Quatro anos após tragédia, Brasil de Pelotas ‘renasce’ na elite gaúcha

Torcida invade o gramado após título do Brasil de Pelotas (Foto: Divulgação)
Torcida invade o gramado após título do Brasil de Pelotas (Foto: Divulgação)

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As feridas do Brasil de Pelotas finalmente cicatrizaram. Quatro anos depois de sua delegação passar por um acidente de ônibus, que, além de deixar três mortos e 31 feridos, trouxe sequelas para seu desempenho no gramado, o Xavante volta à elite gaúcha. Após encontrar o caminho do gol em meio aos apagões do Aldo Dalpuzzo no 4 a 1 jogo de ida, a equipe ratificou seu título no Bento Freitas, com Rafael Forster, de pênalti, garantindo o 1 a 0 do último sábado sobre o São Paulo.

Amparado por uma torcida que nunca abandonou o clube, e na crença de que o Bento Freitas seria palco de novas comemorações.

– O Xavante precisava de uma alegria como esta, depois da tragédia e de ter vivido um rebaixamento no Gauchão e o rebaixamento para a Série D, por causa de jogador irregular. É uma torcida apaixonada, que lota o estádio, e marca presença em qualquer lugar do país. Já atuei em jogos nos quais tivemos torcida no Paraná, no Acre – declarou ao L!Net o goleiro Luiz Muller, que se destacou ao defender pênaltis na semis contra o Santo Ângelo e na decisão diante do Aimoré.

O Brasil-Pel, sob a regência de Alex Amado, o futebol voluntarioso de Maicom Sapucaia e tendo o faro de gol de Éder Machado, já havia chegado à elite antes mesmo da conquista do returno.

Por ter sido vice-campeão do turno, ao chegar a final equipe abriu precedente para a terceira vaga ser disputada entre equipes com melhor campanha na competição - conquistada pelo Aimoré. E, de acordo com o atual presidente do clube, Ricardo Fonseca, ao contrário do fatídico ano, o Brasil-Pel colhe agora os frutos do que realizou no gramado:

– É uma página virada. O Brasil não havia caído dentro de campo, e agora reconquistou seu espaço com uma equipe aguerrida, digna de sua história – declarou o mandatário, ao L!Net.

Depois de dar o pontapé inicial ao seu resgate regional, o Xavante parte em busca de uma recuperação em território nacional. Deixando as lágrimas para o passado.

Sequelas de uma noite

Era 15 de janeiro de 2009. A delegação do Brasil retornava de ônibus para Pelotas, após um jogo-treino contra o Santa Cruz, quando, na BR-392, o veículo capotou de um barranco de 40 metros e ficou de cabeça para baixo. O ídolo uruguaio Cláudio Milar, de 35 anos, o zagueiro Régis, de 28, e o preparador de goleiros Giovani Guimarães, de 40, morreram.

Segundo Helder Lopes, outros abandonaram o futebol:

– O preparador físico desistiu de trabalhar, jogadores não puderam mais atuar. Foi horrível.

Ainda em 2009, Eduardo Cecconi e Nauro Junior lançaram o livro “A noite que não acabou”.

Com a palavra

Ricardo Fonseca
ATUAL PRESIDENTE DO BRASIL DE PELOTAS

“Queremos o Brasil no cenário nacional”

Depois de 2009, quando aconteceu o acidente, nós passamos por quatro anos extremamente difíceis. Foi um ano no qual a gente caiu, não pelo que aconteceu dentro de campo. Houve uma fatalidade, mas nós conseguimos reconquis- tar nosso espaço, após muito tempo, dentro de campo.

Agora, tenho orgulho de dizer que formamos uma equipe forte, aguerrida, com todas as características do futebol gaúcho para visar uma construção ainda maior.  No segundo semestre, vamos  disputar duas copas aqui no Rio  Grande do Sul que dão vagas para competições nacionais – uma para a Série D e outra para a Copa do Brasil. É uma forma da gente trazer o Brasil de Pelotas de volta ao cenário nacional. 

E, para o Gauchão de 2014, planejamos manter ao menos 70% da base que temos hoje. Acreditamos que a continuidade do trabalho é o que realmente dá frutos, e nós faremos isto para o restante deste ano e a próxima temporada.


Bate-Bola

HELDER LOPES
PRESIDENTE DO BRASIL DE PELOTAS NO ANO DE 2009

Como é ver de longe o retorno do Brasil à elite, anos depois da fatalidade que aconteceu em 2009?

É uma alegria e um alívio. Naquele ano, chegamos a pedir para jogar o Gauchão sem ser rebaixados, mas não conseguimos. A FGF nos disse: ou jogávamos e poderíamos cair para o Acesso, ou iríamos para a Terceira Divisão direto.

Disputar foi a decisão certa?

Claro! Apesar do abalo emocional, honramos a tradição do clube e o mantivemos vivo para, hoje, poder voltar à elite do Gauchão.

Como aconteceu a remontagem do time de 2009?

Estávamos às vésperas do Gauchão, e constituímos um novo time. Alguns machucados se ofereceram para atuar, e até no comando ocorreu mudança, pois o técnico ficou internado. Mas, além de perder a parte técnica, todos estavam abalados psicologicamente, porque colegas morreram ou estavam hospitalizados. Felizmente, todos foram mantidos com salário em dia, e fizemos acordos para indenizações a feridos e famílias dos mortos.


