Ao L!Net, Cristovão fala sobre os desafios à frente do Fluminense

Cristovão Borges - Treino do Fluminense (Foto: Bruno de Lima/LANCE!Press)
Cristovão Borges - Treino do Fluminense (Foto: Bruno de Lima/LANCE!Press)

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Há 27 dias, Cristovão Borges assumia o Fluminense em meio a uma crise. Fora de campo, clube e a patrocinadora não se entendiam, trocando farpas por meio da imprensa. No campo, o time havia acabado de ser eliminado no Campeonato Carioca e tinha de tirar vantagem de dois gols em partida contra o Horizonte (CE), na Copa do Brasil. Com a fala mansa que lhe é característica e a calma de um bom baiano, Cristovão Borges revelou que a conversa foi essencial para mudar o ambiente no clube.

– Conversei bastante com eles sobre isso. Esta semana, conversei com o presidente Peter Siemsen, com Celso Barros e fiquei muito feliz. Eles entenderam isso, estão muito felizes e querem ver o Fluminense ganhar. Por causa disso, a gente não vai deixar de ganhar, não. Estamos todos juntos e assim ficamos mais fortes – disse, ressaltando que para mudar os resultados dentro do campo, o papo foi parecido:

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– Quando cheguei, fui conversar e eles me disseram o que vinha acontecendo. Tinham sido eliminados no Carioca, perdido na Copa do Brasil e com uma diferença para tirar e sendo criticados. Justamente criticados. O potencial deles não era condizente com a performance. Eles sabem, têm noção de onde podem chegar. Tive facilidade de colocar essas coisas por isso. O nível intelectual deles é bom. Fiz três treinos e eles entenderam tudo.

Confira abaixo outros trechos da entrevista exclusiva do treinador para o LANCE!Net:

Como você analisa este início de trabalho à frente do Fluminense?
Muito bom. Tem muita gente que pega adversário forte e não faz o que o Fluminense está fazendo. Falaram que o teste seria o Palmeiras e o time foi muito bem. Uma coisa muito importante é que a gente jogue, da mesma forma, no Maracanã ou em qualquer outro lugar. Não tem essa de jogar fora de casa. Nosso time é ofensivo e tem de jogar ofensivamente. Tem de ser forte e saber se defender também.

Assumir times em momentos turbulentos o ajudou para este começo no Fluminense?
Me ajudou muito. No Vasco, foi bem complicado pela maneira como aconteceu. Consegui conduzir – fazia pouco tempo que tínhamos sido campeões da Copa do Brasil – e manter o time naquele nível de resultados. No Bahia o trabalho foi muito difícil. Cheguei e o time estava sem confiança, com a autoestima lá embaixo, torcedor sem esperança nenhuma, ambiente político complicado. Trabalhei a questão da confiança. Foi assim no Bahia e tem sido assim no Fluminense.

Você acertou o time com poucas alterações e vem provando que Fred e Sobis podem jogar juntos...
O Fluminense é meu adversário há três anos. Quando houve a possibilidade de vir comandar o time, fiz de tudo para acertar. Conheço bem o potencial deste grupo. É uma verdade essa coisa do Sobis (jogar melhor centralizado), só que o time tem outras qualidades que podem compensar esse problema dele jogar mais pelo lado. Foi isso que fiz. Por isso coloquei o time ofensivo. As características já compensam.

Chegou a hora do Cristovão conquistar um título como técnico?
Acho que é uma oportunidade, sim. Aqui há muitas muitas coisas em comum com os últimos trabalhos que fiz. Quando cheguei aqui, aproveitei isso e está acontecendo da mesma forma. Existia essa coisa política, dificuldades na direção do clube e falei, quando cheguei, que a grande verdade do Fluminense é que todos os tricolores desejam a mesma coisa. Todo mundo quer ver o Flu bem, ganhando. Depois de falar isso, fui procurar entender as coisas e me posicionar. Conversei com as pessoas e disse: 'o time é bom e a possibilidade que temos de disputar o título é estando juntos'. Daí em diante, trabalhei para isso. Conversei principalmente com Ricardo Tenório (vice de futebol), com o presidente e o Celso, que todo mundo fala. Estamos todos juntos e mais fortes. Agora a chance de disputar o título é maior.


Cristovão ainda busca primeiro título como técnico (Foto: Bruno de Lima/LANCE!Press)

A relação estremecida entre Flu e Unimed afeta o seu trabalho?
Afeta porque é uma parceria de muitos anos, de sucesso. Quando eles tiveram próximos, o resultado aconteceu. Estou chegando agora, quero muito que isso aconteça, porque estou aqui. Conversei bastante com eles sobre isso. Esta semana, conversei com o presidente, com o Celso e fiquei muito feliz. Eles entenderam isso, estão muito felizes e querem ver o Fluminense ganhar. Por causa disso, a gente não vai deixar de ganhar, não. Como já disse anteriormente, estamos todos juntos e assim ficamos mais fortes.

Como treinador, você acaba tendo um papel de mediador entre o grupo e a diretoria?
Para mim, é tudo muito claro e muito simples. Temos que ter uma comunicação boa. O clube precisa disso e nós temos que proteger e dar essa tranquilidade aos jogadores. Eu, principalmente. Temos aproximá-los dos jogadores. Durante esse tempo, existia uma distância. Agora já não vai existir mais. Isso já começou a acontecer para resolver todos os tipos de problemas. No futebol, nós temos problemas todos os dias. Do menorzinho ao maior. Temos que estar preparados para superá-los. Se estivermos juntos, isso a gente resolverá facilmente.

Os jogadores têm elogiado o seu sistema de jogo, dizem que o time está mais compactado. Você se espelha no estilo de jogo de alguns clubes europeus?
Tem a ver com aquilo que eu vejo e que entendo como concepção de um time de futebol. Claro que vejo o Bayern de Munique, vejo o Barcelona e tem um monte de coisas que servem. Eu não copio. Não posso ficar copiando aquilo que eles fazem lá porque não é a mesma coisa da nossa cultura. O que eu faço, em termos de método de treinamento, são adaptações ao que a gente precisa melhorar. Isso eu faço bastante.

Você acha que os clubes brasileiros estão atrasados taticamente em relação aos europeus?
Acho que estamos precisando melhorar, sim. Não vejo como atraso, mas precisamos melhorar. Se analisarmos um jogo europeu e um jogo nosso, a nossa dinâmica é baixa em relação à deles. Nós temos que aumentar a nossa dinâmica de jogo. A organização tem que ser mais disciplinada e isso a gente tem sim que melhorar. Então, taticamente, precisamos melhorar. Mas vemos muita gente fazendo coisas interessantes por aqui. O melhor exemplo recente ganhou tudo. Foi o que o Tite fez no Corinthians. Ele fez tudo isso, ele sacou, montou um time que era obediente, organizado, que se movimentava bem, era compactado e ganhou tudo. Mérito dele.

Acredita que o Brasil pode conquistar a Copa do Mundo? Como você vê a condição do Fred?
Acredito que o Brasil possa, sim, ser campeão, principalmente pelo que o Felipão fez durante a Copa das Confederações. Por aquela linha de trabalho, tem toda condição de brigar para ganhar a Copa. O Fred está muito bem, vem se preparando para isso. Ele está muito confiante.

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