Hora de hexa! Filha de Barbosa espera lavar a alma e reza por Julio Cesar

Sabella e Mano Menezes (Foto: CBF/Divulgação)
Sabella e Mano Menezes (Foto: CBF/Divulgação)

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Chegou a hora! O sonho de o país sediar sua segunda Copa do Mundo vira realidade nesta quinta-feira, às 17h, com Brasil x Croácia, em São Paulo. Um dia histórico! A partida terá transmissão em tempo real pelo LANCE!Net.

E entre os milhões de brasileiros que torcem pelo hexa está Tereza Borba. Essa mulher de 54 anos tem motivos especiais para sonhar com uma conquista no dia 13 de julho, data da final no Maracanã.

Tereza viveu de perto os últimos dias de um dos maiores dramas do futebol brasileiro. Filha adotiva de Barbosa, goleiro brasileiro crucificado na Copa de 50, ela – e o Brasil – quer tirar um peso de 64 anos. Chegou a hora de lavar a alma.

– O Barbosa carregou a cruz. Ele dizia que, trinta anos depois, ainda o culpavam. Era mais do que a pena máxima do sistema brasileiro. Acho que o termo é esse mesmo: fazer justiça com quem tanto se dedicou ao Brasil – afirmou a filha do ex-goleiro, em entrevista ao LANCE!Net.

O bate-papo ocorreu em frente à Arena Corinthians. A convite da reportagem, Tereza foi conhecer o palco onde o Brasil inicia a trajetória para tentar, enfim, vencer a Copa em casa.

O encontro aproximou da missão brasileira o último elo entre Barbosa e o futebol, a vida. Tereza cuidou dele nos últimos anos de vida, quando ambos mudaram-se para Praia Grande, litoral sul de São Paulo.

Foi em 1992. Barbosa faleceu em 2000. E desde então Tereza dedica-se a preservar a história do “neguinho”, e exaltar suas glórias, muito além de um gol sofrido em Copa.

– Vivo viajando para mostrar que ele foi um campeão – afirmou a mulher, que desde Barbosa atua como cuidadora de pessoas e criou um carinho especial por goleiros, a ponto de orar pelo êxito de Julio Cesar.

– Peço a Deus por ele e, se algo não der certo, que não o culpem.

Para quem não sabe, Barbosa foi, pela vida inteira, vítima de ataques por ter falhado no chute de Ghiggia, no gol do título do Uruguai, no Maracanã entupido de gente, em 50.

Tereza não era nascida. Mas pegou para si a missão de desfazer uma injustiça cruel. A Seleção de Felipão e Neymar pode ajudar. Com o título e homenagem aos heróis de 50. Para Tereza e outros, isso é Barbosa.

BRASIL NA COPA-50

Goleiros
Barbosa, Castilho
......................
Defesa
Augusto, Ely, Juvenal, Nena, Nilton Santos
......................

Meio-campo
Bauer, Bigode, Danilo, Noronha, Rui
......................

Atacantes
Adãozinho, Ademir, Alfredo, Baltazar, Chico, Friaça, Jair, Maneca, Rodrigues, Zizinho

Técnico
Flávio Costa

Entrevista com Tereza Borba, na Arena Corinthians

O que significaria a Copa para o Barbosa se ele estivesse vivo?
Ah, para ele seria uma coisa mágica. Ele amava o que fazia, o futebol. Ainda mais que a Copa vai acontecer numa área carente, como Itaquera. Ele iria ver a parte da cultura, certamente ficaria muito feliz.

Acha que depois dessa Copa o Barbosa ainda será o foco quando se falar em Mundial aqui?
Acho que, aconteça o que acontecer, vão esquecer um pouco. Porque vão ter de falar dessa Seleção também. Se vencer, ficará a imagem da equipe campeã, vencedora e vão esquecer. Se perder, vão ver que tudo pode acontecer no futebol.

Você conviveu com quem sofreu com a derrota. O que gostaria de falar aos brasileiros em caso de o Brasil perder a Copa?
Diria para entender e não crucificar ninguém, porque ninguém merece. E depois de tudo, a vida segue.

Gostou da visita, do estádio?
Olha, a visita foi ótima. Mas tudo está muito longe ainda, essa estrutura toda da Fifa deixa o estádio feio, e os torcedores, longe. Não gostei disso. Como corintiana, esperava coisa diferente, um estádio à altura do time. Acho que está feio, não se parece com um campo bonito, moderno.

Como vai ver a Copa?
Eu gostaria muito de ver algum jogo, talvez a abertura. Mas não vou conseguir. A CBF poderia fazer isso pelos parentes daqueles que jogaram em 1950. Mas nunca me chamaram.

Acha que a CBF acabou abandonando aquela Seleção?
Eles estão homenageando os campeões, mas deviam homenagear aqueles de 50 também, os pioneiros de Copa aqui. Sofreram muito com aquela derrota, sentiram na pele. Preciso fazer a estátua do Barbosa e a CBF nunca me procurou.

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