As feridas do Brasil de Pelotas finalmente cicatrizaram. Quatro anos depois de sua delegação passar por um acidente de ônibus, que, além de deixar três mortos e 31 feridos, trouxe sequelas para seu desempenho no gramado, o Xavante volta à elite gaúcha. Após encontrar o caminho do gol em meio aos apagões do Aldo Dalpuzzo no 4 a 1 jogo de ida, a equipe ratificou seu título no Bento Freitas, com Rafael Forster, de pênalti, garantindo o 1 a 0 do último sábado sobre o São Paulo.

Amparado por uma torcida que nunca abandonou o clube, e na crença de que o Bento Freitas seria palco de novas comemorações.

– O Xavante precisava de uma alegria como esta, depois da tragédia e de ter vivido um rebaixamento no Gauchão e o rebaixamento para a Série D, por causa de jogador irregular. É uma torcida apaixonada, que lota o estádio, e marca presença em qualquer lugar do país. Já atuei em jogos nos quais tivemos torcida no Paraná, no Acre – declarou ao L!Net o goleiro Luiz Muller, que se destacou ao defender pênaltis na semis contra o Santo Ângelo e na decisão diante do Aimoré.

O Brasil-Pel, sob a regência de Alex Amado, o futebol voluntarioso de Maicom Sapucaia e tendo o faro de gol de Éder Machado, já havia chegado à elite antes mesmo da conquista do returno.

Por ter sido vice-campeão do turno, ao chegar a final equipe abriu precedente para a terceira vaga ser disputada entre equipes com melhor campanha na competição - conquistada pelo Aimoré. E, de acordo com o atual presidente do clube, Ricardo Fonseca, ao contrário do fatídico ano, o Brasil-Pel colhe agora os frutos do que realizou no gramado:

– É uma página virada. O Brasil não havia caído dentro de campo, e agora reconquistou seu espaço com uma equipe aguerrida, digna de sua história – declarou o mandatário, ao L!Net.

Depois de dar o pontapé inicial ao seu resgate regional, o Xavante parte em busca de uma recuperação em território nacional. Deixando as lágrimas para o passado.

Sequelas de uma noite

Era 15 de janeiro de 2009. A delegação do Brasil retornava de ônibus para Pelotas, após um jogo-treino contra o Santa Cruz, quando, na BR-392, o veículo capotou de um barranco de 40 metros e ficou de cabeça para baixo. O ídolo uruguaio Cláudio Milar, de 35 anos, o zagueiro Régis, de 28, e o preparador de goleiros Giovani Guimarães, de 40, morreram.

Segundo Helder Lopes, outros abandonaram o futebol:

– O preparador físico desistiu de trabalhar, jogadores não puderam mais atuar. Foi horrível.

Ainda em 2009, Eduardo Cecconi e Nauro Junior lançaram o livro “A noite que não acabou”.

Com a palavra

Ricardo Fonseca
ATUAL PRESIDENTE DO BRASIL DE PELOTAS

“Queremos o Brasil no cenário nacional”

Depois de 2009, quando aconteceu o acidente, nós passamos por quatro anos extremamente difíceis. Foi um ano no qual a gente caiu, não pelo que aconteceu dentro de campo. Houve uma fatalidade, mas nós conseguimos reconquis- tar nosso espaço, após muito tempo, dentro de campo.

Agora, tenho orgulho de dizer que formamos uma equipe forte, aguerrida, com todas as características do futebol gaúcho para visar uma construção ainda maior.  No segundo semestre, vamos  disputar duas copas aqui no Rio  Grande do Sul que dão vagas para competições nacionais – uma para a Série D e outra para a Copa do Brasil. É uma forma da gente trazer o Brasil de Pelotas de volta ao cenário nacional. 

E, para o Gauchão de 2014, planejamos manter ao menos 70% da base que temos hoje. Acreditamos que a continuidade do trabalho é o que realmente dá frutos, e nós faremos isto para o restante deste ano e a próxima temporada.


Bate-Bola

HELDER LOPES
PRESIDENTE DO BRASIL DE PELOTAS NO ANO DE 2009

Como é ver de longe o retorno do Brasil à elite, anos depois da fatalidade que aconteceu em 2009?

É uma alegria e um alívio. Naquele ano, chegamos a pedir para jogar o Gauchão sem ser rebaixados, mas não conseguimos. A FGF nos disse: ou jogávamos e poderíamos cair para o Acesso, ou iríamos para a Terceira Divisão direto.

Disputar foi a decisão certa?

Claro! Apesar do abalo emocional, honramos a tradição do clube e o mantivemos vivo para, hoje, poder voltar à elite do Gauchão.

Como aconteceu a remontagem do time de 2009?

Estávamos às vésperas do Gauchão, e constituímos um novo time. Alguns machucados se ofereceram para atuar, e até no comando ocorreu mudança, pois o técnico ficou internado. Mas, além de perder a parte técnica, todos estavam abalados psicologicamente, porque colegas morreram ou estavam hospitalizados. Felizmente, todos foram mantidos com salário em dia, e fizemos acordos para indenizações a feridos e famílias dos mortos.


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