Manda-chuva dos Jogos de 2020 avisa: ‘Tóquio trabalha como relógio pontual’


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Uma opção de segurança. Assim foi vista a escolha do Comitê Olímpico Internacional (COI) em dar a sede da Olimpíada e da Paralimpíada de 2020 a Tóquio, no Japão. Mesmo com questões a serem controladas, como o acidente nuclear em Fukushima, os japoneses passam, desde já, confiança de que cumprirão o que foi prometido.

A fala segura é compartilhada desde o mais alto escalão do esporte japonês. Em entrevista ao L!Net, o presidente do Comitê Olímpico local, Tsunekazu Takeda, revelou como andam os planos a menos de sete anos dos Jogos.

A cidade foi escolhida como sede da Olimpíada seguinte à do Rio de Janeiro em setembro deste ano. Na ocasião, superou Madri (ESP) e Istambul (TUR) no pleito que ocorreu na assembléia do COI, realizada em Buenos Aires.

Já em fevereiro, o primeiro grande passo organizacional da Olimpíada será dado. De acordo com o cronograma do COI, a cidade terá de criar o seu Comitê Organizador, a exemplo do que fazem todas as cidades olímpicas.

Neste ponto, Takeda sinaliza com uma mudança de postura em relação ao que é feito no Brasil. Enquanto o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, chefia também o órgão de preparação dos Jogos, o asiático prefere dizer que, neste sentido, “uma Olimpíada não é o esforço de apenas uma pessoa”.

Confira abaixo a íntegra do bate-papo por e-mail com o manda-chuva que comandou a volta dos Jogos Olímpico a Tóquio. Em 1964, a cidade foi a primeira da Ásia a receber os Jogos.

Todo o mundo considerou a escolha por Tóquio para sediar os Jogos de 2020 como uma opção de segurança do COI, sem riscos. Como será organizar uma Olimpíada sob esta expectativa?
Nós ficamos muito satisfeitos de sermos vistos como uma escolha segura para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2020. De fato, Tóquio é uma cidade confiável para o Movimento Olímpico como um todo e isso é algo do qual temos muito orgulho. A cidade de Tóquio trabalha como um relógio pontual. Nossa promessa ao Comitê Olímpico Internacional é a de entregar uma fantástica edição de Jogos Olímpicos. Estamos 100% focados neste objetivo.

O senhor é o responsável pelo Comitê Olímpico Japonês e certamente estará envolvido nos preparativos para receber a Olimpíada de 2020. Há a possibilidade de você encabeçar tanto a entidade japonesa quanto o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos?
Foi uma honra imensa para mim, ter presidido o Comitê de Candidatura Japonês para os Jogos de 2020. O Comitê Organizador da nossa Olimpíada será estabelecido em fevereiro, como recomenda a cartilha do Comitê Olímpico Internacional para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. O processo de transição entre o Comitê de Candidatura e o Comitê Organizador será feito de uma maneira rápida e coerente, posso assegurar.

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, acumula as duas funções no caminho à Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Você crê que, sem o apoio necessário, este tipo de acúmulo de funções pode prejudicar não somente a organização da Olimpíada como também a preparação de um país para os Jogos?
A candidatura para uma Olimpíada, bem como receber uma edição olímpica, não é apenas o esforço de uma pessoa. Para Tóquio-2020, por exemplo, o país inteiro, ou o Time Japão, como chamamos, trabalhou em conjunto. É este Time Japão que estará unido novamente para conseguir entregar a melhor edição possível de Jogos Olímpicos em 2020.

A cooperação entre Comitês Organizadores é um procedimento comum, e já ocorreu entre Londres-2012 e o Rio-2016, por exemplo. Após a seleção de Tóquio para sediar os Jogos de 2020, já houve algum tipo de conversa com o Comitê Organizador dos Jogos do Rio-2016? Há a intenção de o fazer?
O compartilhamento de conhecimento entre os comitês é de extrema importância. Acreditamos que uma sessão com este fim irá acontecer logo após os Jogos Olímpicos de 2016 e acho que nos trará muitos frutos para nós, com muitas conclusões a serem tiradas. Simultaneamente, a colaboração do COI é indispensável para nós. Nós seguiremos a nossa iniciativa de prestar muita atenção no que o COI nos orienta, desde este início do processo.

Um dos temas recorrentes quando se trata dos Jogos Olímpicos de 2020 é sobre as consequências do acidente nuclear na Usina de Fukushima. Como Tóquio irá lidar com esta questão até a Olimpíada?
Os níveis de radiação no ar e na água em Tóquio estão em um patamar seguro. Medições têm sido feitas desde o acidente, em 2011, e têm mostrado que os níveis são absolutamente normais e seguros. E mais: são comparáveis aos níveis de outras grandes cidades, como Londres, Nova York e Paris. O governo japonês mantém esta questão sob controle constante, com monitoramento total, e continuará o fazendo. Nós, de Tóquio-2020, estamos plenamente focados apenas em entregar uma excelente e segura edição de Jogos Olímpicos em 2020.

Diversas reportagens mostram que os níveis não estão totalmente sob controle em Fukushima. Você crê que este deverá ser o principal desafio não só para Tóquio-2020 como também para as autoridades japonesas nos próximos anos?
O Instituto Metropolitano de Saúde Pública de Tóquio constantemente mede os níveis de radiação e continuará o fazendo. Além disso, experts de grande reputação internacional também seguirão executando alguns testes para assegurar a transparência do que está sendo feito. Por exemplo: em maio, o Painel de Experts das Nações Unidas reportou em maio que os níveis não criam risco de afetar a saúde pública. Como prometemos em nossa campanha, faremos de tudo para realizar uma edição soberba de Jogos Olímpicos. E isso inclui fornecer condições ideais para os atletas.


Escândalo não afeta a Olimpíada

Na última semana, o governador de Tóquio, Naoki Inose, renunciou ao seu cargo em meio a um escândalo de corrupção. Inose havia sido peça-chave na candidatura da cidade aos Jogos Olímpicos de 2020. Apesar disso, Takeda mostrou-se tranquilo em relação ao dano que a saída de Inose do cargo pode causar aos preparativos para a Olimpíada.

“Nós iremos manter um contato próximo ao Governo Metropolitano de Tóquio e o governo central do país. Desta maneira, o desenvolvimento dos preparativos olímpicos não serão afetados, bem como a formação do Comitê Organizador dos Jogos”, afirmou Takeda, em comunicado oficial enviado à imprensa.

Tóquio irá eleger um governador no mesmo período em que definirá o Comitê Organizador dos Jogos. A eleição para escolher um novo chefe está marcada para o dia 9 de fevereiro.

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