbitro e gancho
Em 2011, atuando pelo Vitória, o atacante perdeu a cabeça contra o Boa Esporte, pela Série B. Após ser expulso pelo árbitro Cláudio Francisco Lima e Silva, tentou derrubar o cartão com um tapa, acertou um chute na perna do juiz e precisou ser contido pelos colegas. O STJD não deixou barato e o puniu com 90 dias de suspensão. Posteriormente, o jogador pediu desculpas pelo ato.

Bate-boca com o chefe
Em setembro deste ano, o atacante ficou insatisfeito por ser testado por poucos minutos no time titular e resmungou com o auxiliar Marcelo Cabo. Ao perceber a reação, Jorginho o repreendeu e os dois bateram boca, com o atacante sendo expulso da atividade. Disciplinador, o técnico pediu uma multa para o atleta e a diretoria acatou. Depois, Rildo se arrependeu.

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