Poliglota e líder, Uvini se anima no Santos: ‘Parece que estou jogando na rua’

Rosberg - Treino do GP da Alemanha (Foto: Christof Stache/AFP)
Rosberg - Treino do GP da Alemanha (Foto: Christof Stache/AFP)

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Foi depois de um bate-papo em Nápoles, na Itália, que o superintendente de esportes do Santos, André Zanotta, se empolgou em contratar o zagueiro Bruno Uvini. O dirigente estava na Europa para tentar fechar com o chileno Vargas, quando conheceu o jovem defensor. Zanotta já sabia das características técnicas de Uvini, mas se surpreendeu com a inteligência e desenvoltura com que ele falava. Logo notou que aquele não era mais um do padrão “boleiro”.

De fato, Bruno foge do padrão de jogador que estamos acostumados. Aos 23 anos, ele diz que sempre gostou de aprender coisas novas e atribui a isso o fato de dominar quatro idiomas: além do português, ele fala inglês, espanhol e italiano.

– Aprendi muito do Inglês antes de jogar na Inglaterra (passou por um período de treinos no Tottenham). Isso foi mais por curiosidade, para ver filmes, navegar na internet, jogar videogame, essas coisas que você vai pegando mesmo. E lá na Inglaterra foi tudo na prática. Na Itália aprendi espanhol também, porque convivi com muitos sul-americanos no Napoli, então eu gostava de aprender uma língua nova – contou o atleta, ao LANCE!Net.

Atualmente, Uvini lê “As Crônicas de Gelo e Fogo”, livros épicos que inspiraram a série Game of Thrones. Da literatura, ele tira lições de liderança, uma de suas características mais marcantes desde os tempos da base do São Paulo e da Seleção.

No entanto, o garoto maduro voltou a ser um pouco mais criança desde que chegou ao Peixe. É fácil percerber que o clima alegre e festivo do elenco santista contagiou o beque...

– Aqui o ambiente é de alegria a todo momento e é aquilo de o pessoal ser mais leve, receber bem. Isso cria um grupo legal. Parece que eu estou jogando com meus amigos na rua, é um clima muito bom!

Após marcar seu primeiro gol como profissional na vitória sobre o Palmeiras, Uvini luta agora para se firmar como titular, ciente que em breve terá também a concorrência de Edu Dracena e Gustavo Henrique, que se recuperam de lesão. Neste domingo, contra o Fluminense, fora de casa, ele terá mais uma chance de mostrar que é bom não só de cabeça, mas também de bola.

Para Uvini, calendário não irá mudar tão cedo

Como a maior parte dos jogadores, o zagueiro Bruno Uvini aponta o calendário como um dos maiores problemas do futebol brasileiro.

Após passar dois anos no futebol italiano, ele diz sentir as diferenças entre o modelo europeu e o daqui,  e acredita que isso não mudará logo.

– Aqui o calendário é bem agressivo, você acaba esgotado. Mas acho que moldar isso é difícil, é uma tradição do futebol brasileiro. Se um dia o calendário mudar, vai demorar – disse o jogador, que acredita ser cedo para se engajar no Bom Senso FC, movimento de jogadores que luta por melhorias no futebol do Brasil.

– O pessoal mais vivido tem mais força para opinar – comentou.

Apesar de lamentar a sequência de jogos em um curto espaço de tempo, Bruno Uvini afirma que este problema não o  afeta tanto.

– Eu me adaptei à Itália, mas tenho experiência no Brasil. Sou crescido aqui. Mas se um europeu vem para o Brasil, ele sente bastante mesmo. Eu gostaria de ver um dia uma temporada brasileira idêntica à europeia para ver se a qualidade dos jogos aumentaria. Espero estar na ativa ainda – opinou o defensor.

Bate-bola com Bruno Uvini, ao LANCE!Net:

Quando você chegou, o Oswaldo de Oliveira disse que não te conhecia muito. Depois da vitória sobre o Palmeiras, porém, ele te elogiou bastante. Acredita que poderá ficar no Santos após o seu empréstimo, que acaba em dezembro?
Eu cheguei há pouco tempo e comecei a jogar agora. Até no período em que eu não jogava estava me sentindo muito bem aqui. O ambiente aqui não tem igual, é muito bom, caseiro, te deixam à vontade, sem pressão. Nunca me senti tão bem quanto aqui. Não nego que se o clube tiver a intenção de me contratar quero continuar. Falo isso desde a minha primeira semana aqui. Não tem esse ambiente em outro lugar.

Você vê semelhanças entre o seu estilo e o do Edu Dracena?
Por ser da mesma posição, acho que sim. A função requer que o cara seja assim. Além de qualidade, o zagueiro tem que ter um psicológico forte. O Edu é exemplo disso, vitorioso, capitão, assim como Canavaro, por exemplo. Thiago Silva, David Luiz... são jogadores de personalidade. Tem que ter perfil de responsabilidade.

Em qual zagueiro se espelha?
O Thiago Silva! Estive com ele na Olimpíada, observei o jeito que ele trabalha, e é um zagueiro no qual me espelho. Ele joga com muita confiança, tem um nível extremo.

Sempre foi um cara mais culto, que foge do padrão “boleiro”?
Não faço força para ser assim. É coisa que eu gosto mesmo. Um exemplo fácil é que eu prefiro ver filme legendado, leio pra caramba, mas é de mim mesmo... Sempre gostei muito de aprender.

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