Relembre casos em que futebol brasileiro foi decido fora de campo


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As "viradas de mesa" não são acontecimentos isolados no futebol brasileiro. Da década de 1980 até os dias atuais, é possível relembrar diversos fatos que salvaram equipes de um rebaixamento, classificaram para outros campeonatos ou até mesmo colocaram equipes na disputa de um título nacional, por exemplo.

A Portuguesa escalou Héverton de maneira irregular e, por isso, tem a possibilidade de perder quatro pontos, ou seja, seria rebaixada no lugar do Fluminense. Sim, o Tricolor carioca conseguiria uma vaga na Primeira Divisão do Campeonato Brasileira pela terceira vez através de medidas extracampo.

O Flamengo também pode ser punido com a perda de quatro pontos por ter escalado de maneira irregular o lateral André Santos na partida diante do Cruzeiro. O jogador foi expulso na Copa do Brasil, julgado na última sexta-feira, e teria de ter cumprido a suspensão no jogo do último sábado. Mesmo tendo sido expulso em outra competição, o primeiro parágrafo do artigo 171 do CBDJ afirma que "quando a suspensão não puder ser cumprida na mesma competição em que se verificou a infração, deverá ser cumprida na partida subsequente de competição realizado pela mesma entidade."

Outro caso que pode mexer com a tabela do Brasileiro, mesmo após o fim da competição, é em relação a confusão generalizada na partida entre Atlético-PR e Vasco, no último domingo. O Cruz-Maltino deve entrar com um recurso nesta quarta-feira pedindo a impugninação do jogo, devido ao tempo em que a partida ficou paralisada. A partida ficou parada por 71 minutos. Segundo o artigo 19 do regulamento geral de competições, o jogo só pode ser interrompido por até 60 minutos. Caso o Vasco consiga os três pontos da partida, escapa do rebaixamento, empurra o Criciúma para a degola e ainda beneficia, indiretamente, o Botafogo, que subiria para a terceira colocação e garantiria a vaga na Libertadores do próximo ano. (Caso o Flamengo perca realmente os quatro pontos, quem cairia no lugar do Tigre seria o Rubro-Negro).

A primeira vez em que o Flu participou de uma medida extracampo para permanecer na Série A foi em 1996. Na ocasião, Fluminense e Bragantino fizeram as piores campanhas entre os 24 times e deveriam participar da série B em 1997. No entanto, um escândalo de arbitragem, em maio daquele ano, em que gravações telefônicas sugeriam venda de resultados de jogos de futebol e financiamento de campanhas políticas dentro da CBF, envolveu clubes, como o Atlético-PR e o Corinthians, e o diretor da Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem), Ivens Mendes, que deveriam ser punidos. Para compensar o não-rebaixamento do Atlético-PR, suspenso por um ano, a CBF decidiu reconduzir o Fluminense e Bragantino à primeira divisão de 1997.

Outro caso emblemático envolvendo o Fluminense foi em 1999, quando o clube era o atual campeão da Série C do Brasileirão e o chamado caso Sandro Hiroshi botaria o tricolor na Série A. O atacante disputou o Brasileirão daquele ano pelo São Paulo, com documentação irregular. O time perdeu os pontos pelas partidas em que ele foi escalado e, com isso, surgiu uma polêmica (envolvendo também Botafogo e Gama) sobre quem seria rebaixado. No meio dessa confusão, a CBF entregou os pontos ao Clube dos Treze, que organizou a Copa João Havelange e chamou Fluminense, Juventude, América Mineiro e Bahia de volta à elite.

FLUMINENSE NÃO É O ÚNICO ENVOLVIDO EM MANOBRAS EXTRACAMPO

Mas, antes do Fluminense, outros grandes clubes também foram beneficiados por "viradas de mesa". Em 1982, a classificação para a Taça de Ouro do ano seguinte se dava pela campeonato estadual. O Santos, então, ficou na 10ª colocação do Campeonato Paulista e deveria disputar a Taça de Prata, mas foi "convidado" a disputar a Taça de Ouro. O mesmo aconteceu com o Vasco, em 1983. Mesmo após ficar na nona colocação do Carioca, o Cruz-Maltino disputou a Taça Ouro.

No Brasileiro de 1986, o regulamento previa, na primeira fase, a classificação de seis equipes em cada grupo, que contava com 11 times. O Vasco e o Botafogo, que faziam má campanha, foram beneficiados pela perda de pontos de equipes como o Joinville e a Portuguesa, e o aumento do número times classificados à próxima fase.

No ano de 1992, o Grêmio estava na segunda divisão. Naquela edição, só subiam duas equipes. Com a má campanha na primeira fase da competição, o tricolor gaúcho foi beneficiado por uma mudança de regulamento, que passou a classificar 12 equipes para a Série A de 1993. Times como Coritiba, Remo e Santa Cruz também foram beneficiados pela virada de mesa.

Em 2005, após o escândalo de arbitragem conhecido como "máfia do apito", envolvendo partidas apitadas por Edilson Pereira de Carvalho, 11 jogos foram anulados por decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Entre essas partidas, dois jogos em que o Corinthians havia perdido foram remarcados e o Timão conseguiu quatro pontos, aumentando sua vantagem na liderança. No final da competição, o time paulista ficou com o título, com 81 pontos, quatro a mais que o Internacional, vice-campeão.

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