Em nova turbulência, diretoria do Fortaleza deve sofrer reformulação

Diego Simeone e Gerardo Martino (Fotos: AFP)
Diego Simeone e Gerardo Martino (Fotos: AFP)

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Apesar da boa fase e da invencibilidade na temporada, o clima político no Fortaleza segue em constante ebulição em 2014. Pela terceira vez em três meses, a diretoria deverá sofrer baixas e passar por nova reformulação. Na última quinta-feira, o diretor de patrimônio Marcos César da Costa entregou o cargo e se mostrou insatifeito com o atual modelo administrativo do clube.

Sem ligação a grupos políticos, Marcos César foi convidado para ser membro da atual gestão em dezembro de 2013. O dirigente assumiu a pasta de patrimônio e priorizou a parte estrutural do estádio Alcides Santos, sede do clube. Em janeiro, com as entradas de Evangelista Torquato (diretorias de futebol e de planejamento) e Flávio Novais (diretoria financeira), foi mantido e ganhou mais autonomia.

Um mês depois, porém, com a saída da dupla, "por motivos consideráveis", Marcos César passou a encontrar "dificuldades para implementar o planejamento do patrimônio aumentaram, onde cito a falta de transparência e da verba que a diretoria de patrimônio tem direito, mas é concentrada e administrada pelo grupo do MITT (Movimento Independente da Torcida Tricolor)". Ainda em fevereiro, o dirigente cogitou deixar o cargo e comunicou pessoas próximas, mas recuou.

Na carta-renúncia destinada ao presidente Osmar Baquit e o vice-presidente Daniel Frota, protocolada na secretaria-geral do clube na tarde da última quinta-feira, Marcos César ainda aponta um "desvio de conduta na 'gestão democrática'" da atual diretoria, com "a priorização de interesses individuais em detrimento do objetivo coletivo institucional", e cita "vários atritos entre os próprios gestores e pequenos grupos desarticuladores".

- Nem sempre as decisões são tomadas a partir de uma análise conjuntural coerente, há momentos em que as escolhas são feitas baseadas em interesses pessoais e análises superficiais. Os objetivos particulares, distintos geram conflitos e provocam afastamento entre as pessoas. Além do mais, algumas confundem a democracia com omissão ou obrigação de agradar a todos, buscando atender a apelos pessoais. Essa postura entra em desacordo com os princípios e prejudica o desenvolvimento do trabalho educacional.

Com a saída do diretor de patrimônio, o LANCE!Net apurou que mais dois dirigentes devem deixar os cargos em breve: o diretor jurídico Daniel de Paula Pessoa e o diretor administrativo Tahim Fontenele. Ainda em janeiro, o Tricolor sofreu a primeira turbulência política, com as conturbadas saídas do diretor de futebol Adaílton Campelo e do jurídico Giovanni Santos. Membros da oposição, Evangelista Torquato e Flávio Novais entraram e fizeram uma pequena reformulação na diretoria, mas duraram apenas um mês.

O ex-diretor de futebol e de planejamento, aliás, divulgou a carta-renúncia de Marcos César da Costa no Twitter e aproveitou para alfinetar o presidente Osmar Baquit.

- Será se não se toca que quem pode estar errado é você? Mais um diretor que se vai por falta de transparência... Até quando isso? - criticou Torquato.

Confira a íntegra da carta-renúncia do ex-diretor de patrimônio do Fortaleza:

"Fortaleza, 20 de Março de 2014

Ilmos. Sres.

Francisco Osmar Diógenes Baquit e Antonio Daniel de Azevedo Frota

Prezados Senhores,

Como sabemos, a palavra "Democracia" significa, de acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa: governo do povo; soberania popular. Doutrina ou regimo político baseado nos princípios da soberania popular e na distribuição equitativa do poder".

Nem sempre as decisões são tomadas a partir de uma analise conjuntural coerente, há momentos em que as escolhas são feitas baseadas em interesses pessoais e analises superficiais. Os objetivos particulares, distintos geram conflitos e provocam afastamento entre as pessoas. Além do mais, algumas confundem a democracia com omissão ou obrigação de agradar a todos, buscando atender a apelos pessoais. Essa postura entra em desacordo com os princípios e prejudica o desenvolvimento do trabalho educacional.

Na maioria das vezes o motivo que leva ao desvio de conduta na "gestão democrática" é a priorização de interesses individuais em detrimento do objetivo coletivo institucional. Ficando por último a atitude profissional e a intenção de contribuir para uma escola de qualidade.

Infelizmente, em nosso FORTALEZA ESPORTE CLUBE não tem sido diferente, após vários atritos entre os próprios gestores e pequenos grupos desarticuladores.

Entusiasmado com a nova formação da diretoria, acreditei ser a melhor para nos ajudar a por em prática o nosso planejamento para a diretoria de patrimônio, que infelizmente nossa expectativa não se materializou.

Logo no primeiro mês da gestão, alguns diretores renunciaram por motivos consideráveis. Com a saída deles, as dificuldades para implementar o planejamento do patrimônio aumentaram, onde cito a falta de transparência e da verba que a diretoria de patrimônio tem direito, mas é concentrada e administrada pelo grupo do MITT.

Continuo na luta, na arquibancada junto aos fiéis torcedores, não desisti nem me acovardei só não dar para lutar sozinho num frente de batalha, tenho que me resguardar, em especial agora que Deus me deu uma belo filhinho e uma esposa maravilhosa que amo e necessitam de mim.

Perante o exposto, comunico e ratifico a minha renúncia ao cargo de Diretor de Patrimônio do FORTALEZA ESPORTE CLUBE.

Sem mais para o momento, subscrevo-me:

Atenciosamente,

Marcos César da Costa Alexandre"

